28.9.07

A TV rasca ideal

O Luis M. Jorge acha que Santana Lopes teve muita sorte por não ter sido interrompido pelos pais da pequena Maddie.

Isso fez-me pensar que, na TV rasca ideal, Santana Lopes seria interrompido pela chegada de Mourinho, que seria interrompido pelo casal McCann, que seria interrompido pelas escutas sobre a licenciatura de Sócrates, que seriam interrompidas por uma conferência de imprensa de Luis Filipe Menezes, que seria interrompida por revelações de última hora do Apito Dourado, que seriam interrompidas pela libertação de um violador de crianças ao abrigo do novo Código Penal, que seria interrompida pelo anúncio da construção de um aeroporto internacional em Fátima, que seria interrompido pela declaração de voto dos 22 sociais-democratas da Amazónia, que seria interrompida pela reacção de Ricardo Costa à reacção de Santana, que seria interrompida pela reacção de Santana à reacção de Ricardo Costa.

Como é que nunca ninguém se lembrou disto? Anda tudo a dormir, é o que é!

(Desculpem a interrupção, que eu volto já ao meu estado normal.)

27.9.07

Critérios jornalísticos

Interessante que nenhuma cadeia de televisão vá fazer perguntas a Joaquim Ferreira do Amaral por causa disto. Não tem interesse, está bom de ver: o povo prefere o Mourinho.

A ditadura dos advogados

Helena Garrido escreve sobre o país que nunca muda. Não haverá por aí um ranking internacional que nos elucide sobre a posição ocupada por Portugal em matéria de barreiras de acesso às profissões liberais?

Esta gente não aprende

A reacção da SIC-Notícias à atitude de Santana Lopes vai infelizmente na mesma linha da sua inqualificável decisão de interromper a entrevista ao ex-primeiro-ministro para um directo (ainda por cima falhado) sobre a chegada de Mourinho à Portela.

Nos noticiários seguintes, a SIC-Notícias colocou no écrã um título em rodapé que dizia: "Santana chateado abandona entrevista". Se isto não é desinformação, então eu desconheço o significado da palavra.

Hoje, para piorar um pouco as coisas, ouvimos Ricardo Costa, o Director Adjunto de Informação da SIC-Notícias, argumentar que a interrupção obedeceu a um critério jornalístico compreensível e que a reacção do entrevistado teria sido inusitada e desproporcionada. "Um número" de Santana, como ele ainda teve a deselegância de acrescentar.

Nós já sabemos que se tratou de um critério jornalístico. O que criticamos é o fundamento dessa decisão e, sobre isso, Ricardo Costa julga não ter explicações a dar nem a nós nem ao entrevistado.

Ora vejamos. Muitos atropelos à decência e ao bom-senso são diariamente cometidos em nome das pérfidas audiências. Os canais televisivos, dizem-nos os seus responsáveis, não têm outra opção senão submeter-se à vontade popular, visto que, se eles não abrirem os telejornais com sangue, assaltos a bancos e agressões futebolísticas, outros o farão para lhes roubar as correspondentes receitas publicitárias.

Este argumento é falso, mas, neste caso, não vale a pena sequer aprofundar a questão. É que a SIC-Notícias não é um canal generalista como a sua irmã SIC. É apenas sintonizada por uma pequena minoria de telespectadores que, precisamente, pretendem fugir à programação boçal que hoje domina as três principais estações. Ademais, à hora a que o incidente aconteceu, quem se interessa mais por futebol do que pela actualidade política estaria certamente a acompanhar os jogos do Sporting e do Benfica transmitidos em directo na RTP1 e na SportTV.

Nada - mas absolutamente nada - justifica, pois, o despautério da SIC-Notícias, excepto talvez a complacência da sua direcção editorial para com tudo o que possa contribuir para a estupidificação da opinião pública.

De modo que o que este caso nos revela de forma exemplar é as carências de formação cívica da nossa classe dirigente, cujo sentido de responsabilidade parece às vezes consistir apenas em cuidar de receber pontualmente o cheque ao fim do mês - e fazer tudo o que for preciso para que isso aconteça.

O que Ricardo Costa nos deveria esclarecer era o seguinte: e se o entrevistado fosse Francisco Pinto Balsemão, teriam feito o mesmo? Pois é, pois é...

Há louros em Marrocos!



