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Fernando Ulrich explicou ontem no Público, com excelentes razões, por que é que os bancos estão a reter o dinheiro que lhes é cedido pelo banco central em vez de disseminarem o crédito pela economia.
Fundamentalmente, afirma ele que o risco é muito grande e que os bancos necessitam de reduzir os elevadíssimos níveis de alavancagem actuais.
Certo, certíssimo. Sucede, porém, que esse comportamento eminentemente racional nos conduz a todos à ruína. Estamos perante o típico dilema do prisioneiro analisado pela teoria dos jogos: a opção mais lógica para os decisores (estratégia dominante) conduz ao pior resultado para todos eles - e, já agora, para todos nós também.
De modo que os bancos têm que ser salvos de si próprios. Como? Ora, mediante uma ameaça credível que os incline a agirem de outro modo.
É conveniente o Estado lembrar aos banqueiros que também ele corre grandes riscos ao disponibilizar-lhes a liquidez de que necessitavam, e que, por isso, não é lícito que a retenham em proveito próprio.
Talvez assim entendam que, para além dos riscos comerciais usuais, deverão considerar nos seus cálculos o risco adicional de poderem vir a ser nacionalizados, o que deverá incitá-los a agir em conformidade com esta situação inusitada.
Percebem?
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24.12.08
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