28.2.10

Descubra as diferenças

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Esto sólo lo arreglamos entre todos:

"Queremos arreglar esto, y no vamos a esperar a que nadie lo haga por nosotros. Porque si no lo arreglamos nosotros, ¿quién lo va a hacer?

"Llevamos demasiado tiempo viendo en todas partes lo mal que está todo. Es casi lo único que nos cuentan.

"Pero la crisis no solo está ahí fuera, también está en nuestras cabezas. Nos ha hecho perder la confianza, nos ha contagiado el pesimismo, el desánimo."

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Tempos felizes

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Emilio Ontiveros no El Pais de hoje:
"Las revisiones de las posiciones en liza realizadas en las páginas de The Economist (julio de 2009), las entrevistas de John Cassidy a algunos de los más emblemáticos profesores de la Universidad de Chicago publicadas en The New Yorker, o los blogs de profesores como Gregory Mankiw, Bradford DeLong, Simon Johnson, Gary Becker y Paul Posner, o el de Paul Krugman, son algunas de las sugerencias que hago a mis alumnos para que aprovechen la excepcionalidad del momento: nunca antes hubo oportunidades tan valiosas de transmisión y captación de conocimiento económico relevante en tiempo real a tan bajo coste. También para quienes tienen responsabilidades de política económica, el ámbito donde probablemente está siendo más relevante la contestación a la tradición."
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25.2.10

É mentira, mas não saíu no Correio da Manhã

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O título é falso: a cidade representada não é Nova Amsterdam (Nova Iorque). Qual é ele então?
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24.2.10

Economias de escala na banca

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23.2.10

O post que toda a pessoa bem informada deve conhecer

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Um post absolutamente fantástico encontrado por Pedro Lains no The Irish Economy:

Not wanting to be outdone by Martin Feldstein, Laurence Kotlikoff (recently based known for his Limited Purpose Banking proposals) is the latest US-based economist to bring his analytical skills to bear on the Greece’s problems to diagnose an instant solution:
Is there some way that Greece can devalue without devaluing?

There is, indeed. The government can implement wage and price controls for, say, the next three months, with these controls covering not just the growth in wages and prices over the next three months, but also their initial levels. Specifically, the Greek government would decree that all firms must lower their nominal wages and prices by 30 per cent, effective immediately, and not change them for three months. After three months, everyone would be free to put prices and wages back up.
This is an interesting proposal. Indeed, if this decree-based approach proves to be successful, it could then be applied to other areas. For instance, in the sphere of justice, the Greek government could decree that people should obey the ten commandments. And, if it works in Greece, we should try the decree approach here. After all, we’re all in favour of evidence-based policy formulation.
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18.2.10

João Galamba

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O João Galamba publicou na Jugular o texto que se segue acerca das calúnias de que tem sido alvo nalguns media. Naturalmente, estou inteiramente solidário com ele.

Nos últimos dias, tenho vistas reproduzidas informações difamatórias sobre mim e sobre a génese do blog de apoio ao PS para as legislativas de 2009, do qual fui um dos organizadores. Para que não subsistam dúvidas, reproduzi, infra, as respostas dadas a 3 jornais sobre as questões agora alvo de notícia. Poderão notar que, pelo menos num dos casos, as notícias não reflectem sequer lateralmente os esclarecimentos prestados. Vivemos, felizmente numa sociedade democrática e, em democracia, até alguém que se presta a passar largos meses a construir uma tese atentatória contra o carácter de outro tem direito a existir. Carlos Santos é uma decorrência e um sub-produto do fim da ditadura, porque só existindo verdadeira liberdade (e muita inconsequência) alguém assim pode perdurar. Assim encerro este assunto.
(1)

2-C2- Correio da Manhã


Sr. Deputado


Venho por este meio, solicitar esclarecimentos sobre o seu envolvimento no blog 'Simplex' criado no âmbito da campanha eleitoral do PS e, que segundo as nossas informações, foi liderado pelo senhor deputado com a colaboração de diversos assessores do Governo.

É uma notícia do Correio da Manhã de hoje (paáginas 8 e 9) que já deve ter lido.

