31.12.11

Ray Charles: Põe-te a milhas, Relvas

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Ralph Alessi Ensemble

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30.12.11

Altura é saúde

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Portugal é um dos países em que a altura das novas gerações mais aumentou em relação à das antigas. Isto é geralmente considerado um indicador da melhoria das condições gerais de saúde da população.
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Os bichos do papel preferem comida italiana

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Este livro tem escassos meses, mas os bichos do papel já deram conta dele. Há qualquer coisa naquela tinta que devem ter achado particularmente saboroso.

Como sei eu que foram eles? Porque apanhei os meliantes em flagrante delito.
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Latagões jogam melhor à bola

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Há uma razoável correlação (0,53) entre a altura média dos homens de um país e o lugar que ele ocupa no ranking da FIFA. Tratar-se-á de uma correlação espúria? Voltarei a este tema, porque existe hoje uma linha de pensamento que atribui uma grande importância à altura como preditor do desempenho económico e social.

(Note-se que Portugal tem um desempenho claramente superior àquele que a altura média da grei faria prever.)
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29.12.11

Cafés, o negócio do futuro

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Um post divertido e inspirador sobre possíveis consequências da progressiva desmaterialização da indústria e dos serviços. Eis um excerto:
My Christmas shopping this year was 90% through Amazon Prime. Not having to fight the crowds and having it delivered free of charge to my home is a big plus, but as with the Kindle store, the online retail selection is much better that even the largest retail outlet.

Which is more enjoyable: Starbucks or Walmart? For the sane: Starbucks. So if you can accomplish your Walmart shopping at Starbucks, why do it any other way?

Also, imagine the 3D print shop of the future. You put in your order, probably from your smart phone, and then go pick it up. What does the lobby of such a business look like? Again: a coffee shop.
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Não liguem, é só publicidade

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26.12.11

Sinatra: Love and Marriage

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19.12.11

Charlie Parker: Romance Without Finance

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18.12.11

O fado, património da humanidade

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O bisavô de Américo Amorim criou a fábrica corticeira da família em 1870, mas o empresário afirma que só quando concluíu a 4ª classe, em 1944, começou a usar sapatos. Deve ter sido porque a Escola Académica do Porto, para onde entrou no ano seguinte, não admitia alunos descalços.

A Jerónimo Martins foi fundada no ano da revolução francesa. Há uns anos valentes, pois, que a empresa faz uns cobres. Porém, Alexandre Soares Silva alega que o seu pai não teve condições económicas para cursar Direito.

O fundador do mais resiliente grupo económico português era um enjeitado. O nome que lhe puseram - José Maria Espírito Santo - traduz essa infeliz condição de criatura sem pai nem mãe. Teve, porém, a sorte de ser acolhido e educado por uma boa senhora que assegurou que nada lhe faltasse.

Sendo ponto assente que não dispunha de fortuna pessoal, como terá ele podido, ainda muito jovem, com apenas 18 anos de idade, em 1869, dispor das elevadas quantias que lhe permitiram arrematar a distribuição em Portugal da lotaria espanhola, negócio que lhe permitiu lançar as bases da fortuna que depois construiu?
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16.12.11

Milionários inconsoláveis

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Estou finalmente a ler um livro sobre grandes empresários portugueses do século XX que me foi oferecido há coisa de oito anos por um dos retratados.

Continuo a fascinar-me com a quantidade de milionários que alegam origens modestas ou mesmo indigentes, sem dúvida no intuito de valorizarem os seus feitos.

Toda a gente sabe, por exemplo, que o Bulhosa pretende ter começado a sua atividade a distribuir combustíveis numa carrinha puxada por um burro.

Mas a história é consideravelmente distinta.

O pai do Bulhosa era um grossista de carvão e vinhos que trazia para Lisboa por via fluvial. Que vivia bem, prova-se pela circunstância de o Bulhosinha filho ter nascido na Rua Anchieta ao Chiado, à época zona residencial de gente com posses.

O que sucedeu foi que, na sua juventude, Bulhosa teve a ideia de alargar o negócio do paí à distribuição retalhista pelas carvoarias e tascas da capital em carroças de burros. Acresce que ao moço agradava fazer de vez em quando a ronda pelos fregueses.

Donde se infere que a lenda não é exatamente verdadeira. Se quisermos ser mais severos, poderemos também considerá-la razoavelmente falsa.
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15.12.11

Elliott Carter: Sinfonia para Três Orquestras

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14.12.11

Esse menino vai estar no Porto a partir de Janeiro

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Portico Quartet: Dawn Patrol

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11.12.11

Portico Quartet: Line

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Não se deve abusar da credulidade da juventude

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Este post de Greg Mankiw, suscitado pelo movimento de contestação da economia ensinada em Harvard pelos estudantes dessa universidade, parece escrito de propósito para ilustrar o que eu penso sobre o que está errado no modo como se ensina economia.

