"If they can get you asking the wrong questions, they don’t have to worry about answers" Thomas Pynchon
12.3.07
Eu fui ao cinema
1. Achei "Babel" um bom filme, mas não um grande filme. Compreendo perfeitamente, sem as partilhar, certas objecções que lhe foram feitas. Porém, quando um crítico o classifica como "a evitar", só pode estar a tentar enviar-nos uma mensagem sobre si próprio que eu, pela minha parte, prefiro fingir que não compreendi.
2. O interesse de "Flags of Our Forefathers"/ "Letters of Iwo Jima" esgota-se na ideia do díptico em si mesmo, na dupla perspectiva que resulta de olhar sucessivamente uma mesma batalha dos dois lados da contenda. Mas é tudo. "Flags" promete muito, mas decai rapidamente a partir da primeira meia hora. "Letters", a meu ver, ainda é pior: a humanização do "outro lado" não só não é algo novo no cinema de guerra, como dispensaria o branqueamente do brutal militarismo japonês.
3. Um crítico cujo nome não recordo opinou que, nas mãos de um Coppolla, "O Bom Pastor" teria ganho o suplemento de asa de que carece para chegar a ser uma obra inesquecível. Sobre o mesmo tema e com os mesmos personagens recomendo mais uma vez o romance histórico "The Company" de Robert Littel (pai do outro Littel que ganhou o Goncourt em 2006).
4. Os maneirismos de Cate Blanchett denunciam a falsa boa actriz que ela de facto é. Em "O Bom Alemão", empenha-se menos em representar uma mulher judia alemã que se degradou para sobreviver à guerra do que em representar o modo como ela acha que uma actriz alemã representaria o papel. Por outro lado, só um grande actor como o George Clooney seria capaz de beijar Cate com tanta convicção. O filme é um bocadinho prejudicado por duas coisas. Em primeiro lugar, certos detalhes inverosímeis prejudicam uma intriga extremamente verosímil nos seus traços gerais. Em segundo lugar, a preocupação de fazer um filme de época é levada um nadinha demasiado longe.
5. Como pôde ainda alguém surpreender-se com o desempenho do Di Caprio em "Diamantes de Sangue"? Surpreendente, sim, é que para fazer o papel daquela sonsinha tivessem ido buscar a Jenniffer Connelly. Que desperdício!
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