O Simplex nasceu da mesma forma que, segundo penso, nasceu a quase totalidade dos blogues políticos, casos, por exemplo, do Jamais (blog de apoio ao PSD), Rua Direita (blog de apoio ao CDS): um grupo de bloggers com opiniões sobre política e sobre o que querem para o país resolveram apoiar, no meio que tinham à disposição para se expressar, um partido, neste caso, o PS. Eu tive a sorte de ser uma dessas pessoas e confesso que se tratou de uma experiência bastante gratificante. Relativamente ao meu envolvimento, tratou-se de uma experiência de natureza pessoal, à qual não pude dedicar mais tempo por força de outros compromissos. Penso, aliás, que todas as pessoas que participaram neste blogue escreveram de acordo com as suas convicções civis e, naturalmente, políticas, sacrificando muito tempo na defesa das mesmas. No que se refere à colaboração de assessores do governo, penso que contámos com a participação directa ou indirecta de membros de gabinetes políticos, da mesma forma que contámos com o apoio de independentes ou mesmo com as sugestões de comentadores nas caixas de comentários. É natural que os gabinetes políticos, pela sua próprio natureza, tenham sido uma fonte muito importante da nossa actividade blogsférica, sobretudo no debate político de algumas questões que entendemos críticas na campanha eleitoral em questão e que diversos outros blogues, associados ao PSD e outros partidos da oposição, tentou explorar. De resto, parece-me um pouco sério querer apresentar como algo inusitado a troca de emails com informação técnica e argumentários durante a campanha eleitoral entre um candidato a deputado e membros de gabinetes, mais ainda quando no blogue em causa escreviam assumidamente assessores do governo. Como todos os bloggers sabem -- de esquerda ou de direita -- quando alguém precisa de escrever um texto é normal trocar informações com pessoas conhecidas.
Outras duas questões referem-se a dois contratos de ajuste directo que lhe foram atribuidos no âmbito do seu trabalho como Consultor externo no projecto de avaliação financeira na Unidade Missão para os Cuidados Continuados Integrados (UMCCI)


- Um é no valor de 13 876 euros, publicado em Março de 2009, para aquisição de serviços especializados do grupo de trabalho da Unidade, em Lisboa. Solicito a informação sobre os referidos serviços especializados.

ver resposta infra

Outro é no valor de 20 814 euros, celebrado em Junho de 2006, refrente a Serviços para a área finaceira da UMCCI, com o prazo de execução de 180 dias. Gostaria de ter mais informação sobre a aplicação dos referidos serviços e se foram executados dentro do prazo.

Dada a natureza das questões colocadas, gostaria, antes de mais, de esclarecer que sou licenciado em Economia na Universidade Nova de Lisboa, com média de 17 valores, tendo sido o segundo melhor aluno do meu ano. Depois de concluir o curso, fui convidado para trabalhar no Banco Santander de Negócios na área de Derivados e Gestão do Risco e, depois de, vários anos em consultoria, na DiamondCluster International, onde tive oportunidade de participar em projectos desenvolvidos em diversos países na área financeira, com especial incidência nas áreas relacionadas com as quais lidei quando colaborei com a UMCCI, ou seja, na área financeira.

Tive o gosto de iniciar a minha colaboração com a UMCCI no verão de 2008, muito antes de iniciar qualquer actividade política, subcontratado por um consultora (ABC Saúde), que então formou uma equipa para a elaboração de um estudo sobre sustentabilidade económica das unidades da RNCCI. A adjudicação desse trabalho foi também alvo de um concurso público. O relatório final foi entregue no final de 2008 e poderá ser consultado junto da UMCCI .

Voltei a colaborar com a UMCCI na sequência de um pedido dirigido pelo ministério das finanças à UMCCI para, com carácter de urgência, proceder-se à constituição de uma equipa financeira para acompanhamento do projecto piloto da RNCCI no âmbito da Orçamentação por Programas. Neste contexto, e precisamente por ter colaborado anteriormente com a UMCCI, viria a ser contactado no final de 2008, muito antes, portanto, de me envolver activamente em política, e convidado a integrar aquela equipa como técnico superior, trabalhando com outro técnico e uma coordenadora. O resultado desse trabalho, que muito me honra, acrescento, foi também vertido para um relatório enviado para o Ministério das Finanças, e integra mesmo o Orçamento do Estado de 2010. Aproveito para esclarecer que deixei de colaborar com a UMCCI na data das eleições.