Turistas espanhóis em viagem pelo Norte de África acabam de fazer uma espantosa descoberta: há louros em Marrocos! Todavia, em vez de enviarem para a National Geographic as fotos que conseguiram fazer, preferiram chamar a polícia e os jornais para lhes anunciar que talvez tivessem avistado Madeleine McCann no meio de um bando de mulheres.

Eu tenho porém, uma notícia ainda mais pasmosa para lhes dar: apesar de o extracto racial primitivo ser tão berbere na Ibéria como no Magrebe, também há louros em Espanha!

Há uns séculos atrás, o espanhol comum podia não saber muito sobre o resto do mundo, mas decerto não ignorava que, etnicamente falando, pouco o distinguia dos mouros.

Em pleno século XXI, com a globalização a estender-se a todo o planeta e a aldeia global televisiva a impor a agenda, cresce a ignorância dos povos e das culturas uns pelos outros.

Não há, pois, razão para nos admirarmos quando o Presidente dos Estados Unidos confunde os austríacos com os australianos.

26.9.07

Já não há políticos como este



Hoje, a SIC Notícias interrompeu uma entrevista com Santana Lopes para transmitir a chegada ao aeroporto de José Mourinho.

Santana esperou pacientemente, mas, quando a jornalista pretendeu retomar a entrevista, disse-lhe que não concordava com o que se passara e recusou-se a prosseguir.

Hoje, Santana Lopes fez algo muito importante por todos nós. Oxalá outros recusem também continuarem a deixar-se humilhar por jornalistas sem ética nem maneiras.

É a televisão, estúpido

Francamente, não vejo nenhuma razão para quem que seja se ria a propósito da infeliz campanha para a eleição directa do líder do PSD.

Na minha maneira de ver, este é apenas mais um doloroso passo no progressivo e imparável processo de emporcalhamento da vida pública portuguesa. Nos últimos tempos tem tocado ao sistema judicial, chegou agora a vez do segundo maior partido nacional.

O que se lhe seguirá? Não sei, mas algo ou alguém há-de ser, porque a tanto obriga a implacável lógica do populismo televisivo a que ninguém parece capaz de opor-se com êxito.

Parece evidente haver um momento decisivo - um ponto de viragem, digamos assim - a partir do qual a cedência às exigências mediáticas determina a perda de controlo sobre a situação e conduz à total perda de referências e de consideração dos actores envolvidos por si próprios.

Reparem que Filipe Menezes - a quinta essência do homem sem qualidades - é, como antes dele foi Santana Lopes, uma criatura inventada e incessantemente promovida pela televisão, que cobre afanosamente a sua mais insignificante e torpe declaração.

A baixeza atrai a baixeza, essa é que é verdade.

25.9.07

Novo Código Penal deixa jornalistas mentirosos em liberdade

Desde que se iniciou a arruaça em torno do novo Código Penal, alguns jornais têm anunciado em grandes paragonas, dia após dia, a libertação dos piores criminosos que há em Portugal.

Uma a uma, todas essas notícias têm vindo a ser cabalmente desmentidas e a sua má-fé posta a nú.

Apesar disso, os prevaricadores não desarmam. Ainda hoje, o Correio da Manhã titula: "Abusador de crianças com pena diminuída". Lendo a "notícia", ficamos a saber que afinal não se trata de um facto, mas de uma especulação do jornalista sobre o que poderá suceder se o Supremo Tribunal eventualmente vier a entender a lei num determinado sentido.

Ao lado das atoardas destes inimigos da liberdade de imprensa, o título deste post até poderá passar por bom jornalismo.

A igualdade dos sexos

"Os políticos" - sentenciou o cavalheiro - "deveriam imitar o Mourinho e entenderem que, quando não são mais desejados, chegou a hora de irem embora."

24.9.07



Yayoi Kusama: Flower Blooming in Azumino, 1999.

21.9.07

A igualdade dos sexos

"Coitado do Scolari" - ouvi há pouco dizer uma senhora com ar de pacata dona de casa - "logo foi bater no homem na altura em que o outro foi despedido do Chelsea."

Um preconceito muito difundido pretende que só os homens conseguem ter conversas verdadeiramente estúpidas sobre futebol. Como este caso demonstra, isto não é verdade. Quando se esforçam a sério, também neste particular elas conseguem ser melhores do que nós.

