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Martin Wolf serviu hoje aos convidados do Jornal de Negócios um
compacto das opiniões que tem consistentemente exprimido desde o início
da crise financeira, mas, apesar de Pedro Guerreiro lhe ter colocado
todas as perguntas certas, não foi muito além disso. Eu diria que ele já
não se sente tão à vontade na presente fase do drama ao ralenti que
estamos a viver.
A única surpresa para mim veio da considerável reverência demonstrada
em relação à “fragilidade conceptual” da perspectiva alemã, tendo em
conta que ela consiste basicamente na recusa a entender que um mais um é
igual a dois.
Não é decerto por acaso que, nos últimos tempos, aprendo mais a ler
Munchau do que Wolf. Embora Wolf enuncie com clareza as vias para
resolver a crise, não é tão forte como Munchau na compreensão das
implicações e riscos políticos da presente situação – precisamente o
ponto em que tantos bons economistas tendem a tropeçar – nem na ousadia
das propostas para a reformulação do enquadramento institucional da zona
euro.
Este último ponto resultará também, em parte, da peculiaridade da
circunstância britânica, com um pé dentro e outro fora da União, que
implica um relativo desprendimento em relação ao seu futuro.
Uma coisa é certa: todos os diagnósticos superficiais sobre a perda
de competitividade dos países periféricos e todas as receitas simplistas
para remediá-la mediante a aplicação de umas quantas “reformas
estruturais”, tão vagas no conceito como inviáveis na implementação, não
me merecem nos tempos que correm mais que um encolher de ombros.
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6.7.12
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