25.7.07

Para quando uma Casa do Benfica em Rongorongo?



O PSD já lá está!

Amadores



O Primeiro-Ministro e a Ministra da Educação supõem ter comunicado ao país o lançamento do novo programa de informatização das escolas.

Na verdade, comunicaram-lhe que vivem num mundo artificial de escolas de brinquedo, alunos alugados e professores de plástico.

Como foi isto possível?

Tudo leva a crer que o quotidiano do Primeiro-Ministro é uma sucessão interminável de eventos programados para controlar a agenda mediática através do permanente anúncio de medidas reformadoras.

Nesse mundo ideal ocorrem, por vezes, dificuldades inesperadas, como seja a de os estudantes estarem em férias no momento em que o Plano de Comunicação impõe que seja anunciado um programa dirigido às escolas.

Obviamente, o Primeiro-Ministro recusa-se a aceitar que o calendário dessas iniciativas seja condicionado pela realidade. Logo, a solução só pode ser uma: aluga-se os alunos e salva-se o evento.

Se o Governo estivesse mais empenhado na substância do que na aparência, apresentaria o programa durante o ano lectivo, numa escola onde ele estivesse realmente a funcionar. Mas isso contrariaria o Plano e, pior ainda, contrariaria o Primeiro-Ministro.

O mal do marketing político é que, sendo "marketing" o substantivo e "político" o adjectivo, estimula as pessoas a trocarem o essencial pelo acessório.

O resultado foi que, no final, o Governo falhou miseravelmente. Tudo isso porque, em matéria de comunicação, não passa de um bando de amadores.

24.7.07

"Qual é o mal?"




Aparentemente, nem o Primeiro Ministro nem a Ministra da Educação vêem qualquer mal na contratação de uns quantos miúdos para servirem de figurantes na apresentação de um projecto, já de si algo pífio, de informatização das salas de aula.

Aparentemente, nenhum deles se apercebe da mensagem subliminar que o "evento" passou à opinião pública: a de que a acção política do Governo não passa de um simulacro bem ensaiado para consumo do cidadão-telespectador.

Aparentemente, no seu entusiasmo neófito pelas delícias do marketing político, nenhum deles se apercebe de que, neste como em muitos outros casos, a conotação acaba por sobrepor-se à denotação, ou seja, a forma acaba por ser mais expressiva do que o presumível conteúdo.

Aparentemente, o Primeiro-Ministro e a Ministra da Educação consideram que a sua principal responsabilidade consiste em organizar eventos de forma profissional, e que o negócio do Governo é a produção de conteúdos.

Aparentemente, nem um nem outro suspeita que é em momentos como este que irremediavelmente se cava um fosso entre governantes e governados.

Algo de politicamente muito errado está a passar-se quando, numa situação destas, os governantes necessitam que alguém lhes explique onde está o mal.

60s Crash Course - Dave, Dee, Dozy, Beaky, Mick & Tich: Hold Tight



Pelos vistos, o Tarantino gosta destes anormais.

23.7.07

Cerremos fileiras em torno de Luís Marques Mendes



Está uma pessoa distraída na inocente ocupação de dizer mal do Marques Mendes, e eis senão quando é brutalmente confrontada com a aterradora eventualidade de ele poder vir a ser substituido por Luís Filipe Menezes.

É bem verdade que só damos valor ao que perdemos. É, pois, esta a hora de todos abrirmos os olhos e vermos o bem que, por pura negligência, nos arriscamos a ver desaparecer.

O Dr. Marques Mendes é uma cabeça. O Dr. Marques Mendes é um sábio. O Dr. Marques Mendes é um anjo.

Todos os bons portugueses que recusam ser cúmplices do crime em preparação só têm uma coisa a fazer: acorrerem em massa às sedes do PSD nos próximos 50 dias, pagarem as quotas em atraso e não se esquecerem de, no dia aprazado, depositarem o seu patriótico e salvífico voto no nosso grande e incomparável dirigente, o Dr. Luís Marques Mendes.

Últimas cinco leituras de Luis Filipe Vieira

João Vale de Azevedo, O Meu Combate.

Manuel Vilarinho, O Meu Combate.

Manuel Damásio, O Meu Combate.

Jorge Brito, O Mau Combate.

João Santos, O Meu Combate.

Novo embaixador nomeado para as Seychelles

"Cuidado com os factos. Vinguem-se na opinião!", recomenda hoje Medeiros Ferreira ao Público.

Êxito de bilheteira



Ainda não foi iniciada a rodagem do novo filme de João Botelho e já está a passar na televisão a sequela.

Sem futuro



Tendo em conta que foi criado à pressa, em Maio de 74, para responder a uma situação particularíssima, pode-se dizer que o PPD/ PSD já teve uma vida mais longa do que à partida se poderia augurar.

