31.12.10

Escritores russos

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Risco, porquê?

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Incerteza e risco

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Ciências e afins

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30.12.10

Pintoras portuguesas

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Escritores portugueses

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O candidato

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Antes de Cavaco chegar a Belém, ser Presidente da República em Portugal não parecia uma tarefa excessivamente complicada.

A triste figura que Cavaco Silva fez na República Checa, consentindo no enxovalho público do país, revelou-nos que essa ilusão se devia ao facto de todos os anteriores titulares do cargo terem algo de que o actual carece em absoluto: espinha vertebral e sentido de lealdade ao país.

A falta de sentido patriótico do actual inquilino do Palácio de Belém exprime-se de resto continuamente na sua preocupação de explicar aos portugueses os problemas e as preocupações de Angela Merkel, do BCE e dos credores externos, como se a sua responsabilidade fosse para com eles e não para connosco.

Chegou agora ao ponto de qualificar de "insultos" todas e quaisquer opiniões distintas das patrocinadas pelos distintos "mercados". O "bom aluno", já se sabe, distingue-se por ser especialista em dar manteiga aos mestres; quando os lixa, há-de ser sempre às escondidas.

Nunca o país esteve tão desprotegido como agora, quando o seu Presidente, em vez de falar em sua defesa, antes faz coro com as agências de rating que invocam ser a nossa situação económica "insustentável". Se é o próprio Presidente da República de Portugal quem o afirma, quem são os investidores estrangeiros, o BCE e o FMI para o contrariarem?

Chegamos finalmente ao tema da seriedade. Como qualquer bom filisteu, Cavaco Silva interpreta a expressão "seriedade" da forma que melhor se adequa à defesa das suas acções e omissões.

A seriedade, para ele, é um estado de espírito perfeitamente compatível com a agitação à sua volta de toda a casta de malandros que fazem e desfazem bancos, planeiam negócios obscuros e conspiram para plantar nos jornais notícias programadas para socavar a confiança no governo e influenciar eleições.

Ele não sabe de nada, no mesmo sentido em que o bom povo alemão não sabia de nada apenas porque não se perguntava para onde teriam ido os seus vizinhos judeus desaparecidos ou que relação teriam com esses desaparecimentos os comboios atulhados de gente que todos viam rumar a leste.

Mas se não sabe nem quer saber, se é possível rodear-se de gente imprópria para consumo durante duas décadas sem suspeitar do quer que seja, se inclusive chegou a acreditar que o Conselho de Estado era um lugar apropriado para lá enfiar um deles, cabe perguntar que discernimento tem esta criatura de Deus?

Estaremos condenados a manter em Belém uma pessoa assim?
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Modernismo literário

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29.12.10

Literatura francesa

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Compositores de vanguarda

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Guerra e paz no Jardim do Éden digital

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Encaro o fenómeno WikiLeaks como apenas mais uma consequência das implacáveis leis da economia digital. Como tal, não acredito na eficácia de tentativas para travar as fugas de informação por meios legais ou tecnológicos. Por outro lado, tampouco alimento uma visão idílica da "sociedade transparente" como paraíso da liberdade de expressão.

Quando o acesso à informação em bruto se torna ilimitado, a batalha pelo controlo das mentes faz-se menos pela gestão dos segredos do que pelos processos de filtragem que condicionam o modo como a realidade é entendida. É aqui, portanto, que cabe focalizar as nossas atenções.

É disso que trata o meu artigo desta semana no Jornal de Negócios.
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Modernismo musical

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Grandes pianistas

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Grandes maestros do século XX

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Crosby, Stills & Nash: Teach Your Children Well

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27.12.10

O frio português

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Alguns dizem que o frio português é húmido, por isso mais difícil de suportar. Outros pretendem que as nossas habitações são mal construídas, mal isoladas e mal aquecidas, daí assemelharem-se mais a arcas congeladoras do que a refúgios contra as intempéries.

Do que não há dúvida é que, nos edifícios públicos, nos espaços comerciais, nos cafés, nas passagens subterrâneos e nas estações de comboios somos rotineiramente expostos a correntes de ar árctico.

Entre nós, o frio vem de súbito e vai-se depressa, de maneira que quando finalmente descobrimos os abafos esquecidos num armário recôndito, já não fazem falta. Entretanto, no tempo que medeou entre a busca e a descoberta, batemos o queixo com desespero.

