27.2.11

Serge Gainsbourg: Le poinçonneur des Lilas

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25.2.11

The Byrds: Everybody Has Been Burned

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24.2.11

Estado de calamidade cinematográfica

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O cinema que hoje se faz vive de efeitos especiais, fábulas simplistas e interpretações óbvias. Já nem sequer o sexo o recomenda, visto que as últimas cenas de cama poderosas datam do século passado.

Dá ideia de ser feito por garotos e para garotos intelectual e sentimentalmente adolescentes que produzem filmes com a mesma profundidade de espírito com que espremem borbulhas. A infantilização do cinema é tão completa que se tornou inútil tentar aplicar-lhe padrões de exigência equivalentes àqueles que utilizamos, por exemplo, para julgar uma obra literária.

O que se vê nas salas é aliás tão bera que as pessoas, quando vêem um filme mais jeitozinho, comovem-se até às lágrimas. Dizem-me que, há dias, romperam em aplausos numa sala de Lisboa no final de O Discurso do Rei - uma historieta elementar que falsifica grosseiramente a verdade histórica, ainda por cima com prejuízo para o seu impacto dramático.

Inversamente, confrontadas com algo um bocadinho mais complexo como O Cisne Negro, sentem-se perturbadas por levarem para casa alguma coisita para pensar - e muitas (críticos incluídos) reagem mal à invulgaridade da experiência. Num mundo de cisnes brancos, faz uma certa confusão. Não estou a dizer que é um grande filme, muito menos uma obra-prima. Mas, ao lado da concorrência, até parece.
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Haverá futuro para a social-democracia?

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Os partidários da social-democracia gastam demasiado tempo a explicar como o mundo era maravilhoso quando ninguém contestava os seus princípios, e pouco a adaptá-la às condições presentes. Nenhuma ideia política vale pelo que conseguiu realizar no passado, mas por aquilo que promete no presente e no futuro. Ora mesmo a mais perfeita concretização da social-democracia tem o terrível defeito de retirar a iniciativa aos cidadãos, tornando-os recipientes passivos de benesses cuja origem e custos ignoram. É a isso que os marxistas muito apropriadamente chamam alienação.

Que fazer? É disto que trata o meu artigo de ontem no Jornal de Negócios.
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17.2.11

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Lovis Corinth: Nana, 1911.
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16.2.11

Parcerias público-privadas

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Escreve John Kay no Financial Times de ontem:
"PFI [Private Finance Initiatives, ou Parcerias Público-Privadas] contracts are inflexible. Schools and hospitals are locked into agreements that may last 30 years or more. This follows from insistence on bundling finance, capital procurement and facilities management into a single contract. Any change in requirements during that period must be negotiated with a monopoly provider who generally has little incentive to be economical or accommodating, as George Osborne, the chancellor of the exchequer, discovered when faced with a quotation for a Treasury Christmas tree so exorbitant that he went out to buy one himself."
Creio que se pode dizer sem receio de exagerar que a nossa bolha doméstica foi a das parcerias público-privadas.
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Seria bom desenvolver isto

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Num post talvez excessivamente lacónico, João Confraria adianta uma ideia que me parece importante: mais do que de medidas avulsas de apoio à exportação, necessitamos que toda a política económica seja guiada pelo critério do fomento das exportações.

Sem bem entendi, isso significa que a bondade desta ou daquela política específica deveria ser em grande medida avaliada pelo seu contributo para a melhoria da capacidade exportadora do país.

Isto vai muito para além da distinção muito na voga mas simplista entre transacionáveis e não-transacionáveis, dada a estreita imbricação que na prática existe entre uns e outros.

Em muitos casos, a chave da competitividade externa pode estar no aumento da eficiência de actividades não-transacionáveis.
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14.2.11

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Lovis Corinth: Unter den Linden, 1922.
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Linhas de fractura

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Rahguram Rajan, ex-economista principal do FMI, acredita que o crescimento das desigualdades sociais nos EUA ao longo das três últimas décadas desempenhou um papel crucial na acumulação de tensões que nos conduziram à grande crise financeira que se declarou no Verão de 2007.