60s Crash Course - Otis Redding: Try a Little Tenderness

19.9.07

O estilo de Aquilino



O que sobretudo distinguia a escrita de Aquilino era o arcaísmo vocabular. De facto, no século XX, o povo já não usava aqueles termos nem se exprimia assim, de modo que o que o escritor nos servia era uma versão fantasiada e excitante para os citadinos do linguajar popular.

Aquilino Ribeiro inventou, assim, um estilo muito seu, inimitado e inimitável, a que, à falta de melhor designação, poderemos chamar snobismo populista, porque, nas mãos do escritor, as supostas falas do povo não podiam ser entendidas sem um dicionário à mão.

Temos aqui, então, uma atitude inversa da daqueles escritores que pretendem usar uma linguagem popular para serem entendidos por todos. Aquilino recorria a uma alegada linguagem popular para evitar ser entendido por todos.

É claro que os livros dele, traduzidos, perdem toda a graça. Temo que o mesmo possa suceder com a passagem do tempo.

"Fartei-me de chorar com o cheque na mão..."

Détruire, dit-il



Há no mundo uma reserva inesgotável de maluquinhos ansiosos por tomarem as rédeas dos assuntos internacionais. Agora que o estado mental da nação americana parece experimentar evidentes melhoras, ataca prontamente a megalomania num outro país de grandes tradições na matéria - no caso, a França.

Pois não é evidente que, quanto mais se brandir a ameaça do ataque ao Irão, maior será a motivação dos seus dirigentes para obterem a arma nuclear e mais convincente a justificação perante o seu povo de que se trata de um acto de legítima defesa?

De bolha em bolha



Houve grande alegria entre os gentios pela decisão da Reserva Federal norte-americana de baixar a taxa de juro indicativa.

De há uma dúzia de anos para cá, é sempre assim: quando uma bolha especulativa ameaça rebentar, a Fed intervém para assegurar que ela continuará a expandir-se. Fá-lo persuadindo os especuladores de que estará lá sempre para cobrir todos os riscos. Mas isso equivale a premiar os comportamentos financeiros aventureiros e irresponsáveis.

O tão incensado génio de Alan Greenspan resumiu-se afinal a esse compromisso reiterado de continuar a fornecer droga barata ao drogado que é hoje a economia americana. E Bernanke não tem força para contrariar a expectativa assim criada em relação à actuação da Fed, tanto mais que Greenspan continua por fora a agitar a opinião pública com as suas declarações grandiloquentes.

O resto do mundo, Europa incluida, não tem, por enquanto, condições para fazer outra coisa senão ir atrás.

Veremos até quando durará a loucura.

Informação objectiva


O gráfico hoje divulgado pelo INE na sua Síntese Económica da Conjuntura é este que se pode ver acima.

O título escolhido pelo Público online de foi: "Clima económico degrada-se pelo segundo mês consecutivo."

17.9.07

60s Crash Course - Wilson Pickett: In the Midnight Hour

16.9.07



Walton Ford: Falling Bough, 2002.

Por quê comemorar?

Vasco Pulido Valente perguntava há dias como é que, sabendo-se o que posteriormente veio a acontecer, ainda há quem comemore hoje a Revolução de Outubro.

Dei comigo a pensar se ele aprovará a comemoração do 5 de Outubro. Não creio... E o 1º de Dezembro? Fará sentido festejar um dos maiores equívocos da nossa história?

Passando a outro assunto: por que haveremos de comemorar o Natal, se o nascimento de Jesus foi o ponto de partida para 2 mil anos de conflitos sangrentos, entre os quais há que incluir as perseguições a múltiplas seitas heréticas, as Cruzadas, a Inquisição, as guerras religiosas dos séculos XVI e XVII, as conversões de continentes inteiros a ferro e fogo e sabe-se lá que mais?

E eu gostaria ainda de questionar que sentido faz assinalar o dia do nosso aniversário, se a vida é uma história que acaba sempre mal.

O homem progride de esperança em esperança, não de triunfo em triunfo. Só assim se percebe que, para desespero dos deuses perversos que nos criaram, a humanidade tenha conseguido sobreviver 1 milhão de anos.

Acerca das Olimpíadas da Matemática



Quase toda a gente parece acreditar que as crianças têm muita dificuldade em aprender matemática porque os raciocínios matemáticos são muito complicados.

