24.11.08

Figurantes



O Estado português comprometeu-se com a Renault-Nissan a criar até 2010 320 locais de abastecimento para os carros eléctricos daquela marca, número que saltará para 1.300 no ano seguinte.

Além disso, os compradores dos Renault movidos a electricidade beneficiarão de uma redução no IRS até 800 euros e as empresas terão direito a descontos no IRC. Indirectamente, o nosso Estado subsidiará, pois, as vendas do construtor francês.

Do que li, não consegui deduzir quais os benefícios da operação para o país, nem tampouco os custos totais estimados. Os jornais não querem saber? O parlamento não pergunta?

Em que estratégia de desenvolvimento industrial se enquadra esta iniciativa? Por que merece ela prioridade sobre outras alternativas de investimento público? Mistério.

Aparentemente, o governo fica satisfeito por ver Portugal transformado em montra promocional da Renault-Nissan, uma empresa que, no passado, tão mal nos tratou.

Os filmes históricos ou de cowboys que os estúdios americanos rodavam na Itália e na Espanha nos anos 50 do século passado, ao menos, asseguravam trabalho remunerado a milhares de sub-proletários desempregados.

Nós, pelos vistos, contentamo-nos, ao estilo inaugurado por Durão Barroso, em aparecer na fotografia. Mas que história tão triste.

6 comentários:

  1. Eu creio que há também o objectivo de reduzir a dependência do petróleo e diminuir as emissões de gases poluentes. Pode parecer "pouco" ou "marketing", mas promover a aquisição de um veículo que consome menos petróleo e que polui menos é altamente relevante. Quando lançaram o carro a álcool no Brasil também muitos duvidaram dos benefícios. Hoje mais da metade da frota brasileira não é movida a petróleo.
    Portugal muitas vezes é utilizado como país-teste, nomeadamente pelo Microsoft. Será assim tão mal? Não tiraremos disto nenhum benefício?
    O que é que adianta mantermos uma birra com a Renault-Nissan? Não foram esses que tiveram de devolver parte dos incentivos recebidos? Não devolveram?

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  2. Quando li as linhas gerais do Plano Obama, percebi o Ivestimento público defendido por JPCastro. Parece-me bem. Aqui continuamos a achar que o que é preciso é impressionar o tolinho. Aquecer e reparar as nossas escolas primárias, e secundárias? Nem por isso...

    FCastro

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  3. "Aquecer e reparar as nossas escolas primárias, e secundárias? Nem por isso..."

    Acho bem... depois dos ovos e das passetas, escolas é à pão e água...

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  4. Já comentei o assunto aqui:

    http://caldeiradadeneutroes.blogspot.com/2008/10/isto-s-o-comeo.html

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  5. Os postos de abastecimento destinam-se exclusivamente a veículos da citada marca e mais: para benefício fiscal o código referirá que ou se trata de veículo renault-nissan ou nada feito.

    Claro que a medida tb se destinará a reduzir a nossa dependência do petróleo, mas Sócrates já encomendou medidas que contrariem tal objectivo.

    Só me espanta que não se tenha tb dito isto aqui e que não se proponha a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito.

    De facto, o que custa ser consequente, quando se ousa escrever o que está escrito?

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  6. Não há nada a fazer: tudo o que é "novo" neste país é
    alvo de uma comissão parlamentar de inquérito.
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    O que será um escândalo de polícia é se o Estado resolver salvar o Banco "Privado"... que fina ironia do destino.

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