22.6.09

Os economistas-problema

.
Achei muito certeiro o modo como José Reis caracteriza nos Ladrões de Bicicletas a fragilidade intelectual essencial dos subscritores do manifesto dos não-sei-quantos.
.

1 comentário:

Anónimo disse...

Deixo aqui o comentário que escrevi no sítio com texto dos 28, que por acaso ainda não publicaram.

"Estudos para fazer. Decisões para adiar".
Não podemos aceitar que esta vossa posição seja uma posição técnica. A economia não é uma ciência exacta. Os economistas dividem-se nas opiniões sobre os factos passados, quanto mais em projectos do futuro. Portanto não venham com a conversa da treta de que é um contributo tecnocrata. A economia serve sempre políticas. Esta posição é pura política e pior serve interesses partidários.
Dos 28, podiam ser 20.000 que a quantidade não lhes o direito divino de que a razão está do vosso lado. Aliás, basta ler as declarações individuais para perceber que este manifesto é uma soma de posições que reflectem interesses distintos mas agrupados no contra. Uns são contra qualquer TGV, outros contra a linha A em favor da B, outros não são contra, mas deve ser adiado. Os “estudiosos” vêm no horizonte mais uma oportunidade de negócio.
Como estamos a três meses de eleições legislativas e sendo a esmagadora maioria dos assinantes quadros do PSD a credibilidade e isenção não mora no documento e muito menos na intenção. As cartas fora do baralho só servem para dar outro tom ao ramalhete, mas a cor é laranja carregado.
Eu não sou economista, mas sou empresário de uma PME, expressão de que todos agora falam e se servem em nosso nome. Nesta conjuntura, sei bem o custo da sobrevivência. Mas, na nossa empresa, se em 2006 não tivéssemos feito um grande investimento, para a dimensão da empresa e da crise sectorial já existente, que modernizou a empresa, a retirou da dependência dos combustíveis fósseis, já estava morta e enterrada. Se tivesse encomendado mais um estudo de custo benefício para prever o futuro, talvez previssem que o petróleo iria subir até aos 150 dólares (razão que justificaria o investimento), mas que depois cairia para os 60 (ficaria a dúvida e seria melhor mais estudos), hoje certamente os estudos só teriam aumentado os custos, impedido a decisão e a empresa estaria encerrada e umas dezenas no desemprego. Felizmente como eram os accionistas a pagar os estudos e não a vaca do orçamento de estado, o único estudo feito internamente determinou o investimento e suportou a decisão. Que é a palavra mais difícil de um gestor, mas que é a sua vida, ao contrário dos economistas, principalmente dos consultores, que vivem das indecisões dos outros. No caso estão a fomentá-las mesmo.
É dos livros e da vida que as oportunidades perdidas não voltam mais. E quando o debate está contaminado por interesses partidários, pior ainda.
Amílcar Gomes da Silva