22.6.09

Coligação para a inacção

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Como se deduz das declarações dos subscritores do manifesto dos 28 nos últimos dias, cada um deles teve as suas razões particulares para subscrever o alegado manifesto.

Assim, de repente, consegui identificar a seguinte tipologia de aderentes:

1. Os que acham que o país não tem dinheiro para investir.

2. Os que desconfiam do poder multiplicador do investimento público.

3. Os que temem que o investimento público esgote as verbas disponíveis para o investimento privado.

4. Os que acham que o investimento público não é a melhor forma de responder à crise.

5. Os que apoiam os pequenos investimentos públicos, mas não os grandes.

6. Os que são contra o novo aeroporto.

7. Os que querem o novo aeroporto noutro sítio.

8. Os que querem o novo aeroporto mas não agora.

9. Os que são genericamente contra o TGV.

10. Os que querem o TGV, mas não agora.

11. Os que querem a ligação por TVG Lisboa-Madrid, mas não Lisboa-Porto.

12. Os que querem a ligação por TGV Lisboa-Porto, mas não Lisboa-Madrid.

13. Os que não querem mais auto-estradas.

14. Os que querem mais auto-estradas, mas não agora.

15. Os que querem mais auto-estradas, mas não estas.

Já chegámos aos 28? Ainda não, nem é preciso, porque os diversos arranjos de opções alternativas encarregam-se de assegurar que cada cabeça tem a sua opinião particular sobre o programa de investimentos públicos em discussão.

O manifesto é um típico exemplo de coligação negativa: um conjunto de pessoas une-se pelas motivações mais díspares para obstaculizar este ou aquele aspecto de uma solução de conjunto que não lhe agrada.

Que fariam estas pessoas, se acaso conquistassem o poder? Nada, evidentemente, visto o entendimento que alcançaram ser insusceptível de sustentar um programa de acção positivo.

A ingovernabilidade torna-se desde logo patente em manifestos deste tipo.
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