Eu creio, ao invés, que a dificuldade em aprender matemática resulta de os raciocínios matemáticos serem excessivamente simples, o que força as pessoas habituadas a raciocínios complexos a uma atitude mental que lhes é estranha.

Reparem que os computadores - meras máquinas - são capazes de realizar operações matemáticas de diversos tipos, mas não de traduzir sofrivelmente um texto simples de português para inglês.

A maioria das vezes em que tive dificuldade em entender uma demonstração matemática consegui superá-la quando entendi que o raciocínio subjacente era muito mais simples - o que usualmente quer dizer: mais linear - do que eu imaginara.

Notem também como certas pessoas particularmente dotadas para a matemática não conseguem desenrascar-se perante dificuldades triviais para o comum dos mortais. Eles são bons a resolver problemas simples, mas não problemas complexos, ou seja, problemas em que múltiplas variáveis interagem entre si, por vezes de forma inesperada.

Por que é tão difícil as escolas ensinarem matemática às criancinhas? Em primeiro lugar, porque as qualidades que fazem um bom matemático são opostas às que fazem um bom pedagogo.

Em segundo lugar, porque muitos matemáticos têm ideias erradas sobre a metodologia matemática, privilegiando o formalismo sobre uma abordagem quasi-empírica, ou melhor, heurística.

No seu magnífico "Proofs and Refutations: The Logic of Mathematical Discovery", Imre Lakatos (em cima, na foto), um popperiano de inclinação hegeliana (sim, também há disso!) sustenta no Apêndica 2 da obra que "a actual educação científica e matemática é um foco de autoritarismo e que é a pior inimiga do pensamento independente e crítico". Embora o seu livro tenha sido editado em 1976, isso continua a ser verdade e a entravar o bom ensino da matemática.

Um remédio para estes e outros males é conhecido: como sugere outro húngaro, o matemático George Polya, em "How to Solve It", a matemática ganha em ser ensinada enfatizando a heurística da resolução de problemas, até porque, desse modo, são simultaneamente desenvolvidas as capacidades de abordagem de todo o tipo de assuntos noutras áreas do saber.

60s Crash Course - The Four Tops: Reach Out I'll Be There

A revolta dos Zequinhas



Se um tal Zequinha (em cima, na foto) é afastado da selecção de sub-garotos por roubar o cartão vermelho a um árbitro - coisa que, convenhamos, até tem a sua graça -, como poderemos admitir que a Federação, nesse caso tão peremptória, deixe impune o chefe dele e de todos os outros Zequinhas que povoam as selecções nacionais?

Ao longo dos últimos anos foram mais do que muitos os actos de violência praticados pelos internacionais portugueses de futebol dos mais diversos escalões, culminando na destruição de um balneário em França. Ficou agora claro que o exemplo vinha de cima.

Acresce que os Zequinhas séniores tiveram o descaramento de cometer há dias um motim contra a Federação - e, pior ainda, contra o público que somos nós - sob a forma de abaixo-assinado de apoio a Luis Filipe Scolari.

Chagadas as coisas a este ponto, ou Scolari é demitido, ou nunca mais ninguém tem mão no comportamento dos futebolistas que pretendem representar o nosso país. Isto é absolutamente claro. O próprio Scolari - cuja primeira decisão ao tomar conta da selecção foi afastar dela definitivamente João Pinto por ter agredido um árbitro - não pode deixar de concordar com isto.

Não há nada mais falso do que dizer-se, como o Maradona, que "O futebol é o futebol e o futebol só é exemplo para uma coisa: jogar futebol".

A bisca lambida é um jogo. O futebol é muito mais do que um jogo, a tal ponto que, às vezes quase apetece perguntar se ainda será um jogo.

No mundo de hoje, e ainda mais no nosso país, o futebol tornou-se numa das poucas coisas que interessam a um grande número de pessoas, senão à grande maioria delas.

Há muitas razões para isso. Uma delas é que, numa conjuntura de quase absoluto triunfo do individualismo extremo, o futebol dá-nos a oportunidade de nos identificarmos com algo que nos devolve o sentimento de pertença a algo mais vasto e transcendente. (É uma transcendência pobrezinha, mas é uma transcendência na mesma.)

O futebol preenche um vazio, e não serei eu a criticá-lo por isso, na medida em que o faz de forma relativamente benigna. Há outras formas de canalizar este anseio de dissolução do indivíduo no colectivo através da embriaguez dos sentidos e do excesso, quase todas elas mais perigosas.

