4.10.05

Dilema para economistas

Muita gente já ouviu falar do dilema do prisioneiro, uma situação altamente perturbadora estudada pela teoria dos jogos dado mostrar que, em certas circunstâncias razoavelmente comuns, a atitude mais racional de indivíduos preocupados com o seu bem-estar pessoal consiste em fazer batota e prejudicar os seus semelhantes.

Isto cria alguns problemas à teoria económica dominante, a qual sugere que, mesmo que cada qual só se preocupe consigo mesmo, o resultado final pode ser benéfico para toda a gente. Pelo contrário, o dilema do prisioneiro leva-nos a crer que o egoísmo generalizado conduzirá toda a gente à ruína.

Felizmente, prova-se que, quando o jogo do dilema do prisioneiro é jogado repetidamente, é possível, mas não seguro, o surgimento de formas espontâneas de cooperação entre os participantes que os impelem a superar o egoísmo estreito.

Acontece que três investigadores (Frank, Lovich e Regan) conceberam uma experiência destinada a testar a hipótese segundo a qual os economistas se comportam de uma forma mais egoísta do que pessoas com outros backgrounds quando jogam repetidamente o dilema do prisioneiro.

Ora o facto é que a experiência validou a hipótese: os economistas são, por conseguinte, mais egoístas do que as outras pessoas.

Dito isto, resta saber se eles se dedicaram ao estudo da economia porque são naturalmente egoístas, ou se se tornaram egoístas por terem estudado economia.

Que eu saiba, este assunto ainda não foi investigado. Cá por mim, porém, inclino-me para a segunda alternativa.

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