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Sabe-se que há por aí muita miséria escondida em grandes bancos europeus, nem todos da zona euro.
Suponhamos que, com a crescente perceção de risco e consequente fuga de capitais para fora da zona euro, um deles atira um dia destes a toalha ao chão. Suponhamos, com um ligeiro esforço adicional de imaginação, que isso sucede com o Commerzbank, segundo maior banco alemão, de cujo capital um quarto já se encontra nas mãos do governo federal.
Teremos então duas soluções: ou a Alemanha assume integralmente a responsabilidade da sua recapitalização ou o BCE avança com a artilharia toda.
Hipótese alternativa: a Itália não consegue refinanciar-se para a semana e corre o risco de falhar pagamentos. E lá teremos outra vez o BCE a entrar em ação.
O governo alemão sabe que a probabilidade de uma situação de emergência desate tipo aumenta a cada dia que passa. Não ignora também que, nesse dia, digam o que disserem os tratados, jamais o banco central europeu se resignará a assistir passivamente ao colapso da zona euro.
Neste contexto, o compromisso que Merkel pretende obter em 9 de Dezembro dos seus parceiros pode ser considerado como uma tentativa de salvar a face, de modo que poderá sempre dizer que aceitou a intervenção do BCE porque, em compensação os estados-membro concordaram com um reforço da disciplina orçamental sob controlo da Alemanha.
É claro que tudo isto não passa de uma ficção. Alguns países terão que realizar referendos para aprovar a mudança dos tratados. Outros, a começar pela Inglaterra, exigirão contrapartidas dolorosas. Por muito bem que as coisas corram, não se imagina que seja possível uma revisão do tratado de Lisboa antes de Abril ou Maio. Antes - muito antes - disso, desencadear-se-á a crise financeira.
De modo que seria perfeitamente possível que, na próxima cimeira europeia, uma maioria de estados europeus mandasse Merkel passear. Por outras palavras, que desmontasse o seu bluff.
Na verdade, o poder efectivo da Alemanha sobre os destinos da União Europeia diminui a cada dia que passa.
Giro giro era o Commerzbank ser o primeiro banco diretamente socorrido pelo BCE.
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6.12.11
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