6.1.06

A corrida



É frequente ouvir-se dizer que a origem da superioridade ecónomica da Espanha em relação a Portugal radica, por um lado, na atitude de maior abertura ao progresso do franquismo, e, por outro, na desastrosa nacionalização dos principais grupos económicos portugueses depois da nossa revolução.

As pessoas são livres de pensarem o que quiserem. Convém, todavia, que tomem ao menos em conta os factos.

Ora, o que as estatísticas dizem é que, a partir de 1960 e quase até ao fim do século, Portugal cresceu sempre mais depressa do que a Espanha. Se tivéssemos continuado a progredir ao mesmo ritmo, ter-nos-ía sido possível apanhá-la por volta de 2010. Só nos anos mais recentes, com o virar do milénio, é que a tendência se inverteu.

Dir-se-ía, revertendo o argumento, que, afinal, Salazar bateu Franco e Vasco Gonçalves deu uma lição a Adolfo Suarez.

Numa perspectiva retrospectiva longa, nunca estivémos, em toda a nossa história, economicamente tão próximos de Espanha como há cinco anos atrás. Contrariamente à ideia corrente, a Espanha é há muitos séculos - melhor: pelo menos há dois milénios - uma região muito mais rica do que aquela que nós habitamos.

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