Questiono ainda se estes dois contratos feitos por ajuste directo não deveriam ser sujeitos a concursos públicos, sendo o objecto do contrato a aquisição de serviços especializados.

No que diz respeito aos contornos jurídicos da contratação, gostaria muito de a ajudar mas, dado não ser jurista, e apesar de estar convicto de quem fui contratado nos termos da Lei, terei que remeter a questão para a Sra. Dra. Inês Guerreiro, coordenadora nacional da UMCCI.

2-D2-Diário de Notícias
O pretexto, como lhe expliquei, foi um post do professor Carlos Santos a denunciar uma "rede tentacular" com origem no Governo que passa informação privilegiada a pessoas que produzem opinião na blogosfera. O doutor foi um dos mentores do Simplex e terá reencaminhado para bloggers emails com relatórios e argumentários escritos por assessores no executivo - em horário de trabalho e enviados do endereços de email .gov.
- Como comenta a acusação do professor Carlos Santos de que existe uma cadeia de informação/propaganda que tem a blogosfera como alvo?

Essa "rede tentacular" só existe nas cabeças das pessoas que a inventaram. As pessoas escrevem de acordo com as suas convicções civis e, naturalmente, políticas. É pouco sério querer apresentar como algo inusitado a troca de emails com informação técnica e argumentários durante a campanha eleitoral entre um candidato a deputado e membros de gabinetes, mais ainda quando no blog em causa escreviam assumidamente assessores do governo. Como todos os bloggers sabem -- de esquerda ou de direita -- quando alguém precisa de escrever um texto é normal trocar informações com pessoas conhecidas.

- No projecto simplex - um projecto da sociedade civil de apoio ao partido socialista - foi a ponta da lança dessa cadeia?

O Simplex nasceu porque um grupo de bloggers com opiniões sobre política e sobre o que queriam para o país resolveram apoiar, no meio que tinham à disposição para se expressar,um partido, neste caso, o PS. Eu fui uma dessas pessoas.
- Existia uma lógica de recompensa política (oferta de cargos no futuro executivo) no Simplex?

Obviamente, não posso certificar que não houve quem tenha participado no Simplex visando a obtenção de qualquer recompensa política (o que quer que isso signifique). Mas considero esse pergunta insultuosa, no que diz respeito a mim e à maioria das pessoas que participaram.

- Alguma vez escreveu para o blog Câmara Corporativa?

Não, nem consigo perceber a que propósito me dirige essa pergunta.

Outro assunto. O prof Carlos Santos escreveu há dias um post em que parecia levantava suspeitas sobre este contrato.


- Até quando foi consultor ou trabalhou da UMCCI?

Antes de mais, sou licenciado em Economia na Universidade Nova de Lisboa e trabalhei vários anos em consultoria em projectos por todo o mundo. Comecei a trabalhar para a UMCCI em 2008 subcontratado por um consultora (ABC Saúde) chefiada por Bert Bow, que formou uma equipa para a elaboração de um estudo sobre sustentabilidade económica das unidades da RNCCI. Esse relatório foi entregue e poderá ser consultado. Num segundo momento, e por causa do trabalho até então realizado, fui contactado directamente pela UMCCI para participar no projecto piloto ligado à Orçamentação por Programas. O resultado desse trabalho encontra-se igualmente vertido em relatório e integra mesmo o Orçamento do Estado de 2010. Deixei de colaborar com a UMCCI na data das eleições.
- Em que consistiu o trabalho que realizou no âmbito daquele contrato? Produziu algum relatório que o comprove?

Ver resposta anterior
- O texto de que falamos foi apagado após alegadas pressões de membros do Executivo seus aliados. Como comenta?

