Nunca ataquei a candidatura de Alegre durante a campanha. Não porque temesse ter que engulir as minhas palavras caso ele passasse à segunda volta - nunca lhe daria o meu voto nessa eventualidade - mas porque, erradamente, supus que se esfarelaria gradualmente o apoio de que dispunha à medida que o tempo fosse passando.
Alegre é um dos mais destacados representantes do socialismo arcaico no partido em que milita. Embora nunca seja explícito, as suas vagas declarações, e sobretudo os seus silêncios, insinuam que talvez continue a ser adepto do "verdadeiro socialismo" das nacionalizações, da reforma agrária, dos entraves ao investimento estrangeiro, da autarcia económica, da auto-gestão e do dirigismo cultural.
A névoa ideológica é o seu elemento natural. Nisso e no discurso anti-partidos se aproximou de Cavaco Silva.
Eu entendo que nem todos os votos em Alegre têm a mesma motivação. Mesmo assim, o score combinado de Alegre, Jerónimo e Louçã revela que uma parte substancial da esquerda portuguesa continua a conviver dificilmente com a democracia liberal e com a economia de mercado.
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