.
Os sectores mais militantes da Igreja portuguesa levaram Salazar ao colo até à chefia do Governo e do Estado.
Uma vez cumprido esse desígnio, conseguiram muito menos do que esperavam e a Igreja ficou irremediavelmente comprometida com o regime, acompanhando-o fielmente no processo da sua progressiva ruína.
A partir do pontificado de João XXIII, viu-se envolvida no conflito do Estado Novo com o Vaticano e passou pela humilhação de ver núncios papais, bispos, padres e missionários serem censurados, vigiados, exilados, perseguidos e presos pelo regime com que se consorciara.
As patéticas condecorações concedidas por Paulo VI a dois dirigentes da PIDE na sua visita relâmpago a Portugal selaram esse patético curso de submissão e alienaram definitivamente uma geração de católicos abertos aos novos tempos.
Salazar e Cerejeira, dois clericalistas convictos, fizeram mais pela eficaz e definitiva liquidação do clericalismo em Portugal do que décadas de acirrada propaganda republicana.
Pensei nisto ao ler a biografia de Cerejeira há dias publicada pela Irene Pimentel. Ela que me perdoe se estas considerações lhe parecerem abusivas.
.
22.3.10
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário