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Tirando uma breve interrupção durante a 2.ª Guerra Mundial, as importações portuguesas superaram sempre as exportações ao longo do século passado e dos primeiros anos do presente. Anuncia-se, porém, que está para breve – talvez já para 2013 – o restabelecimento do equilíbrio.
Como foi possível um período tão longo de défices crónicos? Será que vivemos todo esse tempo acima das nossas possibilidades? É possível que nunca tivéssemos tido uma economia competitiva? E que espécie de milagre é este que nos está agora a acontecer?No meu artigo de ontem no Negócios tentei explicar de uma forma acessível uma ideia difícil de entender: porque é que o desequilíbrio das contas externas de um país pode não ter nada a ver com uma falha de competitividade e ainda menos com "vivermos acima das nossas posses".
Sei que é difícil fazer compreender isto em poucas linhas (aparentemente, muitos economistas diplomados ou não percebem ou fingem não perceber), mas alguém tinha que tentar.
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5 comentários:
O desequilíbrio externo pode manter-se indefinidamente desde que não lhe cortem o crédito (oferecendo-lhe taxas de juro semelhantes às da Alemanha, já agora) ou lhe garantam finaciamento ilimitado via BCE. Nessa situação, até teríamos TGV na linha de sintra e José Sócrates teria governado todo o século xxi, se fosse esse o seu desejo e o tédio não lhe quebrasse a vontade.
Não, não é isso.
Penso que percebi o seu artigo, discordo é das teses que apresentou.
Já agora, que vem a propósito do "penso que percebi", quero fazer um mea culpa:
Em tempos, num post publicado no jugular (blog onde deixei de comentar por motivos pessoais), em data que não me recordo, discordei de si por causa de Adam Smith.
Defendi a tese do "interesse próprio" e o João Pinto e Castro disse-me que não "era bem assim". Abespinhei-me na altura, defendi que tinha razão, a conversa morreu por ali, mas não esqueci o assunto. Há uns dias, lendo um livro de Amartya Sen lá vinha a minha tese (parece que é uma ideia amplamente divulgada por aí) e a sua (parece que menos conhecida). Ao contrário do nosso diálogo na caixa de comentários, em que não fiquei convencido, Amartya Sen apresentou argumentos que me mostraram que eu estava errado e que o João Pinto e Castro tinha razão.
Fica aqui assinalado o mea culpa.
Em relação ao artigo do seu post, é muito bom e faz pensar. Pode ser que daqui a uns tempos, depois de aprofundar o assunto, acabe por concordar consigo. Nunca tive problema em mudar de opinião quando concluo que não tenho razão. A chatice é quando mudo de opinião muitas vezes mas também consigo viver com isso.
As pessoas são livres de concordar comigo.
Não me sinto obrigado a concordar ou discordar de si nem me parece que o João Pinto e Castro se preocupe com isso. Leio-o porque os seus artigos do jornal de negócios costumam ser originais e interessantes e umas vezes identifico-me, outras vezes não.
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