O caso foi este. Não fosse a perspicácia de Sá Carneiro ao cortar todas as ligações com o regime deposto pouco antes de ele ruir, e a direita não teria ninguém com pergaminhos democráticos para apresentar ao país depois de Abril.

A corrente de gente ligada aos negócios com inclinações tecnocráticas e liberalizantes não cessara de engrossar desde a adesão à EFTA em finais dos anos 50, e teria engrossado ainda mais se não fosse o envolvimento dos grandes grupos financeiros na economia colonial.

No entanto, só por si, essa corrente nunca conseguiria obter votações expressivas fora de Lisboa e Porto.

Para criar um partido de implantação nacional, capaz de disputar e ganhar eleições, era preciso agregar a burguesia rural e disputar ao PS aos notáveis da província, gente que aderiria com tanta facilidade ao novo regime como convivera com o anterior, na condição de que os sindicatos fossem mantidos sob controlo e eles pudessem prosseguir à sombra dos municípios as suas pachorrentas negociatas.

Como sabe quem os conhece, tratou-se de um casamento de conveniência entre gente que, detestando-se mutuamente por razões de classe e cultura, nada une senão a apetência pelo poder. A ditadura iluminada de uma personalidade equidistante como Cavaco Silva é a única forma de manter em paz o rebanho.

Acontece que o país evoluiu de há 30 anos para cá. Esvaziaram-se os campos, incharam as cidades. Ao concentrar-se nas urbes, o eleitorado mudou de natureza. Os comunistas já não assustam ninguém. As empresas de algum significado preocupam-se com o mundo, mas milhares de pequenos negócios dependem, como sempre, da política do fontanário. A ruína de muitas actividades tradicionais desviou gente com iniciativa para ocupações ilícitas mas proveitosas.

Hoje, mais do que nunca, o PSD procura fazer conviver modos de ver e viver mutuamente incompatíveis. Que sentido faz pregar a redução dos impostos e a liberalização dos despedimentos, se o que excita os militantes é a compra e venda de jogadores de futebol, o tráfico de influências, as casas de alterne ou os negócios escuros em África, para dar apenas alguns exemplos?

Para progredir, o PSD teria que alijar esse lastro que traz consigo há décadas. O problema é que, de imediato, perdendo os Jardins, os Menezes e os Valentins, teria de resignar-se a ser um partido muito mais pequeno.

E ninguém quer isso, pois não?

20.7.07

19.7.07

Desenvolvimento e desigualdade



Escrevem Alesina e Giavazzi nas primeiras páginas do seu livro O Futuro da Europa, recentemente editado em Portugal:
"A experiência da Argentina é um fantasma que paira sobre a Europa. No início do século passado, a Argentina era um dos países mais ricos do mundo (...). Entretanto, o mundo mudou, mas os argentinos continuaram a pensar que exportar milho e carne de vaca bastava para se manterem ricos."
Acreditarão eles de facto que o problema dos argentinos foi terem continuado a exportar milho e carne de vaca?

Muito resumidamente, quando, no início do século XX, o país conheceu um extraordinário surto de prosperidade, os pobres ficaram cada vez mais pobres. Com o agravamento das desigualdades sociais, acirrou-se a luta de classes.

Quando um governo moderado procurou reestabelecer algum equilíbrio, defrontou-se com a resistência violenta da oligarquia local coligada com os interesses comerciais e financeiros britânicos.

A frágil tradição liberal argentina esboroou-se, de tal modo que Péron subiu ao poder com uma orientação pró-fascista no próprio momento em que o Eixo fora aniquilado no resto do mundo.

Os sindicatos, que queriam antes de tudo vingança, aliaram-se a Péron, o qual, para assegurar o apoio dos trabalhadores argentinos, aplicou políticas distributivas extremistas que deram cabo do pouco que, após décadas de lutas sem quartel entre patrões e operários, ainda restava de uma economia saudável.

Ainda assim, em 1975, ao fim de seis décadas sem crescimento, a Argentina permanecia um país mais rico do que a Espanha.

Nos poucos momentos em que houve liberdade, as forças anti-democráticas ganharam as eleições. Surgiu o terrorismo, tanto de extrema-direita como de extrema-esquerda. Por último, uma ditadura sanguinária e militarista instalou-se no país.

A Argentina é um caso exemplar de um país onde as desigualdades sociais acabam por hipotecar as hipóteses de crescimento económico. Esse é o risco que hoje correm os Estados Unidos, não a Europa.

A ignorância revelada na citação de Alesina e Giavazzi é típica da mentalidade que hoje predomina entre os economistas. Desconhecedores como são, na sua grande maioria, da história económica, não suspeitam que os problemas económicos mais graves têm as suas origens profundas não na economia, mas na política e na sociedade.

