5.2.12

A mensagem do senhor presidente

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Imaginem que houve uma mudança de direção na empresa em que trabalham. Há natural expectativa em relação ao que fará o novo presidente. A maioria das pessoas gostava do anterior, mas, ao cabo de tantos anos, reconhece que talvez fosse altura de mudar.

Nos corredores e no espaço onde se encontram para tomar café, especulam sobre o que irá acontecer. Já alguém o viu? Os diretores que falaram com ele contaram alguma coisa? Vai haver mudanças na estrutura? Haverá nomeações na calha?

Ninguém parece saber o que pensa ao certo o novo presidente, mas fala-se muito. Há grandes expectativas quanto ao que poderá acontecer. Cada qual faz propaganda das suas próprias ideias sobre que transformações deveriam ser introduzidas. Mas todos dão por adquirido que o homem traz consigo novas ideias e que não tardará a divulgá-las.

Um belo dia, a ordem chega por email: o senhor presidente mandou apagar o corretor instalado em todos os computadores pessoais e proibiu o uso da nova ortografia em todos os documentos de serviço.

Que impacto supõem que isto terá? Como irão os colaboradores interpretar esta decisão? Que sinal deu o chefe às tropas com esse email?

Todos considerarão que, recém-empossado nas suas novas funções, o que mais preocupa o senhor presidente, a sua máxima prioridade, é valer-se do poder de que agora desfruta ao serviço de numa cruzada pessoal em que os quadros da empresa serão meros joguetes.

O que o entusiasma não é renovar a instituição, animá-la a cumprir a sua missão com um entusiasmo renovado, mobilizar toda a gente para prestar um bom serviço à comunidade. A ortografia tem precedência sobre tudo o resto.

O senhor presidente não passa, todos o compreenderam, de um tiranete caquético. Uma semana depois de entrar ao serviço conseguiu desmoralizar definitiva e irremediavelmente todos os que têm a infelicidade de se encontrar sob a sua pata e persuadi-los de que os próximos anos se contarão entre os mais infelizes e inúteis de toda a sua vida profissional.

Que tristeza.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Mas o Herman José já lhe deu uma ajudinha e levou-o ao seu programa para ouvirmos mais umas parvoices!
Já não chegava o Nico, agora também o Herman anda com eles às costas!...