Conforme explica no seu livro Fault Lines, publicado no ano passado, o crescente recurso ao endividamento terá sido uma forma de as classes média e baixa americanas tentarem a todo o custo manter o seu trem de vida. Rajan merece crédito adicional por ter atempadamente contestado as políticas económicas e financeiras dominantes em 2005 com comentários públicos que na altura foram recebidos com indiferença ou hostilidade nos círculos próximos do poder.

Em sua opinião, das desigualdades sociais à desregulação do sector financeiro, passando pelos desequilíbrios comerciais internacionais, pouco ou nada foi até agora feito para reparar as linhas de fractura que por pouco não lançaram o mundo no abismo.

Na que toca especificamente à degradação das condições de vida dos mais pobres nalguns países desenvolvidos, Rajan atribui a principal responsabilidade às falhas do sistema de ensino, que cada vez se revela mais incapaz de dotar a maioria das pessoas de qualificações que as habilitem a singrar no mundo de hoje.

Mas não será esse um mero sintoma da generalizada despreocupação com o destino dos mais pobres que hoje é de bom tom entre as elites ocidentais?
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13.2.11

Um passo atrás

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Vítor Bento regressa no seu mais recente livro à tese, aparentemente plausível, segundo a qual o cerne dos problemas da economia portuguesa residiria nos incentivos perversos que estimularam a expansão do sector de bens não-transacionáveis (por definição imune à concorrência internacional) à custa do estiolamento do sector transacionável, o qual, por isso mesmo, teria perdido competitividade no mercado global.

Na base desse processo estaria a deterioração dos termos de troca em desfavor das actividades transacionáveis, tornando-as relativamente menos rentáveis e, por isso, menos apelativas para os investidores nacionais e estrangeiros.

Em apoio desse ponto de vista, Vítor Bento mostra que os preços subiram mais e a produtividade menos no sector não-transacionável. O argumento não é, porém, decisivo, dado que, sendo os serviços a principal componente do sector não-transacionável tal como definido pelo autor, não há nada de invulgar nessa evolução da produtividade e dos preços relativos em confronto com a registada na agricultura e na indústria.

Será a situação portuguesa marcadamente distinta da de outros países onde os serviços tendem a aumentar o seu peso no produto? Por outras palavras, haverá algo de notável na tendência dos termos de troca detectada por Bento? É isso que o autor não demonstra, pelo que este livro pouco acrescenta ao anterior.

Diz-se que quem reescreve um livro o faz necessariamente pior. O Nó Cego da Economia, cuja ambição declarada consiste em aprofundar as ideias do seu autor, é um livro mais confuso e pior argumentado do que Perceber a Crise para Encontrar o Caminho; logo, um passo atrás em relação a um trabalho que tinha, pelo menos, a vantagem de articular uma visão global (embora, a meu ver, incorrecta) sobre os grande problemas da economia portuguesa contemporânea.
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9.2.11

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Lovis Corinth: O mar junto a Zoppot, 1906.
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Parece que é mesmo a sério

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Simple to use, Catholic Church approved
Confession icon


Designed to be used in the confessional, this app is the perfect aid for every penitent. With a personalized examination of conscience for each user, password protected profiles, and a step-by-step guide to the sacrament, this app invites Catholics to prayerfully prepare for and participate in the Rite of Penance. Individuals who have been away from the sacrament for some time will find Confession: A Roman Catholic App to be a useful and inviting tool.

The text of this app was developed in collaboration with Rev. Thomas G. Weinandy, OFM, Executive Director of the Secretariat for Doctrine and Pastoral Practices of the United States Conference of Catholic Bishops, and Rev. Dan Scheidt, pastor of Queen of Peace Catholic Church in Mishawaka, IN. The app received an imprimatur from Bishop Kevin C. Rhodes of the Diocese of Fort Wayne – South Bend. It is the first known imprimatur to be given for an iPhone/iPad application.
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8.2.11

A dificuldade da matemática

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(Partilhado pelo Diogo Serras Lopes)

A dificuldade do raciocínio matemático é que ele exige de nós uma total abstração em relação a toda a espécie de considerações envolventes não directamente relevantes para o particular encadeamento mecânico de proposições logicamente equivalentes que ele gera.