Não faço a mínima ideia daquilo a que se refere. No entanto, a acusação de recebimento indevido de dinheiros públicos é a acusação da prática de um crime. Esse é um assunto a ser tratado por advogados.
(3) 3- Público


Carlos Santos, que colaborou na campanha do PS para as legislativas, denuncia que o senhor foi o mentor do blogue Simplex que usou meios e recursos do estado para a campanha eleitoral do PS. O que tem a dizer sobre isto?

O Simplex nasceu porque um grupo de bloggers com opiniões sobre política e sobre o que queriam para o país resolveram apoiar, no meio que tinham à disposição para se expressar, um partido, neste caso, o PS. Eu fui uma dessas pessoas. Quanto à segunda parte da sua pergunta, remeto-a para a resposta infra.

Confirma que a informação era proveniente de gabinetes de ministros, utilizando a rede informática do Governo?

É pouco sério querer apresentar como algo inusitado a troca de emails com informação técnica e argumentários durante a campanha eleitoral entre um candidato a deputado e membros de gabinetes, mais ainda quando no blog em causa escreviam assumidamente assessores do governo. Como todos os bloggers sabem -- de esquerda ou de direita -- quando alguém precisa de escrever um texto é normal pedir ajuda pessoas conhecidas que sejam especialistas em determinadas matéria.
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17.2.10

"Fomos enganados"

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Mais um excelente artigo de Pedro Lains no Jornal de Negócios:
"O crescimento não vem de reformas, vem do trabalho, do investimento, da tecnologia e da inovação. Ponham em cima da mesa um caso de crescimento com base em reformas estruturais e, quando virem que não conseguem, chegarão à mesma conclusão que aqui se expõe."
Também eu andava com vontade de pegar nesta ilusão das "reformas estruturais", mas tenho-me inbido por me sentir tão desacompanhado.
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12.2.10

Da província

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Vasco Pulido Valente anuncia-nos que leu parte da História de Portugal recentemente publicada por Rui Ramos e mais dois autores e extraíu de lá um facto: desde 1834, o número de funcionários públicos passou em Portugal de 30 para 700 mil, o que toma como prova de que “isto sempre foi assim”.
Confirma-se mais uma vez que VPV estuda para confirmar o que julga já saber, não para descobrir coisas novas. Que “isto sempre foi assim”, eis afinal ao que se resume toda a sua sabedoria acumulada.
Conviria agora que ele tentasse inquirir como evoluíu o número de funcionários públicos naquele punhado de países que reputa de civilizados – ou ao menos, para lhe facilitarmos a vida, ao Reino Unido. Ficaria decerto surpreendido por descobrir que, na generalidade deles, a evolução foi semelhante à nossa.
Isso explica-se pelo facto de, no princípio do século XIX, o Estado praticamente se resumir ao exército, à marinha, aos (poucos) tribunais e às alfândegas. A própria polícia (quando a havia) estava frequentemente a cargo de autoridades locais.
Poderá ser (ou não) verdade que “isto sempre foi assim”, mas, para demonstrá-lo, o nosso historiador terá que sacudir a preguiça e esforçar-se um poucochinho mais. VPV, esse, “sempre foi assim” e sempre assim será.
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11.2.10

Terei percebido bem?

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Se bem entendi, a investigação sobre o alegado envolvimento do PM numa tentativa de subversão do Estado de Direito foi mandada arquivar pela PGR e pelo STJ porque: a) as escutas tinham sido obtidas ilegalmente; b) não havia indícios de matéria criminal.

Na sequência, o procurador de Aveiro não só não destruíu as escutas "por dificuldades de expediente" como abriu um outro processo que não se defronta com idênticas "dificuldades de expediente" sustentado em escutas não envolvendo o PM, processo que recentemente sorriu à luz do dia nas páginas do Sol.

Mas, esperem aí, qual é exactamente a matéria de investigação desse processo? Ao que parece, a eventual compra de uma empresa privada por outra empresa privada. E por que é isso matéria de investigação criminal? De que são ao certo suspeitos os gestores envolvidos? E como é possível autorizarem-se escutas com tal finalidade?

Reparem bem o ponto a que já chegámos: alguém abriu uma investigação criminal sobre matérias de gestão empresarial que, em si mesmas, não envolvem qualquer ilícito.

