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Não houve nas últimas décadas em Portugal uma questão europeia, visto que sempre tanto os cidadãos como os principais partidos se mostraram entusiastas da integração.
O próprio Bloco, que, pelo caminho, se opôs a todos os avanços, queixa-se agora de não haver suficiente Europa para enfrentar a crise.
A alteração de humor do Bloco é intempestiva, pois ocorre no momento em que deveríamos talvez começar a questionar-nos sobre se haverá futuro para nós na UE e que tipo de futuro será esse.
A distância histórica permite-nos hoje concluir que, no plano económico, a nossa integração foi um fiasco. Passado o período inicial de cinco anos e iniciados o Mercado Único e a Zona Euro, não é evidente, bem pelo contrário, o que ganhámos em integrar o chamado "grupo da frente".
Tampouco se afigura aliciante o que aí vem. Nós poderíamos eventualmente viver felizes com uma Europa à moda antiga (mais união comercial que união política) ou com uma federação continental - mas parece claro que o presente arranjo institucional representa para nós o pior de dois mundos.
Sendo inviável o regresso à união comercial, por implicar a saída do euro, restaria o avanço rumo à federação política europeia. Sucede que a interpretação que o Tribunal Constitucional alemão fez no ano passado ano do Tratado de Lisboa proibiu taxativamente todo e qualquer evolução posterior nesse sentido.
Vejo pouca gente consciente do que isto significa para Portugal. Temos hoje uma séria questão europeia pela frente, mas nenhuma estratégia para enfrentá-la com sucesso.
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15.6.11
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2 comentários:
Excelente análise!
Mas talvez não fosse mau de todo sabermos quem foram os responsáveis pelo imenso desperdício de opotunidades, a que devemos acrescentar todas as transferências dos emigrantes para Portugal nos últimos 25 anos!, mais os investimentos estrangeiros...Alguém, alguns, devem ter sacos da papel em casa!
Como sempre um certeiro comentário.
Poderemos, pois, dizer - uma coisa que eu sinto há muito, mas nem me atrevia a dizer - que estamos a ser, do ponto de vista histórico, 'chantageados' pela União Europeia, cujos tratados assinámos de boa fé (creio !).
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