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Há pelo menos dois tipos de críticas às Parcerias Público-Privadas.
O primeiro é virtualmente indistinguível da vulgar crítica da direita
ao investimento público: que é excessivo, que é pouco produtivo, que
implica um pesado encargo para as gerações futuras.
O segundo, que classificarei “de esquerda”, prefere bater na tecla
dos alegados benefícios inaceitáveis que delas decorrem para as empresas
privadas envolvidas.
O que há de comum a ambas as críticas é uma oposição de princípio às
Parcerias Público-Privadas. Não se trata de questionar este ou aquele
modelo, este ou aquele projecto em particular, mas a própria
aceitabilidade das PPP.
Na visão alternativa que perfilho, as PPP são uma estratégia de
financiamento que permite aumentar a eficiência da despesa do estado
nalguns domínios sem que isso implique a alienação da responsabilidade
pública sobre eles. Por decorrência, uma PPP será boa quando cumprir
cumulativamente duas condições: a) assegurar o cumprimento das políticas
públicas traçadas; b) fazê-lo em condições financeiras vantajosas para o
estado. Sei de casos em que foram elas foram cumpridas, mas também
doutros em que falhou uma ou ambas.
Nem o PCP nem o BE aceitam tais critérios, porque abominam a mera
possibilidade de subcontratação de serviços ao sector privado na saúde,
nas auto-estradas e noutros domínios. Aparentemente, mais do que os
serviços públicos, essas forças políticas pretendem a todo o custo
salvaguardar os empregos públicos, independentemente das consequências
que tal opção possa ter para a generalidade dos cidadãos.
Se assim não fosse, preocupar-se-iam em pesar as vantagens e
desvantagens das PPP em cada domínio e caso particular, em vez de se
limitarem a alimentar suspeições genéricas e, frequentemente,
infundadas. Por isso, recorrem sem pestanejar a munições tomadas de
empréstimo ao arsenal da direita, como sucede quando citam Medina
Carreira ou Carlos Moreno (cujo livro sobre o tema deve ser considerado
um insulto à inteligência dos leitores).
Naturalmente que este assunto pode e deve ser aprofundado (muito para
além deste breve apontamento), mas do que não sobra dúvidas é que o
resultado da convergência tácita entre PCP, BE, PSD e PP em relação às
PPP foi e é uma desvalorização genérica do papel do investimento público
sob qualquer das suas formas.
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2.8.12
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