15.6.11

A questão europeia

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Não houve nas últimas décadas em Portugal uma questão europeia, visto que sempre tanto os cidadãos como os principais partidos se mostraram entusiastas da integração.

O próprio Bloco, que, pelo caminho, se opôs a todos os avanços, queixa-se agora de não haver suficiente Europa para enfrentar a crise.

A alteração de humor do Bloco é intempestiva, pois ocorre no momento em que deveríamos talvez começar a questionar-nos sobre se haverá futuro para nós na UE e que tipo de futuro será esse.

A distância histórica permite-nos hoje concluir que, no plano económico, a nossa integração foi um fiasco. Passado o período inicial de cinco anos e iniciados o Mercado Único e a Zona Euro, não é evidente, bem pelo contrário, o que ganhámos em integrar o chamado "grupo da frente".

Tampouco se afigura aliciante o que aí vem. Nós poderíamos eventualmente viver felizes com uma Europa à moda antiga (mais união comercial que união política) ou com uma federação continental - mas parece claro que o presente arranjo institucional representa para nós o pior de dois mundos.

Sendo inviável o regresso à união comercial, por implicar a saída do euro, restaria o avanço rumo à federação política europeia. Sucede que a interpretação que o Tribunal Constitucional alemão fez no ano passado ano do Tratado de Lisboa proibiu taxativamente todo e qualquer evolução posterior nesse sentido.

Vejo pouca gente consciente do que isto significa para Portugal. Temos hoje uma séria questão europeia pela frente, mas nenhuma estratégia para enfrentá-la com sucesso.
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2 comentários:

  1. Excelente análise!
    Mas talvez não fosse mau de todo sabermos quem foram os responsáveis pelo imenso desperdício de opotunidades, a que devemos acrescentar todas as transferências dos emigrantes para Portugal nos últimos 25 anos!, mais os investimentos estrangeiros...Alguém, alguns, devem ter sacos da papel em casa!

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  2. Maria Pires16/6/11 18:51

    Como sempre um certeiro comentário.
    Poderemos, pois, dizer - uma coisa que eu sinto há muito, mas nem me atrevia a dizer - que estamos a ser, do ponto de vista histórico, 'chantageados' pela União Europeia, cujos tratados assinámos de boa fé (creio !).

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