22.9.11

O que faz falta

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"Pois é, faltam medidas para fazer crescer a economia..."

De maneira que saca-se da gaveta a estafada lenga-lenga das "reformas estruturais" e estará o caso resolvido: teremos crescimento a rodos em resultado de coisas tão simples como a liberalização dos mercados laborais e a venda de umas quantas ações que o Estado ainda detém numa mão cheia de utilities.

Acreditar nisso equivale a supor que o crescimento pode ser decretado no Diário da República, resultando automaticamente de certas alterações legislativas.

Ora o crescimento permanece um processo relativamente misterioso ou, pelo menos, muito mal compreendido. Sabemos que certas condições o favorecem e que outras o inibem, mas ninguém sabe provocá-lo carregando num botão.

Coisa bem diferente - e mais fácil - é restaurar um certo nível de desenvolvimento que já tivemos e entretanto perdemos, por exemplo, por insuficiência de procura. Essa parte está ao nosso alcance, mas não se chega lá - bem pelo contrário - com a obsessão da austeridade.

A gestão da procura agregada foi inventada e teorizada vai para 80 anos, numa circunstância semelhante à atual, por um conjunto de políticos e economistas entre os quais se destacou John Maynard Keynes. Que tal ir recuperá-la ao baú?
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