O frio a sério é por cá encarado como uma surpresa inesperada, como se nunca antes tivesse ocorrido em Portugal, como se fosse um fenómeno tão raro que não merecesse ser analisado e resolvido. Não tarda, está aí o Verão...

Escutei nos últimos dias várias teorias que procuram explicar porque padecemos cá mais frio do que na Suécia, mas nenhuma delas me convence.

Cá para mim, o frio português é pior porque é mau.
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25.12.10

Wagner e os outros

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Ópera sem Wagner

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Wagner, not as bad as it sounds

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Clássicos, sem Wagner

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Blues

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24.12.10

Pop

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Europa vs. América

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PIIGS

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BRICs

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23.12.10

Família e trabalho

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Grupos de referência

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Valores e secularidade

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Mono good Stereo bad

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Política

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Geometria

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Condição pós-moderna

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22.12.10

Uma espécie de orgasmo

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Planeamento vs. concorrência

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Macro vs. micro

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Media

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Competição vs. cooperação

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Luta de classes

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21.12.10

Distribuição do rendimento

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Eufemismos empresariais

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Estrutura económica

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Teóricos da gestão, o grande arraso

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20.12.10

Armstrong, Ellington, Davis e mais alguns

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Corrigido em 21.12: faltava Coltrane!

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Economistas clássicos

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Economistas com Marx

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Economistas sem Marx

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19.12.10

Popularidade de cientistas

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A Terra está cada vez mais popular

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Comunicações

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Transportes

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15.12.10

Vejam a importância relativa que tem em Portugal a consulta da versão em inglês da Wikipedia

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"Não digam aos meus netos que vou votar Cavaco, eles julgam que eu sei ler e escrever!"

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Cream: Rollin' and Tumblin'

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14.12.10

Wiki-ingenuidades

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Uma das coisas mais absurdas que têm sido ditas sobre o escândalo Wikileaks é que a origem da fuga está na multiplicação de documentos classificados como secretos conjugada com o escasso cuidado com que os EUA tratam a informação confidencial.

Deduz-se que alguns remendos no sistema reporão níveis aceitáveis de protecção e que poderemos todos voltar a dormir descansados.

É muito fácil descobrir a posteriori falhas no sistema de segurança, e até já foram apresentados argumentos convincentes demonstrando a sua existência. O problema central, porém, não está aí.

Richard Feynman explicou algures que, marcando os átomos que cabem na cabeça de um alfinete com “0” e “1”, é possível enfiar lá toda a informação jamais produzida pela humanidade.

Na prática, ainda não chegámos lá, mas hoje já se pode transportar com facilidade todos os arquivos da CIA no bolso. Não tarda, circularão sob a ponta da unha do meu dedo mindinho.

Há coisa de dois anos, houve enorme alarido em Inglaterra por ter sido encontrado num táxi um CD contendo milhões de registos de contribuintes individuais.

Essas coisas acontecem porque é cada vez mais fácil registar, copiar e partilhar informação, e só será possível impedir isso proibindo, entre outras coisas, os telemóveis, os computadores e a internet.

O fenómeno Wikileaks é apenas mais uma consequência das implacáveis leis da economia digital. Tentativas para travar as fugas por meios legais ou tecnológicos estão antecipadamente condenadas ao fracasso.

É, pois, com essa realidade que vamos ter que aprender a lidar.
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Eu quero que a Verdade tenha muitos meninos

Alguns dos meus maiores sucessos literários assentam infelizmente em torpes mal-entendidos.

Foi assim que um aspirante a nazi me endereçou há pouco um email gabando a "coragem" de um artigo onde ironicamente me colocava na posição de um adversário da democracia que via no actual curso da política económica europeia a oportunidade ideal para liquidar de vez a soberania popular.

Mais recentemente, um anti-ateu criticou o meu post "Teoria e prática da religião" por ele alegadamente revelar uma concepção de Deus filosoficamente desactualizada.

Certas pessoas acreditam que a única razão válida para alguém escrever num blogue é o desejo de transmitir a Verdade à multidão.

Mas há quem escreva apenas para matar o tempo, para se divertir, para ser apreciado ou detestado, para irritar alguém, para descobrir o que pensa, para testar certas ideias, para ridiculizar outras ou, mesmo, para desafiar os pedantes a sairem da toca.

13.12.10

Post onde se fala do Hélder Postiga

O Maradona acha que toda esta crise da Wikileaks se evitaria se a administração dos EUA tivessem mais cuidado a proteger a informação à sua guarda.

