5.10.11

O endividamento não é a causa última da crise

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Um amigo perguntava-me hoje: "Como pode resolver-se a crise com mais endividamento se o endividamento está na origem da crise?"

Convém talvez lembrar uma coisa muito simples: o problema de fundo não é o endividamento, é a incapacidade de os particulares, as empresas e os estados gerarem as receitas suficientes para pagarem as suas dívidas.

Por outras palavras, há duas variáveis na equação: a dívida e o rendimento. Se a dívida cresce mais depressa que o rendimento, há um problema. Se o rendimento cresce mais depressa que a dívida, não há problema nenhum.

Se as economias não crescerem, se o desemprego aumentar, se os salários baixarem e se as empresas falirem, ninguém vai conseguir pagar as dívidas.

O crescimento do endividamento nos EUA na década que precedeu a eclosão da crise financeira iniciada em Agosto de 2007 não pode aliás ser desligado da estagnação do salário mediano real dos trabalhadores americanos durante quase três décadas.

Por detrás da crise de sobreendividamento está uma tradicional crise de sobreprodução (ou sobreconsumo). É essa a causa profunda da situação presente.
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