Livre câmbio e desenvolvimento



É costume ensinarem-nos que, ao longo do século XIX, a Inglaterra alcançou a hegemonia económica mundial em boa parte devido à sua abertura à concorrência económica internacional. Em contrapartida, países mais dados ao proteccionismo - como, por exemplo, a França - ficaram para trás.

O gráfico acima reproduzido, que fui buscar aqui, conta uma outra história. De facto, até 1880 a protecção alfandegária inglesa foi sempre superior à francesa; só depois dessa data as posições se inverteram, mas, ainda assim, sem que o proteccionismo francês se distinguisse acentuadamente do inglês.

Por conseguinte, foi só depois de se ter tornado no país mais desenvolvido do mundo que a Inglaterra reduziu drasticamente as taxas sobre os produtos importados. O seu caso não é excepcional: praticamente todos os países que hoje se encontram à frente protegeram mais ou menos as suas indústrias nos primeiros estágios do crescimento.

Dizer isto não é dizer que o livre câmbio não tem vantagens, e muito menos que, na actualidade, um país como Portugal teria algo a ganhar com o proteccionismo. Mas não faz sentido que as grandes potências exijam aos países mais atrasados que se abram mais rapidamente à concorrência do que elas próprias o fizeram, por que quase seguramente essa não será a melhor política.

Um herói passageiro



A eleição de Nicolas Sarkozy gerou uma invulgar vaga de entusiasmo à direita, como se, em vez de substituir um Presidente da mesma área política, ele tivesse vindo pôr termo a um longo período de hegemonia esquerdista.

Explicaram-nos então que, tratando-se de um liberal não comprometido com a herança gaulista, entre ele e Chirac haveria um abismo de diferença, e que, por isso mesmo, estaríamos a assistir a uma viragem radical na vida política francesa.

Passou um mês, e a novidade já cheira a ranço.

Liberal, Sarkozy? Na cimeira europeia, conseguiu retirar dos propósitos da União a referência à livre concorrência. Dias depois, questionou a independência do Banco Central Europeu que, a seu ver, privilegia o euro forte em detrimento da defesa da competitividade das empresas. Adivinha-se que a seguir se empenhará em assegurar o controlo francês sobre a empresa que fabrica o Airbus.

De "liberal" fica apenas a promessa de reduzir os impostos sobre os rendimentos dos ricos, a exemplo do que fez Bush do outro lado do Atlântico.

Como se vê, Sarkozy é apenas mais um político na velha tradição do chauvinismo populista francês que já produziu grande figuras como De Gaulle mas também personagens grotescos como Napoleão III.

Não é liberal, tampouco fascista. É um aventureiro bonapartista que, a troco da popularidade, irá criar problemas sérios e duradouros tanto no seu país como na Europa.

Só a total ignorância da história francesa moderna justifica a excitação da generalidade dos comentadores com a eleição do Presidente Sarkozy.


Guercino: Et in Arcadia Ego, 1618.

Últimas cinco leituras de Santana Lopes

Dale Carnegie, Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas.

Paulo Coelho, O Alquimista.

Sá Carneiro, Discursos.

Patrick Barclay, Mourinho: Anatomia de um Vencedor.

James Huneker, Chopin: O Homem e a sua Música.

17.7.07

60s Crash Course - Bill Evans: My Foolish Heart

60s Crash Course - Mama Cass: Dream a Little Dream of Me

16.7.07

Ao lisboeta desconhecido



Os lisboetas têm dedicado tanta atenção aos temas da corrupção em Felgueiras, das rotundas em Viseu ou da fraca ocupação do Estádio do Algarve que, compreensivelmente, sobra-lhes pouco tempo para pensarem nos problemas da sua terra.

Pode ser que, num improvável assomo de lucidez, venham um dia a reconhecer ser Lisboa um dos concelhos mais consistentemente mal geridos do país ao longo das três últimas décadas.

Sim, porque, para além de todos os factores ocasionais, a vitória de Santana Lopes na capital há cinco anos encontra a sua principal explicação no lamentável estado a que já sob João Soares a cidade tinha chegado. Que o mal vem de longe, eis o que é fácil constatar observando essas urbanizações modernas aprovadas por Abecassis e Sampaio em cujos minúsculos passeios não há, por vezes, espaço para passar um carrinho de bébé. Há método, e método persistente, nesta loucura.

Não acredito em sobressaltos cívicos, nem sequer sei muito bem o que isso quer dizer. Não esperava, por isso, grande coisa das eleições intercalares de ontem. Ainda assim, considero deprimentes os resultados de uma votação que, no essencial, premiou a insensatez.

É claro que isto tem uma explicação: a principal consequência da absurda política urbanistica das últimas décadas foi retalhar a sociedade lisboeta, afastando as pessoas umas das outras e remetendo cada qual para a sua vidinha privada num dia a dia em que os habitantes raramente têm oportunidade de se encontrarem uns com os outros fora do centro comercial ou do hipermercado. O sentimento do viver colectivo e do interesse comum perdem-se numa cidade assim, em que o espaço público primeiro se degrada, e depois quase desaparece.

