14.2.11

Linhas de fractura

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Rahguram Rajan, ex-economista principal do FMI, acredita que o crescimento das desigualdades sociais nos EUA ao longo das três últimas décadas desempenhou um papel crucial na acumulação de tensões que nos conduziram à grande crise financeira que se declarou no Verão de 2007.

Conforme explica no seu livro Fault Lines, publicado no ano passado, o crescente recurso ao endividamento terá sido uma forma de as classes média e baixa americanas tentarem a todo o custo manter o seu trem de vida. Rajan merece crédito adicional por ter atempadamente contestado as políticas económicas e financeiras dominantes em 2005 com comentários públicos que na altura foram recebidos com indiferença ou hostilidade nos círculos próximos do poder.

Em sua opinião, das desigualdades sociais à desregulação do sector financeiro, passando pelos desequilíbrios comerciais internacionais, pouco ou nada foi até agora feito para reparar as linhas de fractura que por pouco não lançaram o mundo no abismo.

Na que toca especificamente à degradação das condições de vida dos mais pobres nalguns países desenvolvidos, Rajan atribui a principal responsabilidade às falhas do sistema de ensino, que cada vez se revela mais incapaz de dotar a maioria das pessoas de qualificações que as habilitem a singrar no mundo de hoje.

Mas não será esse um mero sintoma da generalizada despreocupação com o destino dos mais pobres que hoje é de bom tom entre as elites ocidentais?
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