17.6.06

O que é bom para a General Motors...

Não há muito tempo, a General Motors classificava publicamente a sua fábrica da Azambuja como um modelo de eficiência. Agora, afirma que perde 500 euros por cada carro que lá produz.

Onde está a verdade? Como só a GM está em condições de conhecê-la, a empresa explora a ignorância dos governos dos países onde opera para ir abichando mais um subsídio aqui e acolá.

Longe vão os tempos em que, sob a liderança de Alfred Sloan, a GM moldou a indústria automóvel e inspirou a organização das grandes corporações modernas. De há umas décadas para cá, a GM perde dinheiro a fabricar carros e ganha-o a coleccionar subsídios oferecidos por governos desesperados por criar postos de trabalho. O seu negócio, agora, é outro.

É claro que este jogo chamado "atracção de investimento estrangeiros", praticado por Estados fracos e governos tolos, não é senão uma variante do dilema do prisioneiro, em que cada um, julgando-se mais esperto do que os restantes, apenas concorre para a desgraça de todos.

Os empregos "criados" hoje esfumam-se amanhã. Dantes podia-se esperar que durassem duas décadas; agora, nem isso.

É uma coisa boa que a União Europeia impeça o Estado português de proteger os 1.350 postos de trabalho da fábrica da Azambuja, porque eles nos custam muitos outros empregos mais qualificados.

O dinheiro que no passado o Estado entregou à Auto-Europa para treinar cada trabalhador fabril teria sido suficiente para formar vários engenheiros no Instituto Superior Técnico.

É esta a escolha que temos que fazer: queremos investir na criação de empregos efémeros para operários montadores, ou na preparação de engenheiros que permitirão às nossas empresas subirem na cadeia de valor e, do mesmo passo, criarem empregos mais qualificados?

PS - Estão indignados com o comportamento da GM? Um conselho: não comprem carros Opel. Ainda se eles tivessem alguma coisa que os das outras marcas não têm...

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