É por isso que: a) algumas pessoas muito inteligentes não conseguem impor ao seu espírito essa forma de auto-limitação e, por conseguinte, jamais logram raciocinar matematicamente; b) a matemática não é a forma suprema da razão, mas apenas uma das muitas que ela pode e deve assumir.
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Lovis Corinth: Bruxas, 1897.
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A herança da minha geração

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Quando nasci, a travessia do Tejo mais próxima de Lisboa era em Santarém. Pouco tempo depois, foi inaugurada a de Vila Franca.

A única auto-estrada do país ligava Lisboa ao estádio do Jamor. Em 1962, construíu-se a muito custo um troço de Lisboa a Vila Franca. Da primeira vez que fui de carro a Paris, a primeira auto-estrada que encontrei foi em Bordéus.

O aeroporto do Funchal foi inaugurado em 1964, o de Faro em 1965, o de Ponta Delgada em 1969.

Um em cada dois portugueses era analfabeto. Havia menos alunos universitários do que hoje há professores.

A taxa de mortalidade infantil era umas 30 vezes superior à de hoje.

Ouve-se hoje muitas queixas sobre a herança que vamos deixar às novas gerações. Porém, mesmo sem falar do progresso dos costumes e das liberdades individuais e colectivas, parece seguro que ela é bem mais invejável que aquela que a minha recebeu.
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7.2.11

O caso Deolinda

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Os doutores que não distinguem entre um post e uma tese de mestrado entenderam que tentei refutar a canção dos Deolinda, apesar de o título que lhe dei ("Um gráfico para os Deolinda") indiciar uma mera proposta para reflexão.

Não se refuta um sentimento de frustração que, sei-o bem, é hoje partilhado por muitos jovens. Quando muito, procura-se colocá-lo em perspectiva, condição indispensável para tornar produtiva a revolta.

Mesmo assim, dizer-se que "para ser escravo é preciso estudar" é de facto muito estúpido, na linha, aliás, de uma desvalorização da importância da educação que tem uma longa história. Antigamente, dizia-se que a educação promovia o ateísmo e o reviralho; hoje, acompanhando o sentimento dos tempos, questiona-se a sua racionalidade económica.

Ora acontece que, em matéria de desenvolvimento económico, os economistas tendem a ser mais supply-siders do que quando o horizonte de análise é curto - e provavelmente ainda mais quando está em causa o investimento em competências. Para contestar isto só mesmo o Pulido Valente, que não suporta a existência de opiniões mais estúpidas do que a sua.

O que interessa na canção dos Deolinda não é, aliás, a canção ela mesma, mas o chorrilho de disparates a que deu azo, designadamente no que respeita ao drama do suposto êxodo de jovens licenciados portugueses.

Neste ponto permito-me uma nota pessoal. Antes de a presente crise começar, ou seja, até 2008, todos os jovens da minha família (menos um) estavam a trabalhar no estrangeiro. Posso-vos garantir que exercer uma actividade profissional qualificada em Los Angeles, Londres, Colónia ou Madrid não é propriamente a pior coisa do mundo, decerto nada comparável ao drama dos pobres camponeses analfabetos que há meio século íam a salto para países cujas línguas não entendiam e onde não tinham quaisquer direitos.

Acontece, porém, que a recessão lançou a maioria deles no desemprego (a única que tem ocupação segura trabalha para o Estado alemão) forçando-os a regressarem à pátria onde, pior ou melhor, todos acabaram por arranjar trabalho. Bem sei que a amostra não é representativa, mas nem esses nem outros casos que conheço confirmam a fábula segundo a qual os jovens licenciados portugueses só arranjam trabalho no estrangeiro.

Voltando ao fulcro da questão, o desemprego é um problema sério e vai ficar connosco por muito tempo. (Já agora, o que será pior: estar desempregado aos 25 anos ou ser despedido aos 50?) Mas nada se ganha em abordá-los de forma superficial, falsa e demagógica, que aparece mais apostada em lançar novos contra velhos ou portugueses contra imigrantes do que em procurar verdadeiras soluções.
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Julie Driscoll, Brian Auger & The Trinity: Road to Cairo

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Um gráfico para os Deolinda

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Clicar aqui para saber mais.
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5.2.11

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Lovis Corinth: Walchensee, 1920.
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