A anunciada introdução do maléfico Cartão Único pelo Governo tem sido objecto das mais aflitas maldições.
Dizem-nos que, munido dessa terrível arma de perseguição massiva, o Estado vai ficar a saber tudo sobre as nossas vidas privadas - como se a generalidade das pessoas tivessem uma! -, que vai espiolhar ao mais ínfimo pormenor a nossa intimidade, que vai fiscalizar os nossos mínimos passos.
E apontam como exemplo alternativo a Inglaterra, onde, recordam-nos, nem sequer Bilhete de Identidade existe. Ora a Inglaterra, meus senhores, não tem Bilhete de Identidade pela mesma razão que não tem Constituição, conduz à esquerda e resistiu por tanto tempo ao sistema métrico. Ou seja, por excentricidade ou saloice, ao vosso gosto.
Em contrapartida, no Reino de Sua Majestade (como nos EUA e ao contrário da Europa Continental), são mínimas as restrições legais à constituição de bases de dados com toda a informação imaginável sobre o pensam, preferem, fazem e compram os cidadãos. Qualquer pessoa com capacidade financeira para tal - e, por conseguinte, também a polícia, designadamente a secreta - pode adquiri-la e usá-la para o que quiser, incluindo para seguir a par e passo o trajecto de um indivíduo.
A finalizar, caros liberais da treta, reparem que, mesmo em Portugal, o cartão de crédito que trazem na carteira permite ao banco que o emite saber mais sobre a vossa vida privada do que o Estado português alguma vez poderá sonhar.
16.3.06
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