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As primeiras sondagens especifiamente dirigidas ao voto nas europeias indicaram logo uma brusca redução da diferença entre PS e PSD relativamente aos inquéritos que interrogavam os eleitores sobre as suas intenções relativamente às legislativas.
Suponho não ser necessário explicar o que isto queria dizer.
Fechadas as urnas, verifica-se que as sondagens previram com grande precisão o voto no PSD, no BE e no PCP, mas sobre-estimaram entre 6 a 10 p.p. o voto no PS. Ao mesmo tempo, o voto branco e nulo chegou aos 6,63%.
Escutámos nos últimos dias brilhantes análises sobre o que se passou e o que irá passar-se, cujo único defeito foi ignorar este facto objectivo básico: entre 6 a 10% dos eleitores cuja preferência ia para o PS nas eleições acabaram por não votar ou votar branco/ nulo.
Isto é muito chato, porque atrapalha a narrativa fantasiosa que desde domingo à noite tomou conta dos media, segundo a qual:
1. O voto nas passadas europeias é um indicador seguro do voto nas próximas legislativas.
3. Terminou o ciclo político do PS e de Sócrates.
4. Os eleitores renderam-se à Verdade de Manuela Ferreira Leite.
5. Rangel é um menino prodígio da política nacional.
6. A campanha eleitoral do PSD foi genial.
Por outras palavras, might is right ou tudo o que é real é racional.
Numa coisa, porém, têm razão os comentadores: a vitória, real ou imaginária, merecida ou fortuita, segura ou trémula, altera as condições subjectivas do combate político, na medida em que a embriaguez do triunfo desencadeia um impulso mobilizador proporcional ao desânimo que até agora prevalecia no PSD.
Vemos assim como estavam enganados aqueles eleitores que acreditavam poder compensar em Outubro a tolice que agora fizeram. Em política, como na generalidade da acção humana, o que é feito não pode ser desfeito sem custo ou dor.
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9.6.09
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5 comentários:
Está a custar-te a digerir, mas tu chegas lá.
talvez, talvez... mas alguma coisa terá de ser feita e depressinha. porque também há a hipótese da malta voltar a não pôr lá os pés... muito menos o voto.
Não está fácil aceitar a derrota... Rennie é bom para a azia...
Caro Pinto e Castro: desculpe que lhe pergunte, mas de onde é que o senhor me conhece para me chamar assim tola sem mais nem menos? Homessa!
ACL,
Deve ser dos jornais. Foi daí que eu também fiquei com a mesma ideia.
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