Todos assistimos já a debates em torno desta interrogação: Por que é que a esquerda está a perder as eleições em tempo de crise, quando as circunstâncias deveriam em princípio ser-lhe favoráveis?
Antes de começar a tomar posição, talvez convenha saber que o pressuposto é infundado. Após estudar os resultados de 31 eleições parlamentares em 26 países da OCDE, Larry Bartels concluíu:
"My analyses suggest that voters consistently punished incumbent governments for bad economic conditions, with little apparent regard for the ideology of the government or global economic conditions at the time of the election. I find no evidence of consistent ideological shifts in response to the crisis, either to the left or to the right."Não ocorreu, por conseguinte, qualquer deslocação sistemática para a direita nos últimos tempos. Pura e simplesmente, os eleitorados têm tendido a punir, desde o início da recessão, os partidos que sucede encontrarem-se no poder.
Tampouco se trata, porém, de uma mera chicotada psicológica, visto que políticas orientadas para o estímulo à economia parecem merecer o apoio dos eleitorados. Vale a pena ler na íntegra Ideology and Retrospection in Electoral Responses to the Great Recession, até porque inclui um estudo detalhado dos confrontos eleitorais em Portugal nos anos recentes.
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