Pois é, e eu acho que o Sporting não teria sido eliminado da Taça se revelasse maior segurança no passe.

Caetano Veloso: Jokerman

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12.12.10

Por que não euro-obrigações?

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11.12.10

O Bloco da Treta

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A agremiação que começou por ser um partido de professores para depois, sob a asa protectora dos patrões dos media, se transformar numa clique de comentadores de televisão, tem critérios muito simples para tomar as suas decisões políticas - circunstância que facilita em extremo a tarefa da sua direção.

Se algo ou alguém incomoda José Sócrates, então deve ser apoiado independentemente de quaisquer outras considerações, o que explica a simpatia declarada pela recente infame atitude de Carlos César e do governo regional dos Açores.

Mutatis mutandis, o que quer que pareça prejudicar os EUA - mesmo que esse resultado não seja seguro - merece aplauso entusiástico. Razão de sobra para se colocarem do lado de Assange, da Wikileaks e de qualquer tropelia que decidam promover.

Um palerma meu conhecido dizia na televisão que, sendo democrata, tem forçosamente que estar do lado da transparência e, logo, da divulgação de segredos diplomáticos e políticos de todo o género. Esquecendo que, caso a democracia exigisse a abolição total e absoluta do segredo, ela não poderia existir.

A democracia liberal subsiste no equilíbrio de múltiplos ideais, cada um dos quais, embora excelente em si mesmo, inevitavelmente conduz à destruição da sociedade civilizada quando levado até ao extremo e aplicado com desprezo dos restantes.
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10.12.10

Teoria e prática da religião

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As pessoas religiosas tendem a subestimar a importância que para nós, pobre mortais, assumem certas questões práticas, o que tem consequências muito nefastas para a credibilidade da sua fé.

Por exemplo: como pode Deus vigiar adequadamente o comportamento dos 6,8 mil milhões de seres humanos que actualmente povoam o planeta e julgá-los do ponto de vista moral?

É preciso recordar que tudo isto começou com apenas um casal no Jardim do Éden (pouco maior que o Campo Grande, imagino eu). Mesmo sendo Deus já nessa época muito velho e não tendo trotinete, não lhe custava muito mantê-los debaixo de olho, tanto mais que os apanhou logo na primeira ocasião em que pecaram.

Só que, num momento de entusiasmo, saíu-lhe uma atoarda de que, desde então, deve ter-se arrependido um milhão de vezes. Falo do infeliz e demagógico slogan: “Crescei e multiplicai-vos.”

Ocorreu-lhe ainda, séculos depois, diabolizar o sexo – mas já era tarde. O mal estava feito.

Esta noção de que Deus perdeu o controlo dos acontecimentos penetrou há séculos na sabedoria popular. Como pode ele vasculhar adequadamente as vidas de milhões e milhões e milhões de desalmados pecadores? É por isso que, na era moderna, ninguém teme as penas do inferno.

É lamentável que, desacreditado o totalitarismo divino, Deus tarde tanto em assumir as consequências dos seus actos e em refundar a religião, contribuindo assim para o descrédito dos fiéis que persistem em defender contra toda a evidência a razoabilidade dos seus actos.

Sabem vocês porque não acaba este nosso mundo apesar de tão obviamente ter excedido o prazo de validade? Ora, porque não pode!

Imaginemos que Deus decretava o fim dos tempos e convocava o Juízo Final. Já nem pergunto onde iria ele realizá-lo ou como seria possível deslocar para lá em tempo útil tanto bilião de ressuscitado.

Antevejo como inevitável que, após deixar-nos à espera durante horas e dias a fios, Deus, muito embaraçado, mas ainda assim incapaz de reconhecer que deixou de fazer fichas dos nossos pecados vai para cima de três mil anos, não teria mais solução senão dirigir-se aos microfones e anunciar-nos: “Meus amigos! Como o sistema está em baixo e os informáticos não sabem quanto tempo vai demorar a concertá-los, tomei uma decisão que decerto vos encherá de júbilo. Estais todos perdoados! Let's party”
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7.12.10

Só é pena a música, mas enfim...

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6.12.10

Como eliminar o excedente comercial chinês

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"(...) A preocupação causada pelo grave défice da balança comercial inglesa com a China tirava o sono aos directores da Companhia inglesa.