Percebo o interesse que a Impresa tem em saber o que anda a congeminar a concorrência. Percebo também que o PCP e o BE entendam que o sector privado deve ser mantido sob observação.

Só não percebo como é possível que o nosso sistema judicial mobilize o céu e a terra nalgo que perigosamente se parece com espionagem industrial.

Próximo passo?
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10.2.10

O sólido e o gasoso

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A evidente carência de factos jurídicos do caso Sol é largamente compensada pela abundância de factos políticos.

Estes últimos podem ser divididos em factos gasosos e factos sólidos.

Os factos gasosos envolvem frases e meias frases supostamente escutadas e convenientemente fatiadas e embaladas por polícias e juízes, que, apesar do esmero posto na confecção, em si mesmas nada indiciam para além de business as usual.

Para dar sequência à narrativa foi-lhes acrescentada a voz-off dos despachos. Neles, e só neles, reside o enredo, e é essa interpretação que aponta para o alegado envolvimento do governo no negócio – uma dentre muitas possíveis – que querem por-nos a discutir.

Sem legenda não há lenda.

Mas, por outro lado, temos os factos sólidos, mais abundantes, mais indisputáveis e mais consistentes.

Incluem uma história persistente de investigações orientadas para perseguir o actual primeiro-ministro, quebrando sempre que necessário o segredo de justiça, pondo meio país sob escuta, desrespeitando sempre que possível os mais elementares direitos à privacidade e ao bom nome e valendo-se de uma teia de cumplicidades nos media e nos partidos da oposição que, a dada altura, envolveu a própria Presidência da República.

Isto a gente vê todos os dias na televisão, na rádio, nos jornais e na internet sem precisar (aliás, de preferência dispensando) alguém que nos explique.

Não falta, como se vê, matéria política para discutir neste triste caso. Por que haveremos então, pergunto eu, de concentrar as nossas atenções nos factos gasosos, se há matéria tão sólida para alimentar as almas sedentas de sonho e fantasia?

Fico a aguardar esclarecimentos do untuoso Rangel e do melífluo Louçã, auto-nomeados porta-vozes desta república dos bufos.
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8.2.10

É escassa a frequesia do Estado de Direito em Portugal

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Está fora de dúvida que, se fosse hoje em dia entrevistado na televisão, Kant seria confrontado com a pergunta:

"OK, já percebemos todos que a coisa-em-si é incognoscível, mas, tirando a especulação metafísica, o que tem a dizer-nos sobre essa tal coisa? Afinal, os portugueses têm o direito de formular uma opinião com base naquilo que conhecem."

Mudança rápida de cenário, mas não forçosamente de entrevistador, que agora perguntaria assim:

"OK, já percebemos todos que os princípios do Direito foram violados, mas, tirando a forma, o que tem a dizer-nos sobre o conteúdo? Afinal, os portugueses têm o direito a fazer o seu juízo sobre a substância dos factos divulgados."

É uma chatice, mas uma das ideias básicas do Estado de Direito é que não há factos com relevância jurídica fora dos procedimentos aceites para os apurar. Fora da forma, não há conteúdo.

O desdém pela forma - "isso é muito giro, mas o que interessa são os factos" - só se pode justificar pela desvalorização do princípio do primado da lei que, entre outros, sustenta a democracia liberal. A secundarização da forma em relação ao conteúdo tem muitos e pouco respeitáveis antepassados como, por exemplo, Hitler e Estaline.
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Liderança medíocre na União Europeia

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Martin Wolf no Financial Times da passada 4ª feira:
"The European Union remains ineffective. Indeed, the inability of the eurozone to address the fact that the periphery cannot escape from the fiscal trap without strong expansion in demand from the core is proof of that."
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6.2.10

Crise financeira e virtude

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"The world has been capitalized on paper. Every time a fellow had a new idea, they'd increase the capital stock — give themselves so much cash and their stockholders so much paper. The rich got richer; the stockholders speculated with the paper. Someone found out it paid to keep a rumor factory going. Someone else interested women in gambling on the big board. The world was wild.

"Amalgamations took place. The more clever a fellow was with turning paper recapitalizations into cash, the greater became his vice-presidential titles. Young men who ought, many of them, to be resting behind the bars of penitentiaries for stealing paper rose overnight in the world of prosperity. Our entire prospectus of living turned topsy-turvy.