O impulso dionisíaco está por detrás da paixão contemporânea pelo desporto em geral, e, em particular, pelo futebol. Mas é o elemento apolíneo - isto é, as regras escritas, mas também o indefinido fair-play - que o tornam a um tempo interessante e suportável numa era civilizada como a nossa.

Perca-se isso de vista, e o futebol deixar de ser um veículo socialmente útil de sublimação da violência que se acoita na nossa natureza para se converter num catalizador dos instintos de destruição. Temos bastos exemplos de como isso pode acontecer.

É claro que uma pessoa pode legitimamente argumentar que, a ela, só lhe interessa o lado lúdico e estético do futebol, e que tudo o mais não lhe diz nada.

Mas eu acredito, ao invés, que, na arte como no futebol, o esteticismo é um mau guia para a fruição das obras que ambos têm para nos oferecer.

14.9.07

Divisões ultrapassadas?

Que a agressão de Scolari a um jogador sérvio pudesse vir a revelar-se um ponto de clivagem entre a direita e a esquerda, eis algo de que certamente eu não estava à espera.

Não acreditam? Então leiam aqui, aqui, aqui, aqui, e ainda - era inevitável - aqui. A apologia da violência com os mais variados pretextos que aí encontramos não pode deixar de surpreender e fazer pensar. O verniz estalou com muita facilidade.

O Daniel Oliveira fez uma excelente síntese do que está em causa neste debate.

60s Crash Course - Sam & Dave: Soul Man

13.9.07



Lori Hersberger: Sunset 184, 2006.

O clube sem qualidades



Em teoria da comunicação, posicionamento é a impressão sintética e estruturante que uma pessoa, instituição ou coisa deixa em nós.

No dizer do publicitário Ed McCabe, posicionamento "é o que dizem de nós quando não estamos presentes". Todos deixamos atrás de nós um rasto de percepções das quais só em parte estamos conscientes. Usualmente, uma delas sobrepõe-se a todas as restantes: é o nosso posicionamento pessoal.

Logo, o posicionamento é algo que, no essencial, não está sob o nosso controlo. Tudo o que podemos fazer é procurar tirar partido do seu lado mais luminoso ou favorável.

A foto acima foi tirada na Baixa de Lisboa. O que nos diz sobre os três clubes é tanto mais relevante quanto reflecte o ponto de vista de alguém que, acredito eu, se limita a reflectir o ponto de vista dos demais.

Assim, o FC Porto é "o clube campeão". É percebido como o líder da sua categoria, tal como o são a Coca-Cola, a Nike ou a Compal.

O Benfica é "um clube diferente", mas não se sabe bem em quê. A diferenciação em abstracto não é nada. Se a alegada diferença fosse clara e indiscutível, saberíamos dar-lhe um nome. Porventura já soubemos, mas entretanto esquecemo-nos. Que tal "o clube popular"?

Quanto ao Sporting, esse é apenas o Sporting, ou seja, um clube aparentemente sem qualidades. Pela minha parte proporia que fosse posicionado como "o clube levezinho", mas duvido que os sportinguistas aprovassem.

Só que o posicionamento tem destas coisas: é o que é, não o que gostaríamos que fosse. De modo que "o clube levezinho" é de facto aquilo que, exceptuando os sportinguistas, o resto do mundo acha mesmo que ele é.

Gato por lebre

Dani Rodrik formulou há dias no seu blogue a seguinte pergunta: se os americanos se queixam de os chineses venderem para o seu país brinquedos com matérias-primas tóxicas, por que é que o resto do mundo não há-de poder queixar-se de os americanos lhe venderem créditos de qualidade deficiente e, eventualmente, pedir para ser indemnizado? Ora leiam:
Suppose a large trading nation is found to export huge quantities of products which have not been subject to proper regulatory oversight at home and create important risks for the buyers. And suppose further that importing nations have had to face serious repercussions as a result. When pressure is brought on the exporter of hazardous products to tighten its act and to increase regulatory cooperation with other nations, the country scoffs and says: "this is a domestic matter; we do not need any international oversight or pressure."

No I am not talking about Chinese toys. I have in mind instead complex financial instruments sold by the U.S.--which having been improperly evaluated by U.S. rating agencies and hence mispriced, and having been marketed abroad in huge quantities, are now wreaking havoc in financial markets everywhere.
A meu ver, a questão faz todo o sentido.