A propósito de uma intervenção crítica de Steve Marglin diz Mankiw que, embora concorde com muito do que por ele é dito, tem uma discordância de ordem pedagógica que exprime deste modo:
A main disagreement I have with Steve is pedagogical. I believe his critiques of mainstream economics should be presented after students have had a standard course like ec 10. That is, I would suggest Steve aim his course at sophomores rather than freshmen. If he did, he could attract a lot of economics majors who had just finished ec 10, rather than nonmajors who are avoiding it.
Eis uma forma mais desagradável mas também mais exata de pôr a coisa, que eu prefiro:
Os caloiros devem ser primeiro doutrinados com doses massivas de teorias destituídas de sólidos fundamentos científicos e mais precisamente de sólida base empírica. Mais tarde, com as cabeças já formatadas e depois de os alunos terem feito um investimento intelectual significativo a aprender coisas reconhecidamente erradas, estarão preparados para que lhes seja revelada a verdade, ou seja que passaram anos e anos a aprender tretas inúteis ou mesmo prejudiciais para uma sadia formação económica.
Pessoalmente, só vejo uma vantagem (digamos assim) na orientação preferida por Mankiw. É que, uma vez impregnados dos preconceitos da seita e familiarizados com os respectivos rituais, os estudantes submetidos ao processo recomendado de lavagem ao cérebro estarão mais inclinados a fazer-lhes pequenos ajustamentos do que a deitarem toda essa tralha para o lixo.
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10.12.11

Ilegalizar o keynesianismo

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A única coisa que nesta circunstância parece ocupar a cabeça do PS de Seguro é saber se a limitação do défice a um máximo de 0,5% do PIB (porque não, como seria mais correcto, do PNB?) deve ser plasmada na Constituição ou numa mera lei ordinária.

Poderemos concluir daqui que o PS está de acordo com o princípio em si mesmo, visto que desta vez não pode desculpar-se com os compromissos assumidos com a troika.

Ora tanto a ideia de fixar limites legais ao défice como a de aplicar sanções automáticas a quem os ultrapassar são estúpidas.

Imagine-se que um país europeu sofre uma catástrofe nuclear semelhante àquela que este ano abalou o Japão. Deverá ele ainda por cima ser penalizado?

É claro que este é um exemplo extremo que serve apenas para evidenciar o absurdo da coisa, mas o facto é que os países são a todo o tempo afectados por factores imprevisíveis de origem natural ou humana.

Foi o que sucedeu recentemente com a crise financeira mundial que, ao determinar a contração das receitas fiscais fez explodir os défices públicos.

Note-se, porém, que o acordo ontem aprovado não prevê na verdade sanções automáticas, fazendo-as depender sempre da aprovação de uma maioria qualificada, que, de resto, não especifica. Pode-se pois argumentar que a regra será moderada pelo bom senso - algo muito preocupante dado que o bom senso não parece abundar em quem hoje dirige os destinos da UE.

Poder-se-á então em certas circunstâncias indeterminadas violar o limite do défice devido ao azar, mas nunca em resultado de uma deliberação voluntariamente assumida.

Ora isto equivale a ilegalizar uma modalidade de política económica perfeitamente respeitável, apenas porque certas pessoas, forças políticas e governos perfilham doutrinas às quais aborrece o keynesianismo.

Próximo passo: proibir nas faculdades de economia o ensino de teorias subversivas e perturbadoras da tranquilidade pública.
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Países dispensáveis e realinhamento europeu

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Já tínhamos sido recentemente notificados que a Grécia pode ser considerada descartável, o que valeu como um iniludível aviso para nós próprios.

Soubemos agora que tampouco a Grã Bretanha faz falta ao conceito prussiano da Europa. O dominó que se segue é logicamente a Irlanda, e a Itália só tem cabimento neste concerto como protectorado do Sacro Império Romano-Germânico, afinal a situação de que há escassos dois séculos lograra libertar-se.

Pasmo com a tranquilidade da França, sem dúvida determinada por uma ignorância história abissal, ao ver a União Europeia alienar um a um os seus aliados tradicionais.

A área preferencial de influência da França sempre se centrou na Ibéria, na Itália e no Mediterrâneo, únicos lugares do mundo civilizado onde a francofonia ainda tem alguma expressão. A prosseguir o curso atual, ficará isolada entre nações que nada querem saber dela.

Quanto à Grã Bretanha, a ausência de uma verdadeira política europeia que não a ditada pelos chauvinismo dos seus tablóides, permitiu que, na hora da verdade, ficasse apenas humilhantemente acompanhada da Hungria. Só um profundo alheamento em relação ao estado presente da política europeia pode ter levado Cameron a acreditar que conseguiria ter sucesso.

O facto é que também o Reino Unido, obcecado com uma América que pouco lhe liga, tem descurado as suas alianças históricas na Europa, as quais cobrem essencialmente o vasto arco que, envolvendo o Continente, vai da Escandinávia à Turquia, abrangendo a Irlanda, Portugal, a Itália, a Grécia e o Médio Oriente.

