Concordo com cada palavra que Helena Garrido escreve no seu editorial de hoje do Jornal de Negócios:
"Portugal tem de alterar o perfil das suas exportações para um nível de maior valor acrescentado e mais elevada incorporação tecnológica. Uma descida da TSU, admitindo que teria algum efeito, incentiva a manutenção da actual estrutura, alimentando os negócios que têm nos baixos salários ou nos preços baixos a sua vantagem competitiva. A descida da TSU vai transmitir um sinal errado a toda a economia."Fico cheio de inveja por não ter sido eu a assinar isto.
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"Não servindo esta medida para dar os sinais certos à economia, qual pode, então, ser a sua utilidade? Um dos argumentos é o da recuperação da competitividade perdida por via de um aumento excessivo dos salários. Esta é uma justificação que tem como pressuposto que o problema das exportações está no preço do bem. Se for esse o caso - o que alguns economistas dizem que não é -, estamos perdidos. Não há corte na TSU que nos valha para competir pelo preço com os países emergentes, como a China. Mais uma vez, estaremos a cometer um erro."
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"O efeito mais provável de uma descida da TSU é os preços não descerem, a exportação não aumentar e o emprego não subir, incentivando-se ao mesmo tempo a aposta das empresas em produtos de baixo valor acrescentado baseados em mão-de-obra barata. Paralelamente, e para alimentar essa descida da TSU, todos estaríamos a pagar mais impostos indirectos e a piorar ainda mais a situação das famílias afectadas pelo desemprego ou com rendimentos mais baixos. Some-se ainda a este impacto os potenciais problemas que se poderiam arranjar no financiamento da Segurança Social.
"Os riscos que se correm com uma descida da TSU são demasiado elevados. Se o problema são salários demasiado altos, quem está no sector privado sabe que os trabalhadores aceitam cortes. Já aconteceu."
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