22.3.10

A ruína do clericalismo

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Os sectores mais militantes da Igreja portuguesa levaram Salazar ao colo até à chefia do Governo e do Estado.

Uma vez cumprido esse desígnio, conseguiram muito menos do que esperavam e a Igreja ficou irremediavelmente comprometida com o regime, acompanhando-o fielmente no processo da sua progressiva ruína.

A partir do pontificado de João XXIII, viu-se envolvida no conflito do Estado Novo com o Vaticano e passou pela humilhação de ver núncios papais, bispos, padres e missionários serem censurados, vigiados, exilados, perseguidos e presos pelo regime com que se consorciara.

As patéticas condecorações concedidas por Paulo VI a dois dirigentes da PIDE na sua visita relâmpago a Portugal selaram esse patético curso de submissão e alienaram definitivamente uma geração de católicos abertos aos novos tempos.

Salazar e Cerejeira, dois clericalistas convictos, fizeram mais pela eficaz e definitiva liquidação do clericalismo em Portugal do que décadas de acirrada propaganda republicana.

Pensei nisto ao ler a biografia de Cerejeira há dias publicada pela Irene Pimentel. Ela que me perdoe se estas considerações lhe parecerem abusivas.
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