Que poderemos, nestas circunstâncias, esperar de António Costa?

A sua campanha deu sinais contraditórios. Por um lado, prometeu o enésimo programa mágico de revitalização de Lisboa, desta vez centrado na Baixa da cidade. Por outro, prometeu coisas triviais, tais como pintar as faixas de atravessamento para peões, limpar as ruas e arrancar o mato que hoje cresce nos jardins.

Não conheço bem o programa de revitalização da Baixa-Chiado, mas faz-me impressão que uma autarquia consiga mobilizar-se em torno de projectos que implicam gastos colossais, mas não para pôr em prática aquelas transformações simples que contribuem para tornar a cidade mais habitável. Porque do que hoje se trata é disso mesmo: tornar a cidade agradável para quem nela reside.

Sucede que esta necessaria inversão de política vai contra todos os instintos que os partidos em geral, e o PS em particular, têm revelado quando se apoderam do poder autárquico.

Acredito que António Costa é um homem inteligente, sério e com capacidade organizativa. Acontece, porém, que, neste momento, aquilo que antes de mais se exige do novo Presidente da Câmara é fibra.

Será que ele a tem na dose necessária?

14.7.07

60s Crash Course - Vinicius & Baden Powell: Canto de Ossanha

Um historiador em part-time



Escreve Pacheco Pereira no Público de hoje:
"Se bem que a nossa ideia moderna de Estado não possa ser extrapolada para o passado, a verdade é que poucas maravilhas nos deixou o Estado se comparado com a Igreja, e a paz quando comparada com a guerra."
Nesta declaração está o Pacheco Pereira todo: culto o bastante para não poder evitar a prevenção da primeira parte - "a ideia moderna de Estado não [pode] ser extrapolada para o passado" - mas demagogo quanto baste para ignorá-la na segunda - "poucas maravilhas nos deixou o Estado se comparado com a Igreja".

Porque é claro que o Carmo, a Batalha, os Jerónimos e Mafra, para mencionar apenas alguns exemplos, foram inteiramente construídos e pagos pelo "Estado", no sentido que hoje damos a esse termo, e não pela Igreja.

Bem sei que os afazeres jornalísticos lhe tomam demasiado tempo, mas não podemos esquecer que, nos seus escassos tempos livres, Pacheco Pereira faz-se passar por historiador - e isso torna indesculpáveis lapsos deste género.

13.7.07

A segurança nacional explicada às crianças



Vamos lá a ver se eu entendo. Durante quase três décadas, os militares garantiram que a construção de um novo aeroporto civil em Alcochete poria em perigo a segurança nacional.

Um belo dia, porém, em conversa informal com o Presidente da CIP, deixaram cair a ideia de que nada tinham a opor a um novo aeroporto em Alcochete e que o aeroporto da Ota, esse sim, constituiria uma ameaça à segurança nacional.

As coisas ficam ainda mais complicadas quando se descobre que afinal não há nenhum papel escrito pelas Forças Armadas declarando a sua oposição a Alcochete, tal como não há nenhum papel escrito declarando o contrário.

Compreendo: definir por escrito o que ameaça a segurança nacional pode colocar em risco a própria segurança nacional que se pretende proteger.

Agora, de repente, anda tudo numa fona. O LNEC pediu um parecer sobre o assunto ao Ministério da Defesa, e o Ministério da Defesa (que está completamente às escuras em matéria de segurança nacional) remeteu o pedido para as Forças Armadas.

De maneira que, ao cabo de tantos anos a evitar comprometer-se, a tropa vai ter 15 breves dias para dizer de sua justiça.

Coisa complicada, entende-se, porque decerto a preservação da segurança nacional exigirá que a cedência de Alcochete tenha as suas contrapartidas: investimento nas outras bases aéreas, compra de novos (ou, mais provavelmente, velhos) aviões e helicópteros, e o mais que adiante se verá.

Como o tempo é escasso, o mais natural é que o Governo, se quiser dispor de Alcochete, terá que aceitar comprometer-se com investimentos cujo custo total ficará, para já, envolto numa névoa de imprecisão.

Mau... Mas então a CIP e os seus engenheiros não asseveraram que, sendo propriedade do Estado, os terrenos de Alcochete não nos custariam nada?

O triunfo da teoria sobre os factos

"Há demasiada ideologia," disse Alan S. Blinder, professor em Princeton e ex-vice-presidente da Reserva Federal. A teoria económica, acrescentou, é "frequentemente o triunfo da teoria sobre os factos."

Esta citação foi extraida de um artigo de Patricia Cohen no New York Times sobre o estado da teoria económica, que vale bem a pena ler inteirinho.