"E, quanto mais se acentuava esse desequilíbrio, mais crescia, obviamente, a preocupação dos directores, que em meados do século XVIII descobriram, por fim, no ópio a solução de tão antigo problema. Os primeiros introdutores desta droga na China foram os portugueses, que a comercializavam em Macau. Esse comércio era, todavia, muito reduzido. O coronel Watson, pelo contrário, pensava de um modo mais grandioso e, para salvar o défice, sugeriu à Companhia que usasse extensivamente o ópio que a Inglaterra podia extrair da Índia. O plano do diabólico coronel funcionou maravilhosamente. (...) O comércio do ópio indiano desenvolveu-se de uma forma excepcional, principalmente nos anos 1830-40, e de tal modo que, atraídos pelos volumosos lucros proporcionados por esse ilícito comércio, nele se imiscuíram também, nessa última década, os Norte-Americanos, levando numa das mãos a Bíblia e na outra a droga... É fácil imaginar as consequências económicas desse facto. O tradicional excedente da balança comercial chinesa começou a diminuir, acabando por se transformar num pavoroso défice (...).

"A prata saiu em massa da China, voltando ao Ocidente. (...)

"Duplamente preocupado com as consequências desses factos, quer nas condições de saúde da população quer na disponibilidade de prata, o Governo chinês procurou dar-lhes remédio, mas a sua debilidade perante o poderio inglês tornou vãos os seus esforços. E assim se chegou, em 1839, à famosa Guerra do Ópio, na qual a China foi derrotada e humilhada e as relações entre o Ocidente e o Oriente ficaram envenenadas para sempre."

Carlo Cipolla: Conquistadores, Piratas e Mercadores, Teorema, 2002.
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Estes tipos parecem mais organizados que os portugueses, sobretudo quando atacados por um inimigo

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4.12.10

O cãozinho de Pavlov era de esquerda?

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São trabalhadores? Estão em greve? Defendem direitos adquiridos? Opõem-se à política de austeridade? Antagonizam o governo? Foi chamado o exército para os meter na ordem? Então merecem o incondicional apoio da esquerda acéfala.

Toca a campainha, o cão ensaliva automaticamente sem se assegurar de que há bife para comer.

Do mesmo modo uma certa esquerda, sempre predisposta para tomar a nuvem por Juno, apoia de imediato os controladores de tráfego aéreo espanhóis, sem reparar que a sua atitude é em tudo comparável à das empresas portuguesas que antecipam distribuições de dividendos para pagar menos impostos ou do governo regional dos Açores que manda às malvas a solidariedade nacional para ganhar uns votos nas próximas eleições.

Estes que assim protestam não são os que vão de facto sofrer com a austeridade, são os que, agora como dantes, se aproveitam de situações de inaceitável privilégio para explorar os seus compatriotas.
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2.12.10

Custos salariais, competitividade e cegueira orquestrada

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Pedro Romano retoma hoje no Jornal de Negócios um tema da maior relevância: segundo o Banco de Portugal, o diferencial dos nossos custos salariais em relação à média da zona euro teria crescido na década que terminou em 2009 apenas 3,4%, contra os 11,4% estimados pelo INE.

Logo, ao contrário do que tem sido repetidamente afirmado pelos tele-economistas, não teria havido nenhuma perda significativa de competitividade por via dos custos salariais. Ou seja, durante anos a fios foi defendida uma política de contenção salarial com base em estatísticas que, aparentemente, se verifica agora estarem erradas.

Desconfio, porém, que esta notícia não abrirá os telejornais de hoje. Por alguma razão, ainda ninguém tinha pegado no assunto desde que Vítor Constâncio pela primeira vez o referiu publicamente numa conferência promovida em Maio deste ano pelo Jornal de Negócios e pela Antena 1 (ver slide 25 desta apresentação).
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O impacto da greve geral na actividade produtiva

O JJ Amarante ensaiou uma estimativa do impacto da greve geral do passado dia 24 através de uma análise da variação do consumo de electricidade:

"Neste caso [a quebra do consumo de electricidade] foi um pouco mais de 10% (3,5GWh de quebra para uma diferença de 30GWh entre o dia da greve e o Domingo mais próximo). Claro que é abusivo inferir desta redução de 10% que a adesão à greve foi de 10%, porque a realidade é muito mais complexa do que o consumo diário de energia eléctrica. Mas dá uma medida de alguma modéstia do impacto desta greve na actividade produtiva típica de um dia útil."

O método tem as suas limitações, mas é vastamente superior ao olhómetro. Não há para aí algum jornal que queira pegar no assunto?