As realidades geo-estratégicas são, porém, mais fortes. Atrás do Reino Unido tenderemos a ir tanto nós como os outros territórios europeus de vocação marítima, tanto atlântica como mediterrânica, compensando o movimento de recentramento da União Europeia a leste do Reno.
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9.12.11

Introdução à dívida

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A dívida americana em proporção do PIB sobe e desce ao longo dos anos, coincidindo os picos com conflitos armados ou crises de especial gravidade.

Em valor absoluto, porém, a tendência é para ela crescer sempre, mesmo quando se expande mais lentamente do que o produto nominal.

A mera observação confirma, pois, que a dívida é renovada, renegociada ou reestruturada - mas nunca paga. Sucede assim porque novos projetos são lançados e financiados ao mesmo tempo que outros, antigos, são concluídos e amortizados.

Eis outra forma, porventura mais feliz, de explicar a coisa:
As dívidas dos Estados são por definição eternas. As dívidas gerem-se. Claro que não devemos deixar crescer a dívida muito, porque isso pesa depois sobre os encargos. Todavia, para um país como Portugal, é essencial financiamento para desenvolver a sua economia.
Estou, é claro, a citar Sócrates. Exige-se um módico de inteligência para compreender isto.
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7.12.11

Vamos experimentar enfiar o gato no micro-ondas para ver o que acontece

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Do meu artigo de hoje no Negócios:
O euro é o ornitorrinco do mundo financeiro, uma ave mamífera rastejante que se imagina capaz de altos voos. Mas não se pense que foi concebido assim por engano: as primeiras versões do projecto da moeda única europeia, traçadas nos anos 70, incluíam quase tudo o que agora se reconhece faltar-lhe: união fiscal, união política, flexibilidade numa fase de transição, euro-obrigações e um emprestador de última instância.

Foi preciso muito trabalho de sapa, liderado pela casta sacerdotal do Bundesbank, para dar à luz o fastidioso monstro que agora temos. Não por acaso, a arquitectura do euro ignora olimpicamente toda a experiência acumulada de gestão monetária internacional no último século e meio, incluindo a indispensabilidade de um emprestador de última instância para enfrentar situações de pânico bancário e a instabilidade inerente aos sistemas de câmbios fixos.

Temos por isso a comandar os destinos do euro um banco cujos estatutos, violando a norma dos países desenvolvidos, não incluem a responsabilidade de fomentar o crescimento e o emprego, levam a independência ao ponto de não ter que prestar contas a ninguém e o proíbem, mesmo numa situação de emergência limite, de financiar directamente a dívida pública.
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6.12.11

O bluff de Ângela Merkel

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Sabe-se que há por aí muita miséria escondida em grandes bancos europeus, nem todos da zona euro.

Suponhamos que, com a crescente perceção de risco e consequente fuga de capitais para fora da zona euro, um deles atira um dia destes a toalha ao chão. Suponhamos, com um ligeiro esforço adicional de imaginação, que isso sucede com o Commerzbank, segundo maior banco alemão, de cujo capital um quarto já se encontra nas mãos do governo federal.

Teremos então duas soluções: ou a Alemanha assume integralmente a responsabilidade da sua recapitalização ou o BCE avança com a artilharia toda.

Hipótese alternativa: a Itália não consegue refinanciar-se para a semana e corre o risco de falhar pagamentos. E lá teremos outra vez o BCE a entrar em ação.

O governo alemão sabe que a probabilidade de uma situação de emergência desate tipo aumenta a cada dia que passa. Não ignora também que, nesse dia, digam o que disserem os tratados, jamais o banco central europeu se resignará a assistir passivamente ao colapso da zona euro.

Neste contexto, o compromisso que Merkel pretende obter em 9 de Dezembro dos seus parceiros pode ser considerado como uma tentativa de salvar a face, de modo que poderá sempre dizer que aceitou a intervenção do BCE porque, em compensação os estados-membro concordaram com um reforço da disciplina orçamental sob controlo da Alemanha.

É claro que tudo isto não passa de uma ficção. Alguns países terão que realizar referendos para aprovar a mudança dos tratados. Outros, a começar pela Inglaterra, exigirão contrapartidas dolorosas. Por muito bem que as coisas corram, não se imagina que seja possível uma revisão do tratado de Lisboa antes de Abril ou Maio. Antes - muito antes - disso, desencadear-se-á a crise financeira.

De modo que seria perfeitamente possível que, na próxima cimeira europeia, uma maioria de estados europeus mandasse Merkel passear. Por outras palavras, que desmontasse o seu bluff.

Na verdade, o poder efectivo da Alemanha sobre os destinos da União Europeia diminui a cada dia que passa.

Giro giro era o Commerzbank ser o primeiro banco diretamente socorrido pelo BCE.
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5.12.11

Muito provável, muito provável

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