A declaração de insolvência da Dubai World marca uma viragem perigosa na crise financeira internacional.
Trata-se em rigor de uma empresa, não de um país, mas ninguém tem dúvidas que é de facto o Dubai no seu todo que está em causa. De modo que, depois dos sustos da Islândia e da Lituânia, regressa o receio de que alguns estados mais fragilizados entrem em incumprimento de pagamentos.
Na linha de fogo estão agora a Irlanda e a Grécia, mas, não por acaso, os receios centram-se no segundo país.
O problema é que a Grécia esbanjou o seu capital de confiança falseando sistematicamente ao longo da última década as suas estatísticas do produto, do défice e da dívida, de modo que há um receio fundado de que a situação seja ainda mais grave do que se pensa.
Acresce que a profunda divisão interna inviabiliza a introdução de medidas correctoras em tempo útil.
É isso que hoje nos diferencia da generalidade dos países com défices elevados. Portugal mostrou nos últimos anos que é capaz de fixar objectivos exigentes de consolidação das contas públicas e de cumpri-los.
Note-se, por exemplo, que, ao contrário de nós, vários dos países hoje em dificuldades ainda não adaptaram as suas seguranças sociais às novas circunstâncias decorrentes do envelhecimento da população.
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