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É claro que as provincianas intrigas dos nossos partidos em torno da aprovação do OE não ajudam. E ainda podemos dar graças a Deus por os credores internacionais não estarem a par da grande aceitação de que por cá desfrutam as espertezas saloias da oposição que o professor Marcelo exalta na TV.
Mas o aumento dos juros das dívidas portuguesa e irlandesa que ontem ocorreu não encontra aí a sua justificação principal. Como já várias vezes este ano aconteceu, a agitação nos mercados tem a sua origem imediata mais em acções e declarações de responsáveis políticos europeus do que nas notações das agências de rating.
Neste momento, a perturbação resultou directamente das exigências franco-alemãs de alteração da governação económica da UE a par das notícias dando conta das dificuldades que Grécia e Irlanda (cedo teremos novas da Espanha) estão a ter para cumprirem as metas que lhes foram impostas.
Ora, se sem revisão do Tratado de Lisboa não haverá renovação do fundo permanente de auxílio aos países em dificuldades, e se a revisão se afigura a qualquer pessoa mentalmente sã morosa ou impossível, então é de concluir que, podendo não existir qualquer mecanismo de apoio quando ele vier a revelar-se necessário, está de novo em causa o futuro da zona euro.
A nova subida das taxas de juro das dívidas soberanas na periferia deve-se, pois, antes de mais, à falta de sensatez da chanceler Merkel, uma artista do arame que carece de elegância e sentido de timing.
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1 comentário:
Primeiro endividamo-nos até precisarmos de ajuda e agora exigimos uma indemnização porque os outros não têm vontade de nos ajudar?
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