12.7.07

Últimas cinco leituras de Cavaco Silva

Manual de Análise de Projectos de Investimento da Comissão Europeia.

Relatório da OCDE sobre Portugal (2006)

Thomas Mann, A Utopia.

Thomas More, A Montanha Mágica.

Mário Soares, Portugal Amordaçado.

11.7.07

"E não se pode bombardear o Serviço Nacional de Saúde?"



Cheguei a esta pérola informativa da Fox News através do Arrastão e do Zero de Conduta. Eis o que sobre ela escreveu Paul Krugman no New York Times:

Health Care Terror
By Paul Krugman

Monday 09 July 2007

These days terrorism is the first refuge of scoundrels. So when British authorities announced that a ring of Muslim doctors working for the National Health Service was behind the recent failed bomb plot, we should have known what was coming.

"National healthcare: Breeding ground for terror?" read the on-screen headline, as the Fox News host Neil Cavuto and the commentator Jerry Bowyer solemnly discussed how universal health care promotes terrorism.

While this was crass even by the standards of Bush-era political discourse, Fox was following in a long tradition. For more than 60 years, the medical-industrial complex and its political allies have used scare tactics to prevent America from following its conscience and making access to health care a right for all its citizens.

I say conscience, because the health care issue is, most of all, about morality.

That's what we learn from the overwhelming response to Michael Moore's "Sicko." Health care reformers should, by all means, address the anxieties of middle-class Americans, their growing and justified fear of finding themselves uninsured or having their insurers deny coverage when they need it most. But reformers shouldn't focus only on self-interest. They should also appeal to Americans' sense of decency and humanity.

What outrages people who see "Sicko" is the sheer cruelty and injustice of the American health care system - sick people who can't pay their hospital bills literally dumped on the sidewalk, a child who dies because an emergency room that isn't a participant in her mother's health plan won't treat her, hard-working Americans driven into humiliating poverty by medical bills.

"Sicko" is a powerful call to action - but don't count the defenders of the status quo out. History shows that they're very good at fending off reform by finding new ways to scare us.

These scare tactics have often included over-the-top claims about the dangers of government insurance. "Sicko" plays part of a recording Ronald Reagan once made for the American Medical Association, warning that a proposed program of health insurance for the elderly - the program now known as Medicare - would lead to totalitarianism.

Right now, by the way, Medicare - which did enormous good, without leading to a dictatorship - is being undermined by privatization.

Mainly, though, the big-money interests with a stake in the present system want you to believe that universal health care would lead to a crushing tax burden and lousy medical care.

Now, every wealthy country except the United States already has some form of universal care. Citizens of these countries pay extra taxes as a result - but they make up for that through savings on insurance premiums and out-of-pocket medical costs. The overall cost of health care in countries with universal coverage is much lower than it is here.

Meanwhile, every available indicator says that in terms of quality, access to needed care and health outcomes, the U.S. health care system does worse, not better, than other advanced countries - even Britain, which spends only about 40 percent as much per person as we do.

Yes, Canadians wait longer than insured Americans for elective surgery. But over all, the average Canadian's access to health care is as good as that of the average insured American - and much better than that of uninsured Americans, many of whom never receive needed care at all.

And the French manage to provide arguably the best health care in the world, without significant waiting lists of any kind. There's a scene in "Sicko" in which expatriate Americans in Paris praise the French system. According to the hard data they're not romanticizing. It really is that good.

All of which raises the question Mr. Moore asks at the beginning of "Sicko": who are we?

"We have always known that heedless self-interest was bad morals; we know now that it is bad economics." So declared F.D.R. in 1937, in words that apply perfectly to health care today. This isn't one of those cases where we face painful tradeoffs - here, doing the right thing is also cost-efficient. Universal health care would save thousands of American lives each year, while actually saving money.

So this is a test. The only things standing in the way of universal health care are the fear-mongering and influence-buying of interest groups. If we can't overcome those forces here, there's not much hope for America's future.

Eu Voto



Para quem quiser aprender alguma coisa divertindo-se recomendo a visita e registo no Eu Voto, uma iniciativa pioneira em Portugal na área dos mercados electrónicos de previsão de resultados eleitorais.

Um mito persistente



Não resisto a meter a minha colherada numa polémica entre os Ladrões de Bicicletas e o Margem de Erros a propósito do alegado fosso que se teria cavado na última década entre a produtividade americana e a europeia.

É preciso recordar que o milagre económico americano ocorrido desde 1995 consistiu apenas na alteração da metodologia do cálculo económico do PIB, o qual acrescenta todos os anos uns pozinhos decisivos à taxa de crescimento. Não há nada de errado ou maquiavélico no que os EUA fizeram, mas essa decisão tornou impossível qualquer comparação directa com a evolução da economia europeia, dado que, deste lado do Atlântico, a metodologia de estimativa do produto não foi alterada.

