19.1.07

Hoje é a minha vez

Há duas semanas atrás ouvi na rádio ser atribuída ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, a propósito do caso dos aviões da CIA, a extraordinária afirmação segundo a qual "não havendo provas, nada há a investigar".

Luís Amado é sem dúvida um homem inteligente. Como é então possível ele não entender que, tirando os casos especiais dos julgamentos encenados, o normal é evoluir-se da investigação para as provas, e não o contrário?

Como é evidente, para investigar basta haver indícios. Sem dúvida consciente disso, Vera Jardim experimentou depois uma argumentação ligeiramente menos absurda ao anunciar que o PS obstaculizaria a criação de uma Comissão de Inquérito na Assembleia da República por "não haver quaisquer indícios" de situações ilícitas. Não há indícios? O que poderia então ser um indício para o ilustre deputado?

Para ser franco, eu não segui de início com grande atenção este caso do transporte de prisioneiros em aviões da CIA. O que mais tem contribuido para me fazer pensar nele é o estranhíssimo comportamento do governo português.

Vivemos num país onde, infelizmente, o facciosismo partidário impele com frequência os políticos a recorrerem aos truques mais baixos para denegrirem, as mais das vezes sem razão válida, os seus opositores.

Eis o que torna ainda mais suspeita esta desajeitada tentativa de encobrir factos ocorridos durante os consulados de Barroso e Santana. Aqui há mistério.

Como os media persistem em tratar este assunto de forma descontraída, todos temos a obrigação de assegurar que ele continue vivo. Hoje é a minha vez.

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