24.3.10

A guardadora de rebanhos

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Ao aproximar-se o final da 2ª Guerra Mundial, uma facção influente na adminstração americana sustentava a seguinte estratégia:

1. Os ingleses deveriam pagar até ao último cêntimo e sem bonificação de juros os empréstimos contraídos junto dos EUA para poderem travar a guerra contra as potências do Eixo.

2. A reconstrução económica da Europa deveria ser deixada ao cuidado dos europeus.

3. A desmilitarização da Alemanha seria assegurada pela interdição de qualquer actividade industrial. Os alemães deveriam dedicar-se em exclusivo à agricultura e à pastoriícia, ocupações mais indicadas para um povo tão dado à poesia e à música.

À medida que os aliados avançavam rumo a Berlim, cresciam a fome e a doença entre as populações civis na Alemanha. Alguns políticos americanos consideravam tratar-se de um castigo justo.

Felizmente, os exércitos começaram a tirar da sua boca os víveres que lhes escasseavam para minorarem o sofrimento das crianças e dos enfermos.

Rapidamente se criou a convicção de que a escolha era entre prosseguir o curso de brutalidade que vingara nas anteriores três décadas ou experimentar uma nova via de cooperação. Em resultado dos esforços de muita gente, foi possível instaurar-se uma ordem económica-financeira assente em dois pilares:

1. Criação do FMI para ajudar os países com défices persistentes a reequilibrarem as suas finanças.

2. Lançamento do Plano Marshall, uma audaciosa iniciativa destinada a financiar a reconstrução económica europeia.

Os do costume protestaram no Congresso e no Senado, argumentando que os contribuintes americanos não deveriam pagar os desastres causados pelo nazismo, mas o Presidente Truman levou a melhor.

O "sacrifício" que então os americanos fizeram tem algumas semelhanças com aquele que agora se sugere aos alemães. Os líderes sensatos entenderam na época que os EUA não teriam nada a ganhar com a ruína dos seus principais parceiros comerciais. A ajuda que optaram por lhes conceder asseguraram-lhes pelo menos 30 anos de prosperidade consistente.

A economia não é um jogo de soma zero. A cooperação comercial e financeira permite que, a longo prazo, todos ganhem.

Uma equilibrada combinação de interesse próprio e sentido de humanidade evitou ao mundo a continuação da bárbarie. Na altura, um punhado de grandes líderes entendeu isto e agiu em concordância. Parece infelizmente difícil esperar isto de Angela Merkel, dirigente do povo que, há 65 anos, outros queriam condenar a guardar cabras.
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