28.3.12

A existência de oposição interna reforça a posição negocial externa de um governo

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Já ouvi argumentar que, sendo a regra de ouro do equilíbrio orçamental exigida pela Alemanha uma bizarria inócua, não faz mal que o PS vote a seu favor.

Assim como assim, ninguém sabe exatamente o que significa e como poderá ser operacionalizado o limite de 0,5% ao longo do ciclo, de modo que mais valeria o país continuar a transmitir para o exterior uma imagem de unidade.

Sucede que isto é errado, mesmo do ponto de vista do governo (admitindo tratar-se de um governo empenhado em proteger os cidadãos que ele é suposto servir). Efectivamente, um executivo ganha margem de manobra negocial quando, nos fóruns internacionais, pode resistir a pressões argumentando que "lá em casa" será difícil conseguir fazer aprovar esta ou aquela medida.

Veja-se, por exemplo, como a necessidade constitucionalmente imposta de referendar decisões importantes tem ajudado vários países, mormente a Irlanda, a dar-se ao respeito ao mesmo tempo que conquista espaço de manobra. Dir-se-ia que, afinal, a democracia continua a ter as suas vantagens.

Se outras razões não houvesse para o PS votar contra a regra de ouro - e há-as em abundância - acredito que esta bastaria.
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