Consequência: não merece confiança qualquer exercício de comparação do crescimento do produto e da produtividade entre os dois blocos que não tenha em conta esse facto.

Se me é permitido um argumento de autoridade, recordo aqui uma afirmação do Economist da primeira semana de Dezembro último:

The main reason for the dollar’s strength has been the widespread belief that the American economy vastly outperforms the world’s other rich country economies in recent years. But the figures do not support the hype. Sure, America’s GDP growth has been faster than Europe’s, but that is mostly because its population has grown more quickly too. Dig deeper, and the difference shrinks. Official figures of productivity growth, which should in theory be an important factor driving currency movements, exaggerate America’s lead. If the two are measured on a comparable basis, productivity growth over the past decade has been almost the same in the euro area as it has been in America. Even more important, the latest figures suggest that whereas productivity is now slowing in America, it is accelerating in the euro zone.
Nestas circunstâncias, não me parece exagerado concluir-se que a alardeada superioridade da economia americana não passa de uma manobra de propaganda política e ideologicamente motivada.

10.7.07

De novo sobre a partidarização da administração pública



Vital Moreira acha "fácil" a crítica à partidarização da Administração Pública em que, segundo ele, a oposição tem insistido ultimamente.

Não notei que a oposição tenha dado particular atenção a esse problema, e estou certo de que levantá-lo está longe de ser fácil.

Discordo também da recusa a discuti-lo sob o pretexto de que também os partidos hoje fora do Governo trataram o Estado como coisa sua quando lá se apanharam. O que está mal está mal, seja quem for o autor da malfeitoria.

Acontece que, como muitas outras pessoas, Vital Moreira acha que é correcto mudarem-se todos os quadros de topo da administração pública, dos institutos públicos e das empresas públicas de cada vez que se constitui uma nova maioria.

Eu sei que nos EUA milhares e milhares de funcionários públicos rodam quando toma posse um novo Presidente, mas isso não significa que se trate de uma boa prática.

Considera Vital Moreira "perfeitamente lícito e natural que o factor da confiança política entre nos critérios de escolha". Discordo: não só não é lícito nem natural, como é péssimo para o bom funcionamento do aparelho de Estado.

Por que é que um Director Geral ou um Administrador de uma empresa pública terá que estar alinhado politicamente com o Governo? Tirando casos excepcionais - por exemplo, quando uma administração optar por políticas que repugnam à sua consciência de homem livre - nada impede que um Director Geral coopere na implementação das políticas definidas pelo Governo, seja ele qual for.

Um Director Geral deve chegar a esse posto pela capacidade revelada para desempenhar funções de administração, que é como quem diz pela sua capacidade técnica. O mesmo vale para gestores de Institutos ou Empresas Públicas.

Não é isso que hoje se passa. Qualquer pessoa que por razões profissionais entre em contacto com os nossos Hospitais sabe como é raro encontrar-se à frente deles um Administrador minimamente habilitado para a função. Como se isso não fosse suficientemente mau, a situação é agravada pela predisposição dos nomeados para fazerem jeitos aos membros da secção política ou do sindicato que se bateram para colocá-los no lugar que ocupam.

Saberá o público que, desde o acidente com a construção da estação do Terreiro do Paço o Metropolitano de Lisboa já teve quatro Presidentes, todos eles pessoas capazes e competentes? Que lucrou o país com essas mudanças? E como pedir responsabilidades por seja o que for se não há nenhuma lógica de boa gestão por detrás dessas decisões?

Sabe-se que, durante anos, a Bélgica e a Itália sobreviveram à instabilidade política porque um corpo competente e prestigiado de altos funcionários logrou manter a máquina estatal em funcionamento. Inversamente, entre nós a degradação da administração pública atingiu já um tal ponto que os governos, para funcionarem, têm que trazer consigo uma multidão de assessores para fazerem o trabalho à margem das estruturas existentes, paralizadas pela inépcia e pelo desejo de agradar aos senhores do momento.

Mas alguém acredita que uma organização pode ser bem gerida quando os seus máximos dirigentes só se mantêm no seu posto por um máximo de quatro anos?

Uma das muitas boas ideias de Guterres foi a instituição do concurso público como exigência para o provimento dos lugares de Director Geral. Parece que a coisa funcionou mal porque os concursos eram excessivamente complicados e lentos. Em vez de se melhorar o sistema, porém, optou-se por revogá-lo, para grande satisfação dos irresponsáveis que entre nós controlam a opinião publicada, de modo que nos encontramos hoje em regime de total arbítrio.

Felizmente, há alguns bons exemplos. O actual Presidente da TAP já sobreviveu a quatro primeiro-ministros. A Administração da RTP nomeada pelo Governo de Durão Barroso mantém-se também em funções. Sabe-se que, num caso e noutro, houve grandes pressões para que fosse adoptado outro rumo, mas, felizmente, o bom senso prevaleceu.