"Visto da Economia"

Só agora descobri o novo blogue de Helena Garrido. Uma boa notícia para quem se interessa por temas de economia.

Regresso aos bons velhos tempos

Como a selecção nacional não é tema que me comova excessivamente, só assisti aos últimos vinte minutos do desafio.

Foi tempo mais do que suficiente para entender que Ronaldo - cujas correrias insensatas como se estivesse só em campo deram o tom ao jogo - é agora quem manda na equipa portuguesa.

Ora a diferença entre Figo e Ronaldo é a mesma que separa um futebolista com uma presença única de um rapaz talentoso cuja grande vocação é o circo.

Hoje temos uma superabundância de rapazes talentosos apostados em fazer fortuna a jogar em Espanha ou Inglaterra e uma carência de líderes com espírito competitivo.

Voltámos ao tempo em que os jogadores iam para a selecção fazer aquilo que lhes era vedado nos seus clubes. Desta vez nem o instinto de sobrevivência salvou Scolari.

Afinal, qual é o PIB do Dalai-Lama?

12.9.07

Retrato de e-financas.gov.pt



As Finanças segundo aharef.

Retrato de público.pt



O Público segundo aharef.

Retrato do Abrupto



O Abrupto segundo aharef.

Retrato do Arrastão



O Arrastão segundo o aharef.

Retrato do Bloguítica



O Bloguítica segundo aharef.

Retrato do 31 da Armada



O 31 da Armada segundo aharef.

Retrato do Adufe



O Adufe segundo aharef.

11.9.07

Retrato do Causa Nossa



O Causa Nossa segundo aharef.

Livros de que não percebi pevas

Louis Althusser: Lire Le Capital.

Rosa Luxemburgo: A Acumulação do Capital.

Jacques Lacan: Écrits.

Roger Penrose: The Emperor's New Mind.

Jacques Derrida: Heidegger et La Question.

Harald Fritzsch: Quarks.

Giorgio Agamben: A Comunidade Que Vem.

Lee Smolin: Three Roads to Quantum Gravity.

Gregory Chaitin: Meta Math!

(São apenas alguns exemplos, claro está.)

Retrato do Bomba Inteligente



O Bomba Inteligente segundo aharef.

Retrato do Mar Salgado



O Mar Salgado segundo aharef.

Retrato do Ex-Ivan Nunes

Retrato do A Causa Foi Modificada

Retrato do 5dias

Retrato do bl-g--x-st-



Alguém (não consegui descobrir o nome) inventou um programa que permite visualizar as conexões de qualquer site na internet. O grafismo acima representa as do bl-g--x-st-.

O código das cores é o seguinte:
Blue: for links (the A tag)
Red: for tables (TABLE, TR and TD tags)
Green: for the DIV tag
Violet: for images (the IMG tag)
Yellow: for forms (FORM, INPUT, TEXTAREA, SELECT and OPTION tags)
Orange: for linebreaks and blockquotes (BR, P, and BLOCKQUOTE tags)
Black: the HTML tag, the root node
Gray: all other tags

Podem ir ver o desenho do vosso blogue neste endereço.


Heather Brown: Lunch, 2002.

Livros de que, aparentemente, só eu gosto

Daniel Defoe: Diário da Peste de Londres.

Thomas de Quincey: Do Assassinato Considerado Como Uma das Belas Artes.

Turgueniev: Pais e Filhos.

Stevenson: O Pavilhão na Praia.

Chesterton: O Homem Chamado Quinta Feira.

Isaac Babel: Contos de Odessa.

Josef Roth: A Marcha de Radetzki.

Anthony Powell: Dancing to the Music of Time.

Bruce Chatwin: Na Patagónia.

Raymond Carver: Importas-te de Estar Calado?

Viktor Pelvine: A Flecha Amarela.

10.9.07

60s Crash Course - The Temptations: Get Ready



Manfred Kuttner: taptvaas, 1962.

Livros que me alimentaram

Não se trata de bibliofagia, uma forma extrema de bibliomania
que se encontra amplamente documentada, embora de momento eu não tenha os documentos aqui à mão.

Esta lista inclui alguns dos livros que mais me ajudaram a ganhar a vida, ou, mais precisamente, a ter acesso a actividades profissionais melhor remuneradas ou a conquistar clientes.

