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Na época em que trabalhei na Victor Cordon havia nas traseiras do São Luís um arrumador de bigodinho negro impecavelmente aparado e olhos mortiços, identificado com o respectivo boné passado pela câmara, que alugava lugares de estacionamento em cima do passeio ao mês.
Quem lhe pagava, podia ir trabalhar tranquilo; quem não esportulava a avença, era multado pela polícia. O marmanjão nem se levantava da cadeirinha para vir receber o dinheiro ou negociar o contrato. Quem quisesse, que fosse até ele e pedisse com muito bons modos.
O Governo Civil ficava, e fica, a cinquenta metros. Bons tempos em que não havia corrupção em Portugal.
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2.11.09
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2 comentários:
Que grande parábola. Esta a tentar desculpar o quê, exactamente? Também como da gamela?
Conhecendo JPC, não creio que tente desculpar nada.
Talvez não seja uma "grande parábola" mas é uma deliciosa petite histoire de pequena corrupção, com os condimentos da resignação, da indiferença e do encolher de ombros.
Anónimo, "do 1º ao 7º"
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