Sabe-se que Assunção Cristas, tão empenhada no desenvolvimento da agricultura como o meu Bóbi, projeta cancelar os investimentos na distribuição de água que permitiriam concluir o Alqueva. Pode-se lá perder uma oportunidade de contrariar uma promessa do Sócrates?
O Público sai hoje em defesa de Assunção (não deveriam, em coerência, chamar-lhe antes Assumpção?) na sua patusca secção Sobe e desce , lamentando-a pela "pesada herança" do Alqueva que herdou e declarando não se "vislumbrar uma saída airosa do processo".
E insiste no editorial: "O Alqueva tornou-se (...) em mais um símbolo de uma era obreirista, estúpida e irracional". Que provas tem o editorialista do que afirma?
Acaso essa tese encontra sustentação na reportagem que ocupa as páginas dois a quatro e que o jornal destaca com uma chamada intitulada "Dez anos depois, o Alqueva está a falhar a revolução prometida no turismo e na agricultura"?
Como de imediato se depreende, trata-se de uma reportagem com tese. Para a vindicar, os jornalistas recolheram os depoimentos de alguns velhotes e reformados apanhados ao acaso que pintam um retrato invariavelmente negro da situação.
No meio de todo este pitoresco relambório, porém, pode-se ler as seguintes palavras de Sevinate Pinto, ex-ministro da agricultura de Durão Barroso:
"'Graças em grande parte a ela [água do Alqueva] o país atingiu a auto-suficiência na produção de azeite' (...) Sevinate Pinto fala ainda do surgimento de centenas de hectares de pomar, frutos secos e vinha para defender os proveitos daquele que considera ser 'o maior e mais promissor projecto agrícola português das últimas décadas."E mais adiante, citando a opinião do Presidente da Câmara Municipal de Ferreira, escreve-se:
"No lugar das searas e trigo e de outras culturas de sequeiro (...) cresce o novo olival, a vinha, as culturas do melão, melancia, tomate e outras, que no conjunto já ocupam cerca de 10 mil ha de regadio.Fracasso do Alqueva ou fracasso do Público? Vocês decidam.
"Se não fosse o Alqueva, 'dificilmente' os agricultores do concelho 'poderiam dispor de 40 milhões de m3 de água, necessários à viabilização da nova agricultura que já tem uma taxa de adesão de 75% na área disponibilizada para rega'.
"´Agora estamos à espera das agro-industriais´, acentua, optimista, sem evitar uma crítica ao anúncio da suspensão das obras feito pela actual ministra da Agricultura, Assunção Cristas."
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4 comentários:
e, quanto à "falha na revolução prometida no turismo", bom, basta dizer que só o roquette tem programados 1000 milhões (sim, mil milhões) de investimentos no prazo de 20 anos, muitos deles já no terreno, e alguns capazes neste momento receber assunção cristas.
agora chamar a esta obra do professor doutor anibal antónio cavaco e silva uma "promessa de sócrates" é que me parece um pouco coiso.
cordialmente
maradona
Acerca da "promessa de Sócrates", trata-se de uma afirmação do Público. É favor ler o 1º parágrafo do artigo inserido na página 4 da edição de hoje.
a obra não é do professor doutor cavaco silva as do prof. eng. antónio guterres.
senhor anónimo
lamento, mas não é verdade, e nem vou consultar nada; foi cavaco silva, estava eu no meu segundo ano de faculdade (1993, portanto) que deu ordem à retomada dos trabalhos que foram interrompidos nos anos setenta, e me levou metade dos professores da faculdade. A partir daqui o projecto tornou-se inevitável. Guterres fez é a constituição da empresa que chegou até hoje, a EDIA, que incorporou muitos dos objectivos da empresa orginal de cavaco silva (cujo nome me escapa), e que instigou, é verdade, mais critério e lógica no desenvolvimento da valencia de rega do projecto.
maradona
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