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Os títulos da dívida grega valiam virtualmente zero. O que a UE ontem fez foi assegurar aos seus detentores metade do seu valor nominal. Alguma coisa é melhor que nada. Mais uma vez, o socorro aos credores foi disfarçado de auxílio aos devedores.
Como é que isso foi conseguido? Transformando o FEEF num mecanismo de garantia de dívidas soberanas, uma espécie de seguro para credores.
A crise que começou no sistema financeiro e depois se transferiu para os estados regressou agora, como não podia deixar de ser, às instituições bancárias.
A ideia do Partido Popular Europeu para resolver o problema continua a ser a mesma: socorrer os bancos impondo-lhes um mínimo de condições e, de passagem, liquidar o estado social a pretexto de que não há dinheiro.
Nas imorredoiras palavras de Passos Coelho, trata-se de transformar os estados em “accionistas passivos” dos bancos em apuros, ou seja, de transferir para todos nós os custos dos ajustamentos necessários para evitar a insolvabilidade do sistema.
Há um problema em tudo isto. Reconhecendo-se finalmente a inevitabilidade de incumprimentos totais e parciais, ficam fragilizados os balanços bancários. Logo, torna-se necessário acelerar a sua recapitalização. Mas isso conduz a uma contracção adicional do crédito, no próprio momento em que América e Europa parecem regressar à recessão.
O preço do reequilíbrio do sistema financeiro vai, por isso, ser pago por todos nós com mais desemprego, mais desvalorização salarial e mais impostos.
E não saímos disto.
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27.10.11
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