"Crooked bankers who take people's hard-earned cash for stock they know is worthless would be far better clients at penal institutions than the poor little man who robs so that his wife and babies may live. Why, down in Florida, the year I lived there, a shady newspaper publisher's friend was running a bank. He had unloaded a lot of worthless securities upon unsuspecting people. One day his bank went flooey. I was just thanking the powers that be that he'd got what was coming to him when I learned of another business trick that would make safe-cracking look like miniature golf.

"The crooked publisher and the banker were urging bankrupt depositors who were being paid thirty cents on the dollar to put their money in another friend's bank. Many did so; and just about sixty days later that bank collapsed like a house of cards too.

"Do you think those bankers went to jail? No, sir. They're among Florida's most representative citizens. They're just as bad as the crooked politicians! I ought to know about them. I've been feeding and clothing them long enough. I never knew until I got into this racket how many crooks there were dressed in expensive clothes and talking with affected accents.

"Why, when I was held the other day for evasion of federal taxes I nearly got myself into a fine pickle. Certain officials wished to make a bargain with me. If I'd plead guilty and go to jail for two and a half years they'd dismiss the charges they had against me. A pretty penny had to be paid, but I thought that that was better than the strain of a long-winded trial. A day or so before the bargain was to be struck, though, I learned that someone was going to go to the Appellate Court and that there'd be a fly in the ointment and they'd have me in Leavenworth for ten and a half years. So I decided I could be just as foxy, and we entered a plea of not guilty, and when the case comes up we'll see what we will see.

"A little while ago in one of the Chicago newspapers it said that a local millionaire manufacturer had been found to be some fifty-five thousand dollars in arrears with his personal-property tax. A day later it was printed that this had been printed in error, and that the situation had been satisfactorily cleaned up.

"If Mr. Hoover's government wants me to explain my federal taxes I shall be very glad to do so. I think I could enlighten him and several other officials a considerable bit, and any time they need any sensational matters to talk about I shall have them ready to give out.

"Graft," he continued, "is a byword in American life today. It is law where no other law is obeyed. It is undermining this country. The honest lawmakers of any city can be counted on your fingers. I could count Chicago's on one hand!

"Virtue, honor, truth, and the law have all vanished from our life. We are smart-Alecky. We like to be able to 'get away with' things. And if we can't make a living at some honest profession, we're going to make one anyway."

Al Capone, 17 de Outubro de 1931
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5.2.10

Lido no Financial Times de hoje

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"In Europe, Portugal was the focus of investors' concerns about the eurozone as the parliament began voting on a bill on financial transfers to the regions. The bill risks undermining the government's ability to cut its budget as promised."

Os jornais portugueses não se cansam de mentir tanto?
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4.2.10

Já há um cretino do ano para suceder a Jean-Claude Trichet

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Factos sobre a Irlanda

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Já todos ouvimos dizer que, entre outras medidas extremas, a Irlanda baixou os vencimentos dos funcionários públicos e subiu os impostos.

O que poucos parecem saber é que:

a) Apesar disso, a previsão do défice público irlandês para 2010 é de 12%, muito pior do que qualquer outro país da zona euro;

b) A Irlanda não assumiu qualquer compromisso de reduzir o défice abaixo dos 3% até 2013.

A pergunta é, pois, esta: por que é que Comissão Europeia aceita o plano da Irlanda e considera insuficientes os de outros países que já em 2010 se propõem ir bem mais longe na redução dos seus défices?
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A União Europeia em causa

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Quem quer que tenha escutado o que Almunia ontem disse ao anunciar o apoio da União Europeia à Grécia, entendeu que a insólita referência a Portugal serviu apenas o propósito de desvalorizar os problemas da Espanha.

Aparentemente, os espanhóis acreditam, ao contrário de nós, que: a) as opiniões das agências de rating e das autoridades comunitárias não são "inevitáveis como a chuva no inverno"; b) é mais apropriado falar a uma só voz para o exterior do que minar os esforços do governo nacional com declarações incendiárias.

