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Ocorreu-me uma experiência que poderia ajudar a revelar o estado da ciência económica tal como é ensinada e propagada.
Começava-se por entregar a um qualquer matemático um reputado manual de microeconomia e pedia-se-lhe para assinalar eventuais erros que lá encontrasse. O volume seria com toda a probabilidade devolvido sem mácula, eventualmente acompanhado de comentários apreciativos em relação ao rigor lógico dos raciocínios utilizados.
A seguir, transitaria para um especialista de economia da organização (economia industrial em linguagem antiga). Muitas passagens viriam riscadas ou marcadas com pontos de interrogação.
Fase seguinte, mais difícil ainda: submissão ao olhar crítico de alguém versado em economia comportamental. Desconfio que aumentaria drasticamente a quantidade e a dureza das observações críticas.
A concluir, o livro seria submetido ao crivo de um especialista em comportamento do consumidor - e seria o completo massacre.
Numa estimativa benévola, acredito que mais de metade do conteúdo do manual seria classificado como redonda e comprovadamente falso à luz do estado da investigação contemporânea.
A microeconomia é uma pseudociência, o mesmo podendo dizer-se daquela parte da macroeconomia assente em fundamentos microeconómicos.
Infelizmente, o essencial do ensino pré-graduado e da síntese que é servida ao grande público assenta em produtos fabricados com ingredientes deteriorados dessas desgraçadas proveniências.
Quando à parte sã da investigação económica – a mais substancial dela, note-se – jamais chega ao conhecimento da opinião pública, não contribuindo por isso para torná-la mais informada.
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19.4.12
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