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Aqueles que gostam de repetir que em Portugal é escasso o espírito empreendedor e que os portugueses querem é empregos seguros nunca devem ter-se dado ao trabalho de olhar para estatísticas como aquelas que o gráfico acima nos revela.
Temos uma brutalidade de gente a trabalhar por conta própria ou em empresas familiares - essa é que é a verdade - com tudo o que isso implica de baixa produtividade e precariedade. Quando eu estudava chama-se a isso subemprego, uma palavra expressiva que, não sei porquê, caiu em desuso.
Já li argumentos explicando o fenómeno com as leis laborais supostamente rígidas que desincentivam a contratação de novos trabalhadores. Isso é esquecer: a) que em Portugal já tínhamos esta estrutura empresarial atomizada quando ainda não existia legislação protetora do trabalho; b) que países como o México, a Polónia ou a Hungria, próximos de nós neste ranking, têm mercados de trabalho muito pouco regulados.
O facto é que, entre nós, o setor empresarial propriamente capitalista da economia jamais conseguiu criar postos de trabalho em quantidade (e, já agora, qualidade) capaz de dar ocupação a uma parte substancial da força de trabalho nacional. Não é fácil perceber-se por que é assim, mas podemos estar certos que este modelo económico-social é uma receita segura para a improdutividade e a miséria.
A vontade entre nós de criar empresas assegurando aos próprios um posto de trabalho é indesmentível. Sucede que essa modalidade de empreendedorismo não é socialmente desejável nem economicamente recomendável: resulta de um mero expediente para evitar o desemprego e não gera nem economia inovadora nem atividades mais qualificadas.
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13.9.11
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