1. Peter Drucker, Management: Taks, Responsibilities, Practices.

2. Theodore Levitt, The Marketing Imagination.

3. Michael Porter, Competitive Strategy: Techniques for Analyzing Industries and Competitors.

4. Alfred Sloan, My Years With General Motors

5. David Ogilvy, On Advertising.

6. Al Ries & Jack Trout, Positioning: The Battle for Our Minds.

7. Bob Stone, Successful Direct Marketing Methods

8. Alfred Chandler, The Visible Hand: Managerial Revolution in American Business.

9. Andrew Ehrenberg, Repeat-Buying: Facts, Theory and Application.

10. Christian Gronroos, Service Managemnt and Marketing: Managing the Moment of Truth in Service Competition.

À baliza... ninguém



O FC Porto foi Campeão Nacional sem guarda-redes, no ano em que a sua baliza esteve entregue a Hilário.

Scolari insiste há três anos na mesma táctica, e agora queixa-se de ter tido azar no sábado.

Vejam e revejam a jogada. Aquela bola até um maneta esforçado a defendia.

Livros que releio continuamente

Estes são livros que releio continuamente, muitos deles há décadas. Em alguns casos não sei bem porquê, mas tenho esperança que haja alguma razão. O que eu sei é que, por exemplo, se abro A Cartuxa da Parma em qualquer página ao acaso, quando dou por mim já terei lido umas boas dezenas delas. O início do romance tem um ritmo irresistível, como uma espécie de cavalgada triunfante que, no final, me deixa exausto e feliz. Deve ser feitiço, creio eu.

Xenofonte: Anabase.

Heródoto: Histórias.

Diderot: O Sobrinho de Rameau.

Stendhal: A Cartuxa de Parma.

Robert Louis Stevenson: A Ilha do Tesouro.

Eça de Queiroz: Os Maias.

Joseph Conrad: Coração das Trevas.

Marcel Proust: Em Busca do Tempo Perdido.

Jorge Luis Borges: Ficções.

Bulgakov: O Mestre e Margarida.


Rachel Whiteread: Enbankment.

7.9.07

Degradação



Esta foto de Gorbachev ilustra uma campanha publicitária recente da Louis Vuitton. O texto diz o seguinte:
"A journey brings us face to face with ourselves. Berlin Wall. Returning from a conference."

Livros sem pedigree que me encheram as medidas

1. Robert Louis Stevenson: "A Ilha do Tesouro".

2. Mark Twain: "Tom Sawyer".

3. Michael Dibdin: "Cosí Fan Tutti".

4. John Le Carré: "O Espião que Veio do Frio".

5. Dashiel Hemmett: "A Ceifa Vermelha".

6. Robert Louis Stevenson: "Raptado".

7. Raymond Chandler: "O Longo Adeus".

8. Philip K. Dick: "A Lotaria Solar".

9. Robert Littell: "The Company".

10. Alexandre Dumas: "O Visconde de Bragelonne"

A ordem é arbitrária.

Jornalistas transgénicos

A que horas soube a GNR de Silves do ataque à plantação de milho transgénico? Quanto tempo demorou a lá chegar?

Ora eu tenho outras perguntas para fazer, e, como não sou o Ministro, posso fazê-las mesmo:

As televisões foram informadas do que ia passar-se? Com que antecedência souberam? Tendo conhecimento do que se projectava, por que não avisaram com antecedência as autoridades? Sacar imagens para a abertura do telejornal é mais importante do que prevenir um crime?

Ética jornalística... Ai, ai...

6.9.07

Livros que não tiveram a oportunidade de mudar a minha vida

Eis uma lista de 10 livros que, vergonhosamente ou talvez não, deixei a meio:

1. Thomas Mann: "A Montanha Mágica".

2. José Saramago: "O Ano da Morte de Ricardo Reis".

3. Robert Musil: "O Homem Sem Qualidades".

4. Herman Melville: "Moby Dick".

5. Dino Buzzatti: "O Deserto dos Tártaros".

6. Goethe: "Fausto".

7. Dostoievski: "Os Irmãos Karamazov".

8. Albert Camus: "A Peste".

9. Gustave Flaubert: "Salammbô".

10. Franz Kafka: "O Processo".

Houve mais, é claro; mas, por hoje, basta de intimidades.