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A situação financeira externa da União Europeia é globalmente equilibrada. Os desequilíbrios existentes são apenas internos.
Pelo contrário, a situação financeira externa dos EUA não só é altamente desequilibrada como não pára de se agravar. A América sobrevive ligada a uma máquina chamada crédito chinês.
Parece-me por isso fazer pouco sentido equiparar as situações num e noutro lado do Atlântico quando se discute a eventual necessidade de travar o crescimento do endividamento.
Nos EUA tem prevalecido a opinião de que os défices não interessam nada, ao passo que na Europa se acha que eles são a única coisa que interessa. Dois erros de sinal contrário que não encontram justificação na situação real.
Na América, os consumidores estão profundamente endividados. Com o desemprego estável a níveis altíssimos e os salários reais em quebra, não se entende como pode recuperar o consumo. Tampouco se pode esperar o arranque do investimento, dada a imensa capacidade subutilizada. Restaria a alternativa da exportação, não se desse o caso de o dólar permanecer muito sobrevalorizado, sobretudo em relação à moeda chinesa.
O país enfrenta a perspectiva de uma década de crescimento lento, sem que se veja como é que o estímulo da despesa pública poderá contribuir para alterar significativamente essa perspectiva.
A situação é inteiramente diversa na Europa, onde uma combinação de prudência orçamental nos países mais endividados com estímulos públicos nos países com folga para tal (principalmente a Alemanha e a Holanda) poderia produzir excelentes resultados.
Em vez disso, os dirigentes europeus preferem sacrificar no altar da deusa Austeridade e aguardar que os poderes ocultos que ela comanda façam o seu trabalho.
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22.7.10
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