6.7.12

Martin Wolf em Lisboa

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Martin Wolf serviu hoje aos convidados do Jornal de Negócios um compacto das opiniões que tem consistentemente exprimido desde o início da crise financeira, mas, apesar de Pedro Guerreiro lhe ter colocado todas as perguntas certas, não foi muito além disso. Eu diria que ele já não se sente tão à vontade na presente fase do drama ao ralenti que estamos a viver.

A única surpresa para mim veio da considerável reverência demonstrada em relação à “fragilidade conceptual” da perspectiva alemã, tendo em conta que ela consiste basicamente na recusa a entender que um mais um é igual a dois.

Não é decerto por acaso que, nos últimos tempos, aprendo mais a ler Munchau do que Wolf. Embora Wolf enuncie com clareza as vias para resolver a crise, não é tão forte como Munchau na compreensão das implicações e riscos políticos da presente situação – precisamente o ponto em que tantos bons economistas tendem a tropeçar – nem na ousadia das propostas para a reformulação do enquadramento institucional da zona euro.

Este último ponto resultará também, em parte, da peculiaridade da circunstância britânica, com um pé dentro e outro fora da União, que implica um relativo desprendimento em relação ao seu futuro.

Uma coisa é certa: todos os diagnósticos superficiais sobre a perda de competitividade dos países periféricos e todas as receitas simplistas para remediá-la mediante a aplicação de umas quantas “reformas estruturais”, tão vagas no conceito como inviáveis na implementação, não me merecem nos tempos que correm mais que um encolher de ombros.
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