Seja, como for, o episódio revela mais uma vez as contradições actuais da União Europeia: no mesmíssimo momento em que intervém para pôr cobro à especulação contra um país membro, a União Europeia fomenta-a contra outro, ainda por cima por iniciativa da própria Comissão Europeia. Não se esqueçam de agradecer a Barroso quando ele reaparecer por cá como candidato a Presidente da República.

Decididamente, o que está mesmo em causa é o arranjo institucional europeu. Como ontem Roubini recordou nas páginas do Financial Times, não pode haver união monetária estável e duradoura sem união fiscal e política.
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3.2.10

Uma especialização perversa

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Os debates que por estes dias têm lugar em diversos fóruns acerca da situação económico-financeira nacional comprovam mais uma vez que existe, entre os nossos economistas, uma especialização perversa.

Temos um excesso de economistas especializados em análise da conjuntura ou em finanças públicos e uma carência de economistas conhecedores da teoria do crescimento, da história económica, da economia da empresa e da economia industrial, por exemplo.

O resultado é que as vozes mais escutadas não são capazes nem de produzir um diagnóstico profundo dos problemas nem de para eles encontrarem verdadeiras soluções.

Tudo o que conseguem propor é baixas de 10% dos salários ou de despedimentos de funcionários públicos - medidas que, para além de indesejáveis, são impossíveis.
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"Ou 'tás caladinho, ou levas no focinho"

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A algumas pessoas, as agências de rating lembram-lhes a chuva no Inverno. Por outras palavras, encaram-nas como um dado objectivo e incontornável, uma fatalidade contra a qual nada há a fazer.

Que quer isso dizer? Que os ratings atribuídos pelas agências têm uma inquestionável valor científico? Que, diga-se o que se disser, os investidores deixar-se-ão guiar pelo que elas dizem?

Nem uma coisa nem outra é sustentável.

As agências de rating têm uma responsabilidade chave na presente crise financeira. Fossem quais fossem os desequilíbrios financeiros, os níveis de especulação, as vigarices e as falhas de regulação, nada do que sucedeu teria sido possível se as agências de rating não tivessem traído a missão que lhes estava confiada.

É por isso que, ao contrário do que algumas pessoas nos querem fazer crer, uma boa parte dos investidores não confia nas agências de rating. Só assim se explica o enorme sucesso da subscrição de títulos da dívida emitidos na passada semana pelo Estado grego.

Esta ideia de que "não vale a pena argumentarmos em nossa defesa" tem uma longa e triste história que entronca na cavaquiana parábola do "bom aluno".

Uma diplomacia inepta e preguiçosa tem presidido ao longo de duas décadas ao nosso relacionamento com a União Europeia. Mas Portugal não é um protectorado da União Europeia, é seu membro de pleno direito e, por intermédio das instituições em que participa, os seus cidadãos têm o direito de livremente se exprimirem e defenderem os seus interesses.
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Oferta e procura, lembram-se?

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Vítor Constâncio chamou a atenção na Conferência da Antena 1/ Jornal de Negócios para um paradoxo que também eu mencionei aqui há dias: se o risco da Grécia é assim tão grande, como se explica que, na recente emissão de títulos da dívida pública grega, a procura tenha excedido quatro vezes (ou cinco, segundo algumas fontes) a oferta?

O mais surpreendente é que, dos restantes oradores, só Silva Lopes mencionou de passagem o facto (sem todavia dele tirar as devidas consequências) e nemhum parece ter querido ou conseguido entender o que significa.

O diagrama acima pode ajudar a refrescar a memória.
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Mais uma grave falha de mercado

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O risco da dívida grega subiu porque o mercado não acredita que a União Europeia vai socorrer a Grécia.

O valor do euro baixou porque o mercado acredita que a União Europeia vai socorrer a Grécia.

Em que ficamos? Se o mercado não acredita que a União Europeia vai socorrer a Grécia, o valor do euro deveria manter-se. Se, pelo contrário. o mercado acredita que a União Europeia vai socorrer a Grécia, o risco da sua dívida não deveria aumentar.

Podemos confiar na opinião do mercado quando ele dá tão evidentes sinais de confusão?
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