10.10.05

Endogamia

O descontentamento de uma parte não negligenciável da população contra a política do governo funciona como circunstância agravante.

Mas o eleitor comum não afasta ou recusa um autarca capaz apenas por se dar o caso de ele ser membro do partido no poder.

À segunda banhada consecutiva em apenas quatro anos, é altura de se reconhecer que o fulcro do problema é que o PS não tem candidatos autárquicos à altura para nos propor.

O PS é, de há anos a esta parte, o mais fechado dos partidos portugueses. Os seus militantes vivem em circuito fechado: fora das sedes, ninguém os conhece. Assim, o mais provável é que os favoritos do aparelho não passem de uns medíocres cá fora.

Vendo as coisas com realismo, o PS está a morrer porque é incapaz de se reproduzir. Perguntem-se onde está a próxima geração de políticos socialistas, e a resposta é que, ou não existem, ou são demasiado maus para querermos conhecê-los.

A endogamia do PS produziu monstros. Acontece que os eleitores, com toda a razão, não gostam deles.

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