26.7.11

Ângela à caixa 5

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As decisões tomadas pela UE na passada quinta feira trouxeram principalmente a boa notícia da concessão à Grécia de uma taxa de juro reduzida a par da extensão do prazo de pagamento, condições que serão também aplicadas à Irlanda e a Portugal.

A evolução é positiva, mas insuficiente, dado que, mesmo assim, a Grécia terá que desviar anualmente mais que 10% das suas receitas fiscais para pagar os juros da dívida pública. Acresce que, segundo alguns cálculos, a muito elogiada colaboração dos investidores privados na reestruturação da dívida grega não passa de um mito.

O cerne do problema permanece, porém, o FEEF. Segundo a declaração da última semana, ele deverá ser reforçado e flexibilizado. Mas os termos da flexibilização permanecem nebulosos, limitando-se a repetir o que já fora prometido aquando da aprovação do nosso PEC4. Quanto ao reforço, foi adiado até 2013, e não se sabe ainda que valor deverá atingir.

Mesmo descontando o facto de muitas destas modificações terem ainda que ser aprovadas por vários parlamentos nacionais, isto é altamente preocupante. Só para dar uma ideia da dimensão do problema, a dívida pública da Itália é 8 vezes maior que os recursos financeiros que neste momento o FEEF tem disponíveis. E, além disso, ainda há a Espanha...

Podem estes arranjos travar o chamado "contágio" das maiorias economias europeias pelas periféricas? Não podem.

A situação da Itália e da Espanha não se alterou em nada desde a passada semana e a garantia de que a União Europeia e o BCE permanecem empenhadas na imposição de políticas de austeridade só podem contribuir para agravar os receios dos investidores.

Houve um tempo em que as cimeiras europeias concediam uma semanita de repouso até a crise financeira voltar a agravar-se. Agora, nem isso: ao final de sexta feira, os juros da Espanha e da Itália recomeçaram a subir, e o movimento ascendente prosseguiu nos dois primeiros dias da presente semana.

Próximo passo?
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