31.10.12

Sem crescimento não há saída

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As pessoas que ficaram um bocadinho atrapalhadas com o meu artigo da semana passada no Negócios podem reduzir os seus níveis de ansiedade escutando a entrevista do Emanuel Santos na TSF.

Mas, é claro, não há nada como ler o livro.
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28.10.12

Uma conversa sobre despesa, dívida e Montalegre

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22.10.12

Lana del Rey: Ride

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20.10.12

A alternativa é: vai trabalhar, malandro

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Ninguém quer agora eleições e muito poucos acreditam que um Presidente descredibilizado tenha capacidade e vontade para tomar a iniciativa de promover a formação de um governo alternativo a este.

Talvez por isso, ouve-se agora em meios que ainda alimentam alguma simpatia pela coligação a sugestão de que, para além de uma urgente remodelação, o governo deveria apostar numa nova postura de firmeza negocial perante a troika, numa inversão de cento e oitenta graus em relação àquela que foi a sua prática ao longo de quase um ano e meio.

As últimas declarações de Passos Coelho na Roménia e na Bélgica, que ontem e hoje escutámos incrédulos, liquidaram liminarmente a ilusão de que esse caminho possa ser viável.

Um homem que até aos 47 anos viveu de expedientes necessariamente vai para o governo fazer o que se habituou a fazer, ou seja nada. Basicamente, o país elegeu em 2011 um penteado e uma voz bem colocada. Ainda ontem, ouvimo-lo ler num inglês impecável um texto de que não entendia uma palavra, algo que se tornou evidente quando, minutos volvidos, prontamente se desdisse no período de respostas aos jornalistas.

Interrogado sobre a nova posição do FMI, apressou-se a dar-nos conta de que o Sr. Selassie já tivera ocasião de esclarecer que esse entendimento é equivocado. Um dia mais tarde, na cimeira europeia, dessolidarizou-se não só da Grécia, da Irlanda, da Espanha, da Itália e de Malta, como também da França que, nos últimos dias, saiu em auxílio de Portugal.

Este vergonhoso comportamento tem um nome que, estou certo, veio à mente de todos os portugueses que o escutaram.

As participações do renegado Passos nas reuniões de Bucareste e Bruxelas reflectem a sua total indisponibilidade para representar os interesses do país perante a UE, o BCE, o FMI ou qualquer outro bicho que lhe arreganhe os dentes.
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17.10.12

Tranquilamente esperando o pior

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16.10.12

Criar postos de trabalho

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"I had no idea, when we started the company, what the capital gains tax rate was" 

Em "I am a job creator", James Kwack desmonta em três tempos a retórica interesseira que tece loas ao empreendedorismo sem ter a mínima ideia do que está a falar.

Leiam, aprendam e divirtam-se.
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15.10.12

35 mil milhões

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Informam-me hoje vãrios órgãos de comunicação - do JN à Bola - que os portugueses mantêm ainda em casa 35 mil milhões de escudos, um número colossal que não pode deixar de impressionar.

Poderiamos dizer antes 35 milhões de contos, mas reparem como já não nos choca tanto. A reacção de muitos tenderá a ser: "Queixam-se que são pobres, mas depois têm uma fortuna em casa e nem se dão ao trabalho de trocar os escudos por euros". Faz sentido, não faz?

Só que uma continha muito simples revela-nos que 35 milhões de contos a dividir por 10,9 milhões de habitantes dá apenas 3.200$ por pessoa, ou 16 € na nova moeda. Dito assim, já não parece tanto.

Esse dinheiro estará na sua maior parte perdido. Pessoas muito velhas, já sem capacidade para cuidarem dos seus haveres, esqueceram-se de umas quantas notas no fundo de umas gavetas, e quem quer que tenha herdado as suas parcas posses jamais as encontrou.

Trinta e cinco milhões de contos (175 milhões de euros) ainda é dinheiro, mas a sua recuperação custaria decerto muito mais. Os grandes números fazem-nos muita confusão.
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13.10.12

Uma fraude



Pinto Monteiro afirma taxativamente no Expresso de hoje: “O processo Freeport é uma fraude”, cuja sustentação probatória se resumiu a “uma carta anónima e uma senhora que ouviu uma conversa no café”. De seguida, sugere que a equipa de investigação andou a brincar connosco durante uma década e conclui ensinando-nos que este foi o terceiro processo mais caro de sempre em Portugal.

