25.10.07

Factos são factos?

Terry Fitzgerald, economista chefe da Federal Reserve Bank of Minneapolis contesta a validade das estatísticas correntemente usadas para descrever a evolução dos salários medianos americanos nas últimas décadas (v. Figura 1), contrapondo-lhes outras fontes (v. Figura 2) que parecem autorizar conclusões muito diferentes.




Fitzgerald mostra que as duas fontes assentam em pressupostos muito diferentes no que respeita, por exemplo, ao deflator usado, ao tipo de trabalhadores cobertos e ao que é incluído nos salários analisados.

Tudo isto está muito certo, e é desejável que a discussão aprofundada do tema permita esclarecer o que verdadeiramente se passa. Desde já, porém, é possível notar o seguinte:

a) "O que verdeiramente se passa" é usualmente mais complexo do que um indicador singular, por muito perfeito que seja, permite descrever.

b) Devemos desconfiar do modo simplista como tantas vezes os falsos especialistas pretendem obrigar-nos a tirar conclusões de dados estatísticos cujo significado e métodos de recolha e tratamento não entendem.

c) Em Economia, como noutras ciências, os factos disponíveis são eles próprios produzidos com o auxílio de teorias auxiliares cuja validade pode e deve ser também sujeita a escrutínio.

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