26.1.12

Finalmente, somos a Grécia

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A escassa informação até agora disponibilizada permite concluir que, em 2011, a despesa do Estado terá ficado 1.713 milhões de euros abaixo do orçamentado, um valor duplo do gerado pelo imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal.

Caso para nos congratularmos? Bem pelo contrário. A consequência imediata deste sonho húmido de "ir para além da troika" foi uma brusca contração económica que resultou na rápida redução dos impostos cobrados no final do ano. Resultado (previsto por qualquer pessoa racional): não só não se reduziu o défice público como se precipitou o país numa nova recessão que, por sua vez, voltará a fazer baixar as receitas fiscais. o que justificará mais austeridade, e assim sucessivamente.

Tal como o Capitão Ahab do romance Moby Dick, também Vítor Gaspar poderia exclamar: "Todos os meus meios são racionais, apenas os meus motivos e os meus propósitos são tresloucados."
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2 comentários:

António Parente disse...

Não concordo com a sua análise. Está a comparar despesa e receita efectiva com o que foi orçamentado. Basta sobre ou suborçamentar as despesas/receitas (veja no relatório da UTAO o que se diz com as despesas com pessoal e com as contribuições para a CGA, por exemplo) e a análise fica enviesada. Se comparar a CGE de 2010 c0m a execução de 2011 não me parece que seja tão taxativo.

Além disso, não teve em atenção os factores de incerteza que o relatório da UTAO foca: por exemplo, a quem foram dados 600 milhões de euros que podem afectar o défice ou não? À CGD? A outra instituição fora do perímetro das administrações públicas?

A UTAO escreve no relatório que houve um excesso de prudência nalgumas previsões e eu concordo com isso. Justificava-se essa prudência? Essa é a grande questão.

O seu post perde por explorar apenas um resultado, sem o enquadrar nem apontar os factores que o condicionaram.

Atritos disse...

Em certas coisas, como perseguições, estamos pior que a Grécia.
Falo dos "Atritos"