Na minha inocência, julgava eu que uma fraude é um crime e que um crime deveria ser investigado e punido. Mas, se o ex-PGR assim não pensa, estarei decerto equivocado.
É claro que esta trama, cuja origem Monteiro parece atribuir ao facto de haver “magistrados a fazer política”, só pôde fazer o seu percurso por uma conjugação de cobardias individuais e colectivas de que a pusilanimidade do entrevistado é exemplo.

A propósito de cobardia, eu tenderia a pensar que “O processo Freeport é uma fraude” daria um apelativo título de primeira página. Não foi, esse, porém, o entendimento da direcção do Expresso – e quem sou eu para a criticar?

12.10.12

Gente talentosa

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1. Os explicadores profissionais das tolices que o governo faz já esclareceram que a opção de aumentar a taxação directa em lugar da indirecta no proximo ano pretende evitar a quebra das receitas agora verificada, dado que as pessoas podem contrair o consumo mas não reduzem o seu rendimento. Assim sendo, a execução orçamental estará mais controlada para o ano e o objectivo de redução do défice será confortavelmente cumprido.

Custa-me a crer que alguém acredite nesta fábula. O cataclismo em preparação estrangulará o mercado interno, arruinará muitas empresas e multiplicará o desemprego. Muitas pessoas ficarão sem meios de subsistência, logo deixarão de pagar impostos sobre o rendimento.

O resultado será, pois, similar àquele que experimentámos em 2012: miséria crescente para nada, pois que, no final, quer o défice  quer o endividamento acabarão por aumentar.

2. Alguém (quem seria?) teve a ideia de pôr uma pessoa respeitável a falar em nome do CDS, fazendo-nos esquecer por momentos que o partido é composto em 95% por uma absurda garotada que por aí se agita agarrada às fraldas do Dr. Portas.

A novidade substancial da entrevista de Pires de Lima foi o recurso a alguns sound-bytes congeminados pela central de contra-informação do partido e que, na boca de uma pessoa séria, caem muito mal. A ideia por ele transmitida foi, em suma, que vivemos em "troikadura" e que, contra isso, batatas. Por caridade lembrarei apenas que esse regime vigora vai já para ano e meio e que, de início, foi saudado como uma libertação pelos parceiros de coligação.

A lealdade ao líder e ao partido é louvável, mas deveria ter por limite o respeito pelo país e por si próprio.

3. Outra personalidade muito comovida pelos sucessos mais recentes da governação é o Dr. Bagão Félix, que, a esse respeito, inventou também algumas frases bombáticas, modalidade em que o seu partido só tem concorrente no Dr. Louçã.

Sucede que, para além da exaltação, Félix tem ideias (que, infelizmente, não teve tempo para aplicar naquela época não muito distante em que conviveu de perto com o deve e o haver da máquina do estado). Abre-se ansiosamente o melão - e o que de lá sai? Ora, nada mais que uma proposta genérica de liquidação de vagos institutos e de extinção de fantasmáticos gabinetes governamentais.

Isto é conversa que estamos podres de escutar no táxi e no Fórum da TSF, mas um ex-Ministro das Finanças não pode esperar debitar tais calinadas e safar-se impunemente sem se comprometer com números concretos que permitam avaliar a sensatez das suas recomendações para remendar o défice público. Tenha juízo, Dr. Félix.
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10.10.12

Genuflexão ou resistência

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"Arrependa-se dos seus pecados e reze dez Ave-Marias e cinco Padre-Nossos." "Mas, senhor Padre, eu quero ir a Fátima a pé e dar vinte voltas de joelhos à Capela das Aparições ". É isto o que significa ir além da "troika".

O resto do meu artigo no Negócios de ontem pode ser lido aqui.
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Como um dia a internet transformará a política


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8.10.12

Trabalho infantil

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O Jornal de Negócios publica hoje uma entrevista com Catarina Quaresma Ferreira, gestora do Fundo BPI Portugal.

A menos que se tenham enganado na fotografia (ver acima), fico com a impressão que a Catarina é ainda uma criança.

Ora, embora eu não duvide que a Catarina tenha sido uma excelente aluna na universidade e que se destaque por características singulares de conhecimento e inteligência, estou sempre à espera que alguém a quem é atribuída a responsabilidade de gerir uma carteira de larguíssimos milhões de euros disponha também da maturidade que só o tempo confere.

Como investidor, a constatação de que nem sempre será assim deixa-me um nadinha nervoso.
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