Como se vê, não só a despartidarização da administração pública não é um tema nada simples, como se trata de uma das poucas questões politicas verdadeiramente decisivas com que o país se confronta. Infelizmente, não parece haver nenhum partido político disponível para empenhar-se seriamente na sua resolução.

Palavras actuais



Em 3 de Novembro do ano passado escreveu a economista Teodora Cardoso no Diário Económico estas palavras que então citei:
"No nosso caso, a responsabilidade pelo avanço das reformas está agora muito mais no campo de uma Oposição e de parceiros sociais responsáveis que no do próprio Governo. Esta é, de facto, a altura para mostrarmos de que têmpera somos feitos."
Suponho que toda a gente estará neste momento em condições de entender o que ela queria dizer.

8.7.07

60s Crash Course - Creedence Clearwater Revival: Fortunate Son



A pedido do detective John McClaine da NYPD.

6.7.07

Memória selectiva



Um tal "Movimento Informação É Liberdade" lançado por jornalistas garante-nos que está "em marcha o mais violento ataque à liberdade de imprensa em 33 anos de democracia".

Contando pelos dedos, concluo que os signatários consideram que em 1975 não ocorreram ataques mais graves à liberdade de imprensa.

Eles esqueceram - ou preferem não lembrar - o assalto ao República e a destruição da antena da Rádio Renascença, para não falar dos desmandos do comissário José Saramago à frente do Diário de Notícias.

O exagero e má-fé desqualificam-se a si próprios.

Missionários portugueses na China no princípio do século XX

Manifestação contra o novo equipamento cor-de-rosa

Destacamento Vermelho das Mulheres Leonor Pinhão

Todos ao pagode da Luz

A nova claque dos Lampiões Vermelhos

"Quero um Benfica à Benfica!"

Benfica ! Benfica! Benfica!

Versão traduzida dos estatutos da SAD

60s Crash Course - Edu Lobo: Upa Neguinho

Powerpoints, piadas giras e factos



Mas o que disse, afinal, o homem?

5.7.07

O que eu gostaria de ouvir



Defendo há muito que a partidarização do aparelho de Estado é o pior mal de que sofre a nossa administração pública.

Gestão por objectivos, avaliação do mérito, controlo rigoroso dos custos correntes, avaliação custo-benefício dos investimentos públicos e outras trivialidades tecnocráticas que trazem tão excitados o PM e o PR de nada servirão se (e enquanto) esse problema não se resolver.

Só faz sentido trazer para o centro da actualidade os pequenos dramas e as grandes comédias que todos os dias se representam nos centros de saúde, nas repartições de finanças ou nas escolas primárias de norte a sul do país se houver a intenção de fazer alguma coisa para pôr cobro a essa doença que nos aflige.

Porque a denúncia do fait-divers e a chicana partidária em si mesmas não trazem nada de novo. Qual de nós nunca tivera antes conhecimento directo de farsas tão ou mais ridículas do que aquelas que agora enchem os jornais? Quem não sabe que a torpe pequena política é, no fundo, aquilo que motiva o envolvimento de muita gente na actividade partidária?

Por ventura acredita o PSD que a opinião pública se comove com as suas tiradas indignadas? Acaso supõe que, tirando os círculos restritos dos militantes, alguém teme que a liberdade de facto esteja em perigo? Julga que o público crê que o PS inventou algo novo?

A pior coisa que este governo até hoje fez foi declarar que, a partir de agora, todos os Directores-Gerais serão nomeados por exclusivos critérios de confiança política. É a cereja no bolo do processo de corrosão da autoridade e prestígio do alto funcionalismo público há muito iniciado.

Foi Cavaco quem o começou, mas coube a Sócrates concluí-lo.

O que eu quero saber é só isto: alguém tem alguma coisa diferente a propor? Ora, boa noite!

Notícias sem ponta de interesse



1. O núcleo de estudos de conjuntura da Universidade Católica prevê que a economia portuguesa crescerá este ano 2,1%. As previsões mais correntes apontavam para um crescimento de 1,8%. A confirmar-se, 2007 será o melhor ano desde 2000.

2. O número de desempregados registados em Portugal desceu em Maio pelo 15º mês consecutivo. Situou-se abaixo dos 400 mil pela primeira vez desde o início de 2003 .

(Quem lê o Público não teve direito a saber isto. Quem lê o DN pode lá ter chegado, armado de muita paciência e de uma lupa. É só procurar a foto da Paris Hilton na página 39: a previsão da Universidade Católica está mesmo ao lado.)

Amadores



Há escassas semanas, os sábios que nos informam para que lado sopra o vento asseveravam-nos que este Governo era um prodígio a gerir a comunicação com o público.

