30.11.09

Do Dubai à Grécia

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A declaração de insolvência da Dubai World marca uma viragem perigosa na crise financeira internacional.

Trata-se em rigor de uma empresa, não de um país, mas ninguém tem dúvidas que é de facto o Dubai no seu todo que está em causa. De modo que, depois dos sustos da Islândia e da Lituânia, regressa o receio de que alguns estados mais fragilizados entrem em incumprimento de pagamentos.

Na linha de fogo estão agora a Irlanda e a Grécia, mas, não por acaso, os receios centram-se no segundo país.

O problema é que a Grécia esbanjou o seu capital de confiança falseando sistematicamente ao longo da última década as suas estatísticas do produto, do défice e da dívida, de modo que há um receio fundado de que a situação seja ainda mais grave do que se pensa.

Acresce que a profunda divisão interna inviabiliza a introdução de medidas correctoras em tempo útil.

É isso que hoje nos diferencia da generalidade dos países com défices elevados. Portugal mostrou nos últimos anos que é capaz de fixar objectivos exigentes de consolidação das contas públicas e de cumpri-los.

Note-se, por exemplo, que, ao contrário de nós, vários dos países hoje em dificuldades ainda não adaptaram as suas seguranças sociais às novas circunstâncias decorrentes do envelhecimento da população.
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3 comentários:

B. disse...

Explique-me que solução "mágica" foi encontrada por Portugal para adaptar a Segurança Social ao envelhecimento da população? Cortar nas reformas e forçar as pessoas a trabalhar até mais tarde? Uma solução seria criar um verdadeiro sistema alternativo, de base de capitalização, que substituisse ou concorresse com o sistema tradicional. O sistema actual, de base complementar, apenas serve para quem tem de parte um grande capital financeiro e tem uma rentabilidade nula uma vez que as pessoas apenas os faziam em função das deduções à colecta no IRS.

Anónimo disse...

De acordo, é um novo "susto", que nos faz perguntar se haverá outros conglomerados à beira de problemas idênticos.

Portugal tem sofrido, nos últimos 50 anos (1960 - 2009), um conjunto de crises e de abalos que soube, melhor ou pior, superar. Desse capital de experiência não dispõem os Países citados.

Anónimo "do 1º ao 7º"

João Pinto e Castro disse...

A introdução da capitalização não contribui em nada para resolver o problema da segurança social. Com capitalização ou sem ela, quando a proporção de reformados aumenta, é preciso dedicar uma maior proporção do produto a alimentá-los, vesti-los e medicá-los.
Quem acredita no contrário acredita em contos de fadas.