9.3.08

Em Marcha

Dois comentários pertinentes de Sofia Loureiro dos Santos:

Em Marcha:
À boleia da demissão de Correia de Campos, reuniram-se as forças mais conservadoras da sociedade, à esquerda, à direita e ao centro, para remar contra as indispensáveis reformas do sistema educativo.

Vale tudo, desde a desinformação até às teorias da conspiração em que não faltam polícias à paisana a indagar o número dos professores de uma determinada escola que irão à marcha da indignação.

De facto os professores deviam estar indignados com a falta de qualidade do ensino, com o absentismo, com a ausência de participação dos pais e encarregados de educação no processo educativo, com o desrespeito de que são alvo, com a falta de disciplina, com a falta de rigor, com a ausência de formação, com a falta de dignificação da profissão docente, com o as promoções automáticas, com a inadequação de muitos profissionais, com a falta de exigência, com a normalização medíocre, com a ausência de prémio a quem merece.
Beco Sem Saída:
Foi verdadeiramente uma manifestação da classe média contra o governo, o desemprego, a redução do poder de compra e a crise que nunca mais acaba, a reboque do protesto de uma corporação que não quer mudar o que é obrigatório que mude.

(...)

Sócrates colocou-se num beco sem saída ao demitir Correia de Campos. Repentinamente, aquele que se autoproclamava o reformador, contra os interesses que identificou no seu discurso de posse, caiu pela base. A política de saúde antes existia agora está em ponto morto.

Se Sócrates demitir a Ministra o governo acabou como tal, pois frustra-se e desautoriza-se a si próprio. Para além disso, daqui para a frente não haverá ninguém com alguma vontade política para actuar que aeite assumir pastas como esta.

Se Sócrates não demite a Ministra, vai ter que aguentar a multiplicação e a ampliação dos descontentamentos vários, com as várias caixas de ressonância de todos os partidos políticos, que aproveitam estas ondas pois eles próprios não têm qualquer capacidade para gerar alternativas, por um longo período já em fase de campanha.

Este governo foi eleito por uma maioria absoluta, para cumprir um programa de 4 anos, para mudar, reformar, inverter o sentimento de inevitabilidade da mediocridade. Espero que cumpra esse mandato.

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