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...blogoexisto, 25.9 03
O Dr. Graça e o Sr. Moura
Por um lado, é um poeta de méritos reconhecidos, um homem de letras distinto, um gentleman com elevado sentido cívico. Por outro lado, polemiza com inigualável sectarismo, destempera à mínima provocação, recorre a linguagem de carroceiro, perora com grande à vontade sobre assuntos de que nada entende.
Agora inventou esta história do terrorismo incendiário que, segundo ele, visa derrubar o governo por meios subversivos; e, em vez de deixar cair no esquecimento o lapso infeliz, insiste e volta à carga.
Qualquer pessoa minimamente informada explicar-lhe-ia que o fogo posto tem um peso relativamente pequeno enquanto causa de incêndios, e que a grande maioria se prende com negligência e causas naturais. Chamar-lhe-ia ainda a atenção para o facto de que este ano, embora a área ardida tenha aumentado muito, de facto até houve menos incêndios.
Mas o Sr. Moura não quer saber de nada disto. Se o sr. primeiro-ministro lançou esta cruzada contra os incendiários para se limpar de reponsabilidades, a função dele, enquanto propagandista do governo, não é pôr em causa o chefe, mas apenas reunir argumentos para a causa, não importa quão disparatados eles sejam.
Ele argumenta, por exemplo, que a Judiciária até já prendeu 91 pessoas, o que, para o sr. Moura, basta para considerá-las culpadas. Sem notar que o envolvimento de uma parte da Judiciária numa manobra de desinformação do governo, particularmente notório nas suas intervenções televisivas durante o mês de Agosto, exigiria, ele próprio, um esclarecimento.
Enfim, este é o terrorismo a que temos direito, e o Sr. Moura o seu delirante profeta. Vamos esperar que, passado o efeito da poção maligna, tenhamos em breve de volta o bom Dr. Graça que todos tanto apreciamos.
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9.2.12
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1 comentário:
Não sou a favor deste acordo ortográfico. Não creio que esteja sequer a contribuir para aproximar as literaturas portuguesas e brasileiras. A prova disso é que cada vez menos se lê e, se edita literatura brasileira em Portugal. O que é uma pena. O caso do "1808" do Laurentino Gomes, foi paradigmático: vendeu muito bem em Portugal. Mas, retrovertido para português de Portugal. O que me parece um absurdo. Foi no entanto, ao que parece, o meio mais eficaz para o livro ser aceite.
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