O artigo que este mês publiquei na edição portuguesa do Le Monde Diplomatique (PIIGS ve. FUKD) envelheceu muito depressa.
Não porque estivesse errado, mas porque, nas últimas semanas, aumentou exponencialmente o número de comentadores que comungam da opinião que ali exprimi, e que se pode resumir assim: não há uma crise da Grécia, mas uma crise da zona euro; como tal. qualquer solução duradoura depende de um rearranjo profundo do sistema monetário europeu, e esse, por sua vez, de alterações na constituição da Europa.
Hoje, Martin Wolf insiste no FT:
"As soon as we ask what was the underlying cause of the fiscal catastrophes of today, we must realise that they were ultimately the result of reliance on an accommodative monetary policy, employed to offset the feeble growth of demand in the eurozone’s core and, above all, in Germany."E conclui, comentando as últimas decisões da UE:
"Evidently, Germany can get its way in the short run, but it cannot make the eurozone succeed in the way it desires. Huge fiscal deficits are a symptom of the crisis, not a cause. Is there a satisfactory way out of the dilemma? Not so far as I can see. That is really frightening."O confronto político decisivo de hoje opõe europeistas a pacóvios.
Os pacóvios concentram-se na política de campanário, convencidos de que resolveremos os nossos problemas se cada qual cuidar do seu quintal. Os europeistas - não forçosamente entusiastas dos arranjos institucionais plasmados no Tratado de Lisboa - entendem que é preciso assumir projectos políticos europeus se quisermos sair da crise mais fortes do que nela entrámos.
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