É agora por demais evidente que estes amadores nem sequer media training fizeram. Já alguma vez terão ouvido falar disso?

4.7.07

Vivre sa vie



Europe meets Portugal, those smallish and skinny guys who do it better.

Estava programada para ontem uma reunião de trabalho da Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia da República com a comissária sueca Margot Wallström. Porém, tendo só comparecido 4 dos 33 deputados que a integram, e, não havendo tradução disponível, a coisa despachou-se rapidamente em apenas meia hora.

Vitalino Canas explicou ao DN que as reuniões se realizam habitualmente às terças à tarde ou às quartas à tarde, pelo que a visita de Margot Wallstrom veio causar um grande transtorno às agendas dos deputados, que, como se sabe, têm quase todos duplo emprego para conseguirem equilibrar os magros orçamentos familiares:
"Foi-nos dito que a senhora comissária apenas poderia estar da parte da manhã, marcámos para as onze, mas houve deputados que não puderam corresponder porque já deviam ter as suas coisas organizadas de outro modo". O deputado do PS sai em defesa de Nuno Magalhães, "que tinha a conferência de líderes", ou de Telmo Correia, "que anda em campanha eleitoral", mas assume que não pode "apresentar as justificações de todos. Nem me compete."
Ainda segundo o DN,"o próprio Vitalino Canas acabaria por ter que sair da reunião a meio, invocando motivos pessoais, e dois deputados assinaram o livro de presenças e acabaram por não comparecer: António Galamba (PS) e Nuno Magalhães (CDS/PP)."

Felizmente foi tudo muito rápido, de modo que os poucos parlamentares presentes lá puderam ir às suas vidinhas. Já um deputado não pode organizar as "suas coisas" do modo que lhe for mais conveniente!

Gato escondido

Hoje temos um teste à cultura geral do leitor. Qual é o país, quem é o Ministro, qual é a multinacional e qual é o investimento a que Dani Rodrik se refere neste seu post?
I was visited today by a cabinet minister from a medium-sized, middle income country (which shall remain nameless for the purposes of this post). He explained that, among other challenges, he faces the task of attracting foreign investors to his country. He related the story of how he has just induced a large IT multinational to make a big investment by providing it rent-free space for 10 years on a public site. In view of the subsidy, he had to bring the finance minister on board. But he said that had not been a problem. The finance minister was happy to approve the benefit.

When you hear this story, which one of these two responses comes closer to how you feel about it:

A. Great! Another government gleefully wasting the public's money. When will those developing countries learn that you do not get ahead by distorting market forces. If the multinational needed a subsidy to be persuaded to come in, the social value it produces must be less than the social cost of the resources it will gobble up. Plus in this instance, the subsidy goes straight to foreigners.

B. How wonderful! For once a finance minister who understands that sometime you may need to grease the wheels of market forces to get you the kind of investments that you need. It may cost the budget money, but these kinds of things are the tonic on which growth depends. Economic development requires structural change, which market forces do not adequately reward. If this enables the country to set up a new IT hub, the policy will achieve its purpose.

Think about that one for a while.

And then see if the following piece of information changes your mind. The minister told me that he had looked at the pros and cons of giving the multinational the subsidy, and in the end he had figured that the likely increase in property values from the multinational's presence--and the extra taxes that would bring in--made the subsidy a good deal for the government. Now which one of these positions do you take:

A. Yeah right. I bet this argument was fed to the minister by the firm itself. Probably on the back of a napkin with some kind of graph...

B. Well, entirely possible. Sometimes you do need a pioneer investor to get things started. Many industries in the developing world have been spawned from initial investments like this one--often made on a non-commercial basis.

And finally, suppose now you are told that the country in question is one that has averaged 4 percent growth on average (in per-capita terms) for the last 4 decades. Which would be your response?

A. Well clearly they would have grown even faster without policies of this kind.

B. I knew it!

So, what kind of economist are you? A Type-A one or a Type-B one?
Isto responde parcialmente a uma pergunta que eu tencionava colocar aqui sobre quais seriam as contrapartidas oferecidas à tal multinacional pelo tal Ministro do tal país. Falta agora saber quanto foi gasto por cada emprego (qualificado) criado.

Quanto ao resto, concordo plenamente com a afirmação de Dani Rodrik no final do seu post: "Clearly they would have grown even faster without policies of this kind".

Declaração de interesses: eu sou um economista do tipo A.

3.7.07

Tanto crescimento para nada



O gráfico acima, apresentado por Robert Lawrence da Universidade de Harvard, compara a evolução da produtividade (linha azul) com a dos salários reais dos trabalhadores "blue-collar" (linha rosa) nos EUA entre 1961 e 2006.

A produtividade cresceu mais de 50%. Os salários reais quase não buliram. Algo muito errado está a acontecer.

(Via o cada vez mais